Segundo apuração realizada pelo jornal Estadão, o Ministério da Educação (MEC) está preparando uma reformulação no modelo de avaliação dos cursos de Medicina e de outras graduações da área da saúde. A proposta prevê mudanças significativas nas visitas de avaliadores às instituições de ensino, com foco na análise da formação prática dos estudantes.
A principal mudança será a exigência de um exame mais criterioso da atuação dos alunos nos três níveis de atenção à saúde — atenção primária, em postos de saúde; secundária, em ambulatórios e maternidades; e terciária, em hospitais. A avaliação também deve levar em conta a proporção de docentes por aluno nas atividades práticas, o início do contato com o sistema de saúde e se a formação abrange todas as áreas essenciais da Medicina. Práticas em laboratório e aulas de anatomia também terão maior peso.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pelas avaliações, confirmou que as bases da nova avaliação foram elaboradas por uma comissão de especialistas e que o documento deve ser submetido à consulta pública ainda neste semestre. O órgão também prevê avaliações simuladas e capacitação dos avaliadores antes da adoção definitiva das novas diretrizes.
Hoje, as visitas in loco — avaliações de instituições e cursos realizadas pelo MEC — são padronizadas e não consideram as particularidades de cada área. Cursos como Medicina e Direito, por exemplo, seguem os mesmos critérios, mesmo com diferenças entre seus currículos. No caso da Medicina, a verificação se restringe à existência de convênios com o SUS, sem analisar como esses acordos são aplicados na prática.