Apenas ao passarmos poucos minutos assistindo televisão veremos diversas propagandas e suplementos comentando sobre a grande importância da vitamina D e como adquirir melhores níveis desse hormônio.
Todavia, sua importância nas provas não se correlaciona com o número de informações que temos a respeito desse assunto no mundo real. Dessa forma, o texto a seguir explorará tudo que o você, candidato, terá que saber para ir bem em sua prova! Leia o texto e aprenda conosco.
Navegue pelo conteúdo
Fisiologia da vitamina D
A vitamina D, apesar do nome, é um hormônio. Trata-se de um importante regulador do metabolismo mineral ósseo e da homeostase do cálcio. Dessa maneira, junto ao paratôrmonio (PTH) é o regulador desse cátion tão crucial para a vida humana.
Primeiramente, devemos nos lembrar que cerca de 10% a 20% da vitamina D do nosso corpo é adquirida através da alimentação. As principais fontes desse hormônio são peixes de água fria, ovos e carnes diversas. O restante de 80% a 90% são produzidos por nossas células por intermédio da degradação de moléculas de colesterol quando somos expostos à luz solar. Esse fenômeno ocorre em células da nossa pele.
Após a transformação de colesterol em vitamina D inativa ou a ingesta dela, o corpo precisa transformar esse substrato no hormônio ativo. Sua forma ativa é a (1,25)-dihidroxivitamina D.
A primeira etapa ocorre no fígado com os hepatócitos através da enzima 25-hidroxilase formando a 25-hidroxivitamina D, ou também conhecida como calcidiol.
Já a segunda etapa ocorre nas células renais por intermédio da enzima 1-alfa-hidroxilase, formando o calcitriol – forma ativa da vitamina D.
É importante entender todo esse processo, pois podemos ver populações que estariam em risco de níveis baixos de vitamina D, seja pela absorção intestinal, função hepática, função renal ou até por exposição solar reduzida.
Analisando os valores de vitamina D
Ainda não há um consenso sobre a quantidade de vitamina D que deve ser ingerida por dia para manutenção hábitos saudáveis. Os valores preconizados pelas principais sociedades no tema dizem que:
- Acima de 600 UI/dia em todas as idades
- Algo em torno de 800 UI/dia a 1000 UI/dia se idade acima de 65 anos
Como não há uma diretriz única, dificilmente se cobrará o valor exato. Contudo, é importante ter em mente que quanto maior idade maior a dose que iremos recomendar. E também que em pacientes com algum fator de risco para má absorção, como cirurgia bariátrica, possamos recomendar doses que vão até 2000 UI/dia.
Além das recomendações quanto a ingesta, devemos orientar sobre os valores séricos normais de vitamina D. Geralmente, dosamos os valores de calcidiol por ser o metabólito que mais fielmente representa o nível de vitamina D no corpo.
Valores acima de 20 ng/ml ou 30 ng/ml são considerados adequados pelas principais sociedades endocrinológicas do mundo.
Grupos de risco para baixa vitamina D
A hipovitaminose D é uma condição, na qual pode ocorrer durante o desenvolvimento humano, gerando um quadro clínico denominado raquitismo, bem como pode gerar quadros clínicos mais tardios, o que chamamos de osteomalácia. A principal diferença entre esses dois quadros clínicos é o quanto eles afetam o desenvolvimento ósseo, por isso, a osteomalácia ocorre em populações de maior idade.
Os principais grupos de risco para hipovitaminose D são:
- Idosos acima de 60 anos;
- Gestantes e lactantes;
- Osteoporose;
- Doença renal crônica;
- Síndromes de má absorção intestinal;
- Neoplasias malignas;
- Sarcopenia;
- Diabetes mellitus;
- Obesidade;
- Baixa exposição ao sol;
- Indivíduos com pele escura; e
- Uso de medicamentos como: anti retroviral, corticoterapia e anticonvulsivantes.
Deficiência de vitamina D
As principais etiologias responsáveis por deficiência de vitamina D se enquadram em sete grupos. Entretanto, podemos resumir que há deficiência verdadeira ou resistência periférica à sua ação.
- Baixa disponibilidade cutânea: exposição inadequada ao sol ou pele mais escura
- Disponibilidade prejudica: dieta reduzida ou síndromes disabsortivas
- 25-hidroxilação defeituosa: cirrose hepática ou doenças genéticas
- 1-alfa-hidroxilação defeituosa: doença renal crônica, hipoparatireoidismo ou doenças genéticas
- Redução de proteínas de ligação: síndrome nefrótica
- Aumento do catabolismo: induzido por medicamentos
- Resistência hereditária
Um fato importante a se ressaltar é a associação do uso sistemático de protetor solar e níveis mais baixos de vitamina D. Em estudos controlados, essa afirmação apresenta plausibilidade biológica. Contudo, em estudos de vida real, não há associação entre o uso de protetor solar e menores níveis séricos desse hormônio. Maiores estudos devem ser feitos para tal, mas, a princípio a recomendação de uso de protetor solar para proteção contra os cânceres de pele se mantém soberanas.
Diagnóstico e manejo de deficiência de vitamina D
O diagnóstico é laboratorial dos níveis de vitamina D. Como já dito anteriormente, a principal dosagem que devemos realizar é do calcidiol. Todavia, se suspeitamos de baixa ação da 1-alfa-hidroxilase devemos solicitar também o calcitriol diretamente.
Devemos solicitar o exame sempre que o paciente apresentar clínica compatível com hipocalcemia ou distúrbio mineral ósseo, bem como se ele pertencer aos grupos de risco já explorados.
Lembre-se sempre que associado aos déficits de vitamina D, devemos realizar a dosagem de cálcio, fósforo e PTH. Sem eles, o diagnóstico preciso não poderá ser feito.
Osteomalácia
A osteomalácia se configura como quadro de defeito na mineralização óssea em pacientes que apresentam a placa de crescimento fechada, portanto, de maior idade.
O principal quadro clínico desses pacientes é de dor óssea, fraqueza muscular proximal, fraturas, dificuldade de deambulação e parestesias.
O diagnóstico é clínico, laboratorial e radiológico. Dessa forma, devemos ter a suspeição clínica inicialmente. Posteriormente, encontramos um quadro de hipovitaminose D que se configura com hipocalcemia e um hiperparatireoidismo secundário. O aumento do paratormônio irá resultar em desmineralização óssea na tentativa de manter uma normocalcemia. As alterações radiológicas mais clássicas são: aumento da radiotransparência óssea e o afinamento do osso cortical.
O tratamento da osteomalácia deve ser direcionado para a causa base da doença, ou seja, com reposição dos íons cálcio, fósforo e reposição de vitamina D.
Aprendeu tudo sobre o metabolismo da vitamina D, futuro residente? Para mais conteúdo como esse e um enorme banco de questões, acesse o nosso site e faça parte da nossa turma!
Referências bibliográficas
• Sistema endocrinológico ósseo