A notificação compulsória é um mecanismo vital na vigilância epidemiológica, representando uma ferramenta imprescindível para a saúde pública. Este processo envolve a comunicação obrigatória à autoridade de saúde por médicos, profissionais de saúde ou responsáveis por estabelecimentos de saúde, tanto públicos quanto privados, sobre a ocorrência de suspeita ou confirmação de doenças, agravos ou eventos de saúde pública. Essas notificações podem ser realizadas de forma imediata ou semanal.
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Como é realizada a notificação
A notificação é realizada por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), que é o principal banco de dados para o registro e investigação de casos de doenças e agravos listados na relação nacional de notificação compulsória. Além das doenças e agravos estipulados nacionalmente, estados e municípios têm a liberdade de incluir outros problemas de saúde que considerem relevantes para sua região.
Importância do Sinan na vigilância epidemiológica
O uso efetivo do Sinan possibilita um diagnóstico dinâmico da ocorrência de eventos de saúde na população. Este sistema fornece subsídios para explicações causais dos agravos de notificação compulsória e indica riscos aos quais as pessoas estão expostas. Assim, o Sinan contribui significativamente para a identificação da realidade epidemiológica de áreas geográficas específicas.
O uso sistemático e descentralizado do Sinan promove também a democratização da informação, permitindo que todos os profissionais de saúde tenham acesso a dados cruciais e possam disponibilizá-los para a comunidade. Este acesso à informação é um instrumento para auxiliar no planejamento de saúde, definir prioridades de intervenção e avaliar o impacto dessas intervenções. A disponibilidade de dados epidemiológicos atualizados e precisos é usado para a tomada de decisões informadas e para a implementação de políticas públicas eficazes.
Doenças de notificação compulsória: critérios para inclusão na lista
Para que uma doença ou agravo seja incorporado à lista de notificação compulsória, é essencial avaliar diversos aspectos que indicam riscos significativos à saúde pública. Entre esses aspectos, destacam-se o potencial para causar surtos ou epidemias, a presença de doenças ou agravos de causa desconhecida e alterações no padrão clínico-epidemiológico de doenças já conhecidas.
Além disso, outros fatores críticos incluem o potencial de disseminação da doença, sua magnitude, gravidade, severidade e transcendência. A vulnerabilidade da população afetada também é um critério importante, pois determina a necessidade de respostas rápidas e eficazes das autoridades de saúde para prevenir e controlar possíveis crises sanitárias.
Lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública
Nº | DOENÇA OU AGRAVO (Ordem alfabética) | Imediata (até 24 horas) para* | MS | SES | SMS | Semanal |
---|---|---|---|---|---|---|
1a | Acidente de trabalho com exposição a material biológico | X | ||||
1b | Acidente de trabalho | X | ||||
2 | Acidente por animal peçonheno | X | ||||
3 | Acidente por animal potencialmente transmissor da raiva | X | ||||
4 | Botulismo | X | X | X | X | |
5 | Câncer relacionado ao trabalho | X | ||||
6 | Cólera | X | X | X | X | |
7 | Coqueluche | X | X | |||
8 | Covid-19 | X | X | X | X | |
9a | Dengue – Casos | X | ||||
9b | Dengue – Óbitos | X | X | X | X | |
10 | Dermatose ocupacionais | X | ||||
11 | Difteria | X | X | |||
12 | Distúrbio de voz relacionado ao trabalho | X | ||||
13a | Doença de Chagas Aguda | X | X | X | ||
13b | Doença de Chagas Crônica | X | ||||
14 | Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) | X | ||||
15 | Doença Falciforme | X | ||||
16a | Doença Invasiva por “Haemophilus Influenza” | X | X | X | ||
16b | Doença Meningocócica e outras meningites | X | X | X | ||
17 | Doenças com suspeita de disseminação intencional (Antraz pneumônico, Tularemia, Varíola) | X | X | X | X | |
