Ministério da Saúde alerta sobre transmissão do vírus Oropouche
Brasília (DF), 11/10/2023, Prédio do Ministério da Saúde, na Esplanada dos MInistérios em Brasília. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Ministério da Saúde alerta sobre transmissão do vírus Oropouche

As recomendações de monitoramento tem como base os novos achados sobre a possibilidade de transmissão vertical do OROV

O Ministério da Saúde, através da Nota Técnica Nº 15/2024-SVSA/MS, publicada em 11 de julho de 2024, emitiu novas diretrizes para intensificar a vigilância da transmissão vertical do vírus Oropouche (OROV) no Brasil. Este documento foi elaborado em conjunto pela Coordenação-Geral de Laboratórios de Saúde Pública (CGLAB), o Instituto Evandro Chagas (IEC) e o Departamento de Doenças Tropicais (DEDT) da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA). Confira o documento com a Nota Técnica na íntegra clicando no botão abaixo:

Recomendações

Com base em novos achados sobre a possibilidade de transmissão vertical do OROV, a Nota Técnica recomenda que as equipes de vigilância de estados e municípios intensifiquem as ações de monitoramento das gestantes com suspeita de arboviroses e dos desfechos das gestações. Isso inclui a coleta de amostras e o preenchimento de fichas de notificação para garantir um acompanhamento detalhado. Além disso, são sugeridas medidas de proteção para gestantes, como evitar áreas com alta presença de insetos, usar roupas que cubram a maior parte do corpo, aplicar repelente nas áreas expostas da pele, e manter a limpeza de áreas residenciais e locais de criação de animais.

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Evidências de transmissão vertical

Estudos recentes realizados pela Seção de Arbovirologia e Febres Hemorrágicas do Instituto Evandro Chagas (SEARB/IEC/SVSA/MS) revelaram a possibilidade de transmissão vertical do OROV, ou seja, da mãe para o bebê durante a gestação. Em análises retrospectivas de amostras de soro e líquor armazenadas, foram detectados anticorpos da classe IgM contra o OROV em quatro recém-nascidos com microcefalia, indicando a ocorrência de transmissão vertical. Essa é uma evidência de que ocorre transmissão vertical do OROV, mas as limitações do estudo não permitem estabelecer uma relação causal entre a infecção intrauterina por OROV e malformações neurológicas nos bebês.

Além disso, em julho de 2024, foi identificado material genético do OROV em um caso de óbito fetal de 30 semanas de gestação, com o vírus presente em diversos órgãos fetais, incluindo tecido cerebral, fígado, rins, pulmões, coração e baço. Essa é uma evidência da ocorrência de transmissão vertical do vírus. Análises laboratoriais, epidemiológicas e clínicas estão em andamento para concluir e classificar este caso.

Confira mais informações sobre a Febre Oropouche e seus impactos na Saúde Pública

Aumento da detecção de casos de febre do Oropouche

A detecção de casos de febre do Oropouche (FO) no país aumentou significativamente a partir de 2023, devido à descentralização do diagnóstico molecular para os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACEN). Até a Semana Epidemiológica 27 de 2024, foram confirmados 7.044 casos de FO em 16 Unidades Federativas, evidenciando uma disseminação inédita da doença, anteriormente concentrada na Região Norte. A descentralização permitiu a identificação de casos em regiões onde a doença não era previamente registrada, ampliando a visibilidade e o controle da FO no Brasil.

Características clínicas

O vírus Oropouche, transmitido por insetos como maruins e mosquitos, provoca uma doença aguda caracterizada por sintomas como febre de início súbito, cefaléia (dor de cabeça), mialgia (dor muscular) e artralgia (dor articular). Outras manifestações também foram relatadas, como tontura, dor retro-ocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos.

Os sintomas duram de 2 a 7 dias e, embora a maioria das pessoas tenha uma evolução benigna e sem sequelas, parte dos pacientes pode apresentar recorrência dos sintomas após 1 a 2 semanas. Atualmente, não existem terapias específicas ou vacinas para a FO; o tratamento é focado no alívio dos sintomas e na prevenção através da redução das populações de vetores e uso de repelentes.

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