Ministério da Saúde determina notificação imediata de intoxicações por metanol
Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante entrevista a respeito dos casos de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol. Foto: José Cruz/Agência Brasil

Ministério da Saúde determina notificação imediata de intoxicações por metanol

Somente em setembro foi registrada quase metade da média anual de casos de intoxicação por metanol no Brasil

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou em coletiva de imprensa nesta terça-feira (30) que todos os casos suspeitos de intoxicação por metanol devem ser notificados de forma imediata. A decisão foi tomada após o registro de dez ocorrências desde o início de setembro, sendo três delas fatais, todas no estado de São Paulo.

Padilha destacou que a notificação deve ocorrer mesmo antes da confirmação diagnóstica. “Não precisa aguardar o fechamento do diagnóstico para fazer a notificação”, disse em coletiva ao lado do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski.

Como será feita a notificação

Os registros serão encaminhados aos Centros de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs), presentes em todos os estados. A estratégia, segundo o ministro, permitirá identificar com maior rapidez possíveis surtos em outras regiões e comportamentos clínicos ou epidemiológicos atípicos. O acompanhamento é realizado diariamente pelo Ministério da Saúde, em parceria com a Polícia Federal e o Ministério da Justiça.

A recomendação vale para todas as unidades, especialmente aquelas ligadas à urgência e emergência. Pacientes que relatem ingestão de bebidas alcoólicas de origem desconhecida e apresentem sintomas compatíveis já devem ser considerados casos suspeitos e notificados.

“Qualquer pessoa que procure um serviço de saúde relatando sinais e sintomas e que tem uma história de ingesta de bebida alcoólica, sobretudo de origem não conhecida. Não é uma coisa que ela comprou e abriu em casa, viu o lacre. Em geral, é em um ambiente comercial fora de casa, uma festa de outra pessoa, um ambiente de lazer. Já é um caso suspeito e já deve ser notificado.”

Ministro da Saúde, Alexandre Padilha

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Entenda o caso

O aumento das notificações está relacionado aos recentes casos de ingestão de bebidas alcoólicas adulteradas com metanol, a princípio, em São Paulo. A substância é utilizada como insumo industrial, especialmente na fabricação de solventes, adesivos, pisos, revestimentos e combustíveis. Sua produção e comercialização são rigidamente reguladas, mas o consumo humano, mesmo em pequenas doses, pode ser letal.

O Ministério da Saúde informou que apenas em setembro foi registrada quase metade da média anual de casos de intoxicação por metanol no Brasil — cerca de 20, segundo a série histórica de notificações no Sistema Único de Saúde (SUS).

O que é bebida alcoólica adulterada

Considera-se adulterada a bebida que não atende ao padrão legal definido pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), seja pela adição, retirada, substituição ou modificação indevida de ingredientes. Essas alterações podem induzir o consumidor ao erro e representar riscos graves à saúde.

Intoxicação por metanol

O metanol (CH₃OH) integra o grupo dos chamados “álcoois tóxicos”, ao lado de compostos como etilenoglicol, dietilenoglicol e isopropanol. Além do uso industrial, pode ser encontrado em produtos domésticos, como limpadores de para-brisas, solventes, perfumes, fluidos de copiadoras e combustíveis.

Os episódios de intoxicação podem ocorrer de forma acidental, intencional ou em contextos coletivos, quando há contaminação de bebidas. A gravidade está associada à conversão metabólica do metanol em formaldeído e ácido fórmico, substâncias responsáveis pelos efeitos tóxicos sistêmicos.

O manejo clínico varia desde monitorização laboratorial até terapias específicas, como uso de fomepizol ou etanol, além da indicação frequente de diálise.

Saiba mais sobre em: Resumo sobre Intoxicação por Metanol: definição, manifestações clínicas e mais

Sintomas e sinais de alerta

A intoxicação por metanol é considerada uma emergência médica de extrema gravidade. Os sintomas incluem:

  • Visão turva, podendo evoluir para perda total da visão;
  • Náuseas, vômitos e dor abdominal; e
  • Mal-estar geral e sudorese.

Em casos graves, pode ocorrer cegueira irreversível ou morte. A identificação precoce e a notificação imediata são fundamentais para o manejo clínico e a prevenção de novos episódios.

Matéria com informações da Agência Brasil

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