18 | Doenças febris hemorrágicas emergentes/reemergentes (Arenavírus, Ebola, Marburg, Lassa, Febre purpúrica brasileira) | X | X | X | X | |
19a | Doença aguda pelo vírus Zika | X | ||||
19b | Doença aguda pelo vírus Zika em gestante | X | X | X | ||
19c | Óbito com suspeita de doença pelo vírus Zika | X | X | X | X | |
19d | Síndrome congênita associada à infecção pelo vírus Zika | X | ||||
20 | Esporotricose humana | X | ||||
21 | Esquistossomose | X | ||||
22 | Evento de Saúde Pública (ESP) que se constitua ameaça à saúde pública | X | X | X | X | |
23 | Eventos adversos graves ou óbitos pós vacinação | X | X | X | X | |
24 | Febre Amarela | X | X | X | X | |
25a | Febre de Chikungunya | X | ||||
25b | Febre de Chikungunya em áreas sem transmissão | X | X | X | X | |
25c | Óbito com suspeita de Febre de Chikungunya | X | X | X | X | |
26 | Febre do Nilo Ocidental e outras arboviroses | X | X | X | X | |
27 | Febre Maculosa e outras Riquetisioses | X | X | X | X | |
28 | Febre Tifoide | X | X | X | ||
29 | Hanseníase | X | ||||
30 | Hantavirose | X | X | X | X | |
31 | Hepatites virais | X | ||||
32 | Infecção pelo vírus da hepatite B em gestante, parturiente ou puérpera e Criança exposta ao risco de transmissão vertical da hepatite B | X | ||||
33 | HIV/AIDS – Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida | X | ||||
34 | Infecção pelo HIV em gestante, parturiente ou puérpera e Criança exposta ao risco de transmissão vertical do HIV | X | ||||
35 | Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) | X | ||||
36 | Infecção pelo Vírus Linfotrópico de Células T Humanas (HTLV) | X | ||||
37 | Infecção pelo HTLV em gestante, parturiente ou puérpera e Criança exposta ao risco de transmissão vertical do HTLV | X | ||||
38 | Influenza humana produzida por novo subtipo viral | X | X | X | X | |
39 | Intoxicação Exógena (por substâncias químicas, incluindo agrotóxicos, gases tóxicos e metais pesados) | X | ||||
40 | Leishmaniose Tegumentar Americana | X | ||||
41 | Leishmaniose Visceral | X | ||||
42 | Leptospirose | X | ||||
43 | Lesões por Esforços Repetitivos/ Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT) | X | ||||
44a | Malária na região amazônica | X | ||||
44b | Malária na região extra-Amazônica | X | X | X | X | |
45 | Monkeypox (varíola dos macacos) | X | X | X | X | |
46a | Óbito Infantil | X | ||||
46b | Óbito Materno | X | ||||
47 | Perda Auditiva relacionada ao trabalho | X | ||||
48 | Pneumoconioses relacionadas ao trabalho | X | ||||
49 | Peste | X | X | X | X | |
50 | Poliomielite por poliovírus selvagem | X | X | X | X | |
51 | Raiva humana | X | X | X | X | |
52 | Síndrome da Rubéola Congênita | X | X | X | X | |
53 | Doenças Exantemáticas (Sarampo, Rubéola) | X | X | X | X | |
54 | Sífilis (Adquirida, Congênita, Em gestante) | X | ||||
55 | Síndrome da Paralisia Flácida Aguda | X | X | X | X | |
56 | Síndrome Inflamatória Multissistêmica em Adultos (SIM-A) associada à covid-19 | X | X | X | X | |
57 | Síndrome Inflamatória Multissitêmica Pediátrica (SIM-P) associada à covid-19 | X | X | X | X | |
58 | Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) associada a Coronavírus (SARSCoV, MERS- CoV, ARS-CoV-2) | X | X | X | X | |
59 | Síndrome Gripal suspeita de covid-19 | X | X | X | X | |
60 | Tétano (Acidental, Neonatal) | X | ||||
61 | Toxoplasmose gestacional e congênita | X | ||||
62 | Transtornos mentais relacionados ao trabalho | X | ||||
63 | Tuberculose | X | ||||
64 | Varicela – caso grave internado ou óbito | X | X | |||
65a | Violência doméstica e/ou outras violências | X | ||||
65b | Violência sexual e tentativa de suicídio | X | X |
A lista de agravos de notificação foi atualizada em 2025 por meio da Portaria GM/MS Nº 6.734, de 18 de março de 2024. Clique no botão abaixo para conferir o documento:
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