Brasil estabelece meta de 70% de aleitamento materno exclusivo até 2030: confira os principais dados sobre a prática
Estratégia Med | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Brasil estabelece meta de 70% de aleitamento materno exclusivo até 2030: confira os principais dados sobre a prática

O objetivo estabelecido é que o país alcance a meta 70% na primeira hora de vida, 70% nos primeiros seis meses (de forma exclusiva), 80% no primeiro ano e 60% aos dois anos de vida

O Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI), realizado entre fevereiro de 2019 e março de 2020, fornece uma visão detalhada sobre o aleitamento materno no Brasil. Coordenado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e encomendado pelo Ministério da Saúde, o estudo analisou práticas alimentares de crianças menores de 5 anos em todo o país. De acordo com os resultados, a prevalência de aleitamento materno exclusivo entre crianças menores de 6 meses era de 45,8%. O governo brasileiro estabeleceu a meta de aumentar esse índice para 70% até 2030.

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Dados do ENANI

Segundo o ENANI, a prevalência de aleitamento materno exclusivo entre crianças menores de 6 meses no Brasil era de 45,8% em 2019. Embora este índice ainda não tenha alcançado a meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo próprio governo brasileiro, ele representa um progresso significativo quando comparado a décadas anteriores. Em 1986, por exemplo, apenas 3% dos bebês eram amamentados exclusivamente ao seio até os 6 meses.

Em 1970, a média de duração da amamentação no país era de apenas dois meses e meio. Conforme os dados do ENANI, em 2019 esse tempo subiu para 16 meses (um ano e quatro meses).

Importância do aleitamento materno exclusivo na saúde infantil e materna

A amamentação exclusiva até os 6 meses de idade é reconhecida mundialmente como a forma mais eficaz de garantir a saúde e o desenvolvimento infantil. O leite materno é rico em nutrientes essenciais e anticorpos que protegem os bebês contra doenças comuns, como diarreia e infecções respiratórias, que são as principais causas de morte entre recém-nascidos. 

Além disso, a amamentação também oferece benefícios significativos para a saúde da mulher, como a redução do risco de desenvolver câncer de mama e de ovário.

O Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) fortalece os benefícios da prática: “Dentre as principais destaca-se o fato de que a criança amamentada ao seio estará protegida contra alergias graves e infecções, fortalecendo-se com os anticorpos da mãe e evitando problemas como diarreias, pneumonias, otites e meningites. Além disso, a amamentação favorece o desenvolvimento dos ossos e fortalece os músculos da face, facilitando o desenvolvimento da fala, regulando a respiração e prevenindo problemas na dentição”.

Aleitamento materno exclusivo até 2030

A OMS recomenda que, até 2025, pelo menos 50% das crianças menores de 6 meses sejam amamentadas exclusivamente pelo seio. A expectativa do governo brasileiro é que esse índice chegue a 70% até 2030.

De acordo com o Ministério da Saúde, o índice de amamentação na primeira hora de vida é de 62,4%. Já a taxa de amamentação exclusiva no Brasil é de 45,8% nos primeiros seis meses, de 52,1% aos 12 meses e de 35,5% aos 24 meses de vida.

Seguindo as metas da OMS para 2030, o objetivo estabelecido é que o país alcance a meta 70% na primeira hora de vida, 70% nos primeiros seis meses (de forma exclusiva), 80% no primeiro ano e 60% aos dois anos de vida.

Essa meta é parte de um esforço contínuo para melhorar a saúde pública, reduzir a mortalidade infantil e promover o desenvolvimento saudável das crianças. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, enfatizou a importância desse objetivo, destacando o Brasil como uma referência global em saúde pública. “O Brasil é referência naquilo que a saúde pública mais sabe fazer: unir conhecimento científico, gestão e mobilização social”.

Desafios e perspectivas para o futuro

Embora os dados do ENANI-2019 mostrem um avanço no aleitamento materno no Brasil, ainda há desafios significativos a serem superados. Um dos desafios destacados pelo estudo é a prática da amamentação cruzada, em que uma em cada cinco mães brasileiras amamentou o filho de outra pessoa ou permitiu que seu filho fosse amamentado por outra mulher.

A prática é mais comum na região Norte, com 34,8%, e entre mulheres pretas (24,8%) e pardas (23,7%). No Sudeste, a prevalência é de 21,3%, no Nordeste é de 20,3%, no Centro-Oeste é de 18,7%, no Sul é de 12,5% e entre mulheres brancas é de 15,5%. Essa prática, embora tradicional em algumas regiões, é contraindicada pelo Ministério da Saúde devido ao risco de transmissão de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST).

Outro desafio é a baixa taxa de doação de leite materno para bancos de leite humano (BLH), que foi de apenas 4,8% entre as mães de crianças com menos de dois anos de idade. A doação de leite é fundamental para apoiar bebês prematuros e outras crianças que, por algum motivo, não podem ser amamentadas por suas mães.

Sobre o ENANI

O ENANI-2019 é a primeira pesquisa de alcance nacional a avaliar simultaneamente diversas questões relacionadas à nutrição infantil em crianças menores de 5 anos. O estudo aborda práticas de aleitamento materno, alimentação complementar, consumo alimentar individual, estado nutricional e deficiências de micronutrientes, incluindo ferro e vitamina A. O estudo foi realizado entre fevereiro de 2019 e março de 2020, e envolveu 14.558 crianças em 123 municípios brasileiros.

A pesquisa foi encomendado pelo Ministério da Saúde e coordenado pelo Instituto de Nutrição Josué de Castro da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e a Universidade Federal Fluminense (UFF), com financiamento da Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

ENANI 2024

O Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil – edição de 2024 (ENANI-2024) está sendo conduzido pelo Ministério da Saúde, em parceria com a UFRJ, e visitará 15 mil famílias em todo o Brasil. O estudo ainda está em fase de desenvolvimento, portanto, não há uma data definida para sua publicação.

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