Quer estudar sobre delirium, síndrome psiquiátrica bastante presente na prática clínica? Veja este artigo que o Estratégia MED preparou para você!
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Dicas do Estratégia MED para provas
Caso precise focar nos principais pontos sobre esse assunto, sugerimos que tenha maior atenção nos seguintes pontos:
- Quadro clínico do delirium
- Fatores de risco
- Diagnóstico do delirium
Definição da doença
Delirium é uma síndrome neuropsiquiátrica grave, que abrange distúrbios da consciência e rebaixamento cognitivo. Seu início é agudo, acompanhado de alterações do ciclo sono-vigília.
Epidemiologia e fisiopatologia do delirium
Dentro do âmbito hospitalar, o delirium acomete cerca de 10 a 80% dos casos na admissão, sendo que as taxas mais altas são entre aqueles pacientes que são admitidos em unidades de terapia intensiva.
A presença de delirium associa-se a maiores morbidade e mortalidade, maior tempo de internação, mais perda funcional, além de aumentar o risco de declínio cognitivo e demência, de maneira que seu diagnóstico precoce é fundamental para evitar os piores desfechos.
Existem fatores de risco que predispõem a ocorrência de delirium e outros que desencadeiam sua ocorrência. Quanto mais presentes os fatores de risco, menor o fator precipitante necessário para seu surgimento.
Os principais fatores de risco para desenvolver essa síndrome são:
- Idade acima de 65 anos,
- Déficit cognitivo prévio;
- Delirium anterior;
- Insuficiência renal, hepática, cardíaca;
- Estados carenciais e distúrbios metabólicos;
- Lesões nos núcleos da base;
- Procedimentos cirúrgicos;
- Isolamento social, perda auditiva, visual, síndrome de imobilidade; e
- Polifarmácia, uso de benzodiazepínicos, dependência de substâncias, quimioterapia.
Os principais fatores precipitantes são lesões ou eventos que envolvem o sistema nervoso central, como trauma, convulsões, acidente vascular encefálico, distúrbios metabólicos como anemia, hipo ou hiperglicemia e distúrbios hidroeletrolíticos, infecções, neoplasia, entre outros.
O delirium é uma desordem global da função cerebral, que leva à desregulação metabólica do funcionamento do sistema nervoso central, afetando a neurotransmissão dopaminérgica, histaminérgica e colinérgica.
Manifestações clínicas do delirium
Os sinais e sintomas do delirium são variados, entretanto, é importante a presença do comprometimento da atenção e alteração da consciência. Pode haver desorientação global, perda de memória, desorganização do pensamento, alucinações, alterações de atividade psicomotora. O ciclo sono-vigília se altera, com sonolência diurna e agitação noturna.
Diagnóstico de delirium
O delirium exige um exame cuidadoso, tanto para sua identificação, quanto para identificar seu fator desencadeante. Dessa forma, inicialmente deve ser feita uma anamnese com paciente, familiares e cuidadores, além de exame físico completo, com intuito de se encontrar desidratação, insuficiência orgânica ou sinais de infecção.
Levantada a hipótese diagnóstica de delirium é preciso prosseguir com a investigação diagnóstica, com exame psíquico do paciente e testes cognitivos, como miniexame do estado mental.
Em pacientes críticos, um teste importante para o diagnóstico de delirium é o CAM-ICU – Confusion Assessment Method in a Intensive Care Unit -, que envolve um formulário padronizado de fácil aplicação à beira leito.
Os critérios diagnósticos de delirium conforme o DSM-V são os seguintes:
- Perturbação da atenção (i.e., capacidade reduzida para direcionar, focalizar, manter e mudar a atenção) e da consciência (menor orientação para o ambiente);
- A perturbação se desenvolve em um período breve de tempo (normalmente de horas a poucos dias), representa uma mudança da atenção e da consciência basais e tende a oscilar quanto à gravidade ao longo de um dia.
- Perturbação adicional na cognição (p. ex., déficit de memória, desorientação, linguagem, capacidade visuoespacial ou percepção);
- As perturbações dos Critérios A e C não são mais bem explicadas por outro transtorno neurocognitivo preexistente, estabelecido ou em desenvolvimento e não ocorrem no contexto de um nível gravemente diminuído de estimulação, como no coma; e
- Há evidências a partir da história, do exame físico ou de achados laboratoriais de que a perturbação é uma consequência fisiológica direta de outra condição médica, intoxicação ou abstinência de substância (i.e., devido a uma droga de abuso ou a um medicamento), de exposição a uma toxina ou de que ela se deva a múltiplas etiologias.
No que tange aos exames complementares, sempre é preciso solicitar hemograma, sódio, potássio, ureia, creatinina, cálcio iônico, glicose, eletrocardiograma, radiografia de tórax, gasometria arterial e urina tipo I.
Além disso, é possível pedir outros exames, de acordo com a suspeita da causa de base do delirium, tais como hemocultura, função e enzimas hepáticas, análise de líquor, tomografia de crânio, entre outros.
Tratamento do delirium
O manejo do delirium é bastante complexo e contempla tratamento não farmacológico e farmacológico. Como exemplo do primeiro, é necessário monitorizar o paciente, remover objetos perigosos próximos, permitir visitas de familiares, manter o ambiente calmo e silencioso, prover nutrição adequada, hidratar o paciente, possibilitar o uso de lentes corretivas e aparelhos de audição, entre outros.
Quanto ao tratamento farmacológico, seu objetivo é reduzir o desconforto do paciente, para que as causas de base do delirium possam ser tratadas concomitantemente.
Dessa maneira, não tratamos aqui do tratamento da etiologia do delirium, visto que para isso é preciso identificar o fator predisponente e fazer a correção deste conforme cada caso.
Como primeira linha de medicamentos, utiliza-se haloperidol em doses de 0,5 a 1 mg, duas a três vezes por dia. Além disso, pode-se utilizar antipsicóticos atípicos, como olanzapina, risperidona e quetiapina.
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Veja também:
Referências bibliográficas:
- Compêndio de clínica psiquiátrica/ editores Orestes Vicente Forlenza,Euripedes Constantino Miguel.- Barueri, SP : Manole, 2012.
- Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais [recurso eletrônico] : DSM-5 / [American Psychiatric Association ; tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento… et al.] ; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli … [et al.]. – 5. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre: Artmed, 2014.
- Delirium – Versão de Profissionais da Saúde