Futuros Residentes, a Síndrome do olho vermelho é uma queixa comum na prática ambulatorial e há várias outras patologias que podemos pensar além da conjuntivite. Com este material vocês terão uma noção de como será a abordagem inicial e quais são os sinais de alarme para um possível encaminhamento ao especialista. Vem com a gente!
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Características gerais da Síndrome do Olho Vermelho
A vermelhidão nos olhos é uma emergência oftalmológica comum, principalmente por se tratar de uma área altamente sensível. É uma síndrome que pode causar coceira, sensibilidade à luz, lacrimejamento, irritação, queimação, visão embaçada e dor.
Mesmo com os poucos dados epidemiológicos sobre o olho vermelho, a conjuntivite (alérgica ou viral) é, provavelmente, a causa mais comum desse acometimento na comunidade. Entretanto, podem ocorrer diversas outras condições mais graves.
Avaliação inicial da Síndrome do olho vermelho
- Apresenta vermelhidão em ambos os olhos ou apenas um?
- Existe sensação de corpo estranho?
- Há dificuldade em manter o olho aberto?
- Houve trauma?
- Existe fotofobia?
- A visão foi afetada?
- Existe secreção?
- Usa lentes de contato?
- Como o paciente está em geral?
Exame Físico
O Exame geral é sempre a primeira e mais importante avaliação do profissional. Nesse caso, deve incluir cabeça e pescoço em busca de sinais de perturbações associadas, como infecção do trato respiratório superior, rinite alérgica, exantema zoster, dentre outros.
Para a realização de um exame oftalmológico mais apropriado deve envolver uma medida formal de acuidade visual e geralmente requer uma lanterna, coloração com fluoresceína e lâmpada de fenda.
Nesse momento faz-se importante colher o histórico, que é baseado nos antecedentes oftalmológicos, na saúde em geral e no uso de medicamentos e colírios.
Causas e etiologias
Uma patologia razoavelmente frequente e que gera bastante aflição por deixar toda a região do olho avermelhada é a hiposfagma ou hemorragia conjuntival. Isto é, um pequeno vaso que rompeu e gerou uma hemorragia local. Por ser no olho gera grande receio, mas a conjuntiva mesmo absorve com duas semanas, em média. Um outro acometimento é a episclerite, ou seja, uma inflamação na episclera e é mais comum em mulheres. A queixa é baseada em um desconforto, mas com visão preservada tendo como tratamento um anti-inflamatório não esteroidal (AINE) ou corticóide tópico por 7 a 14 dias.
Um outro problema de caráter mais grave é a eslerite, pois o paciente irá alegar que acordou por conta da dor. Nesse caso, fica o alerta do primeiro sintoma digno de URGÊNCIA, dor.
Uveíte – uma das causas de PANUVEÍTE no Brasil é a toxoplasmose. É um acometimento do olho como um todo. E aqui fica nossa atenção para mais um sinal de URGÊNCIA, baixa de visão.
Blefarite – o sinal clínico é como umas “caspas” na pálpebra, causando inflamação. Possui duas causas e o tratamento é baseado na higienização da pálpebra e compressa morna. Pode levar ao hordéolo que é o “teçol”, onde é uma glândula que inflamou. Tratamento é compressa morna e algum corticóide e antibiótico tópico por até 7 dias.
Ceratite herpética – é um diagnóstico direcionado ao especialista pois para identificar faz-se necessário um colírio específico. Acometimento unilateral.
Ceratite infecciosa – infecção notória inclusive à olho nu é muito comum em uso irregular de lentes de contato.
Agora iremos citar a patologia que mais leva a sintomatologia do olho vermelho, a conjuntivite, tendo seus principais sinais:
- Hiperemia;
- Edema palpebral e da conjuntiva;
- Hemorragia conjuntival;
- Lacrimejamento;
- Secreção
E os principais sintomas que chamam atenção:
- Prurido;
- Ardência;
- Sensação de corpo estranho;
- Fotofobia;
- Visão borrada.
Primordialmente, conjuntivite baseia-se na inflamação da conjuntiva, podendo ocorrer em qualquer grupo etário, sem predileção por sexo. Se baseia em três causas principais, são elas: bacteriana, viral (mais comum) e alérgica.
O contágio da viral naturalmente é o contato direto, normalmente com as mãos. Ação que pode levar ao contágio do outro olho ou o olho de outra pessoa. Existe uma complicação importante chamada pseudomembrana, pode estar presente tanto na conjuntiva superior quanto na conjuntiva inferior e seu tratamento precisa ser a retirada. O surgimento dessa membrana é a causa mais relevante para a prescrição do corticoide. Ademais, os cuidados são os básicos de higiene local, compressas frias e colírio lubrificante se houver desconforto.
Atenção! O colírio de corticóide usado por tempo prolongado pode desenvolver catarata ou glaucoma, portanto faz-se necessário um cuidado em sua prescrição.
A conjuntivite bacteriana tem a presença de pus em sua apresentação. Ficar atento a não resposta da antibioticoterapia em pacientes sexualmente ativos, pois pode se tratar de uma IST.
Já a conjuntivite mais comum em crianças e pré-adolescentes, que apresenta piora na primavera, são aquelas de caráter alérgico pois são característicos em pacientes atópicos, isto é, com rinite alérgica, dermatite de contato, bronquite, dentre outros. O sintoma de destaque é a quemose, ou seja, o edema da conjuntiva. Além disso, o prurido estar bem presente. Nesse caso, a parte principal do tratamento é fazer o controle dos alérgenos bem como antialérgicos e corticoide fraco.
Sinais de alerta
Os achados a seguir requerem um cuidado especial:
- Dor súbita e grave e vômito
- Exantema zóster
- Diminuição da acuidade visual
- Úlcera de córnea
- Ramificação, lesão da córnea dendrítica
- Pressão ocular > 40 mmHg
- Ineficácia do colírio de fenilefrina
Exames
Normalmente são dispensáveis. Culturas virais podem ajudar se houver suspeita de herpes simples ou herpes-zóster quando o diagnóstico não estiver clinicamente esclarecido. Gonioscopia é realizada em pacientes com glaucoma. Testes para as doenças autoimunes podem ser úteis em pacientes com uveíte e sem nenhuma causa óbvia, como trauma.
Tratamento do Síndrome do olho vermelho
Diante dos exemplos dados podemos concluir que o tratamento se baseia na causa, porém o olho vermelho em si não requer tratamento. Vasoconstritores tópicos não são recomendados.
Pontos-chave do conteúdo
- Os casos, em maioria, trata-se de uma conjuntivite.
- Dor e fotofobia verdadeira sugerem outros diagnósticos mais graves.
- Em pacientes com dor, o exame com a lâmpada de fenda com fluoresceína e tonometria são fundamentais.
- A persistência de dor, apesar de um anestésico ocular de um paciente com um exame de fluoresceína normal, sugere uveíte anterior, esclerite ou glaucoma agudo de ângulo fechado.
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