A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou nesta segunda-feira (14) novas diretrizes recomendando o uso do lenacapavir injetável (LEN), um antirretroviral de ação prolongada, como opção de profilaxia pré-exposição (PrEP) contra o HIV. O anúncio ocorreu durante a 13ª Conferência da Sociedade Internacional de AIDS (IAS 2025) sobre Ciência do HIV, em Kigali, Ruanda.
A aplicação do lenacapavir se dará duas vezes por ano para o público-alvo e o injetável se soma às outras opções de PrEP já recomendadas pela OMS, compondo um portfólio crescente de estratégias de prevenção combinada. São outras opções de PrEP recomendadas pelo órgão:
- PrEP oral diária;
- Cabotegravir injetável; e
- Anel vaginal de dapivirina.
Segundo a OMS, trata-se de uma decisão histórica que pode reformular a resposta global à epidemia, oferecendo mais alternativas de proteção para populações vulneráveis.
Embora o LEN ainda esteja com acesso restrito fora de estudos clínicos, a OMS fez um apelo em nota oficial para que governos, financiadores e parceiros iniciem imediatamente a implementação do medicamento em seus programas nacionais, incluindo o monitoramento de adesão, aceitação e impacto populacional.
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Lenacapavir injetável (LEN)
O lenacapavir é o primeiro medicamento de PrEP injetável com aplicação semestral recomendado pela OMS. A formulação oferece uma alternativa altamente eficaz e duradoura em comparação aos esquemas tradicionais, como os comprimidos orais diários e outras opções de ação mais curta.
Com apenas duas doses por ano, o LEN prevê um avanço no tratamento especialmente para pessoas que enfrentam desafios relacionados à adesão diária, barreiras de acesso aos serviços de saúde ou estigma social.
“Embora ainda não exista vacina contra o HIV, o lenacapavir é a melhor alternativa disponível, tendo demonstrado em ensaios clínicos a capacidade de prevenir quase todas as infecções por HIV em indivíduos sob risco elevado”.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS
Testagem simplificada
Outra novidade das diretrizes propostas pela OMS na conferência anual é a recomendação para adoção de testagem simplificada de HIV, com uso de testes rápidos, a fim de viabilizar a oferta de PrEP injetável de longa ação, como o lenacapavir e cabotegravir (CAB-LA), em farmácias, clínicas e serviços de teleatendimento.
Essa mudança elimina a exigência de procedimentos laboratoriais mais complexos e onerosos, ampliando o acesso às profilaxias injetáveis para populações-chave e contextos de recursos limitados.
Outras atualizações nas diretrizes da OMS na IAS 2025
Além das recomendações para PrEP, a OMS anunciou novos posicionamentos para o tratamento e manejo clínico do HIV:
- Cabotegravir e rilpivirina injetáveis (CAB/RPV): recomendados como alternativa de troca na terapia antirretroviral (TAR) para adultos e adolescentes que tenham atingido supressão viral completa com TAR oral e não apresentem infecção ativa por hepatite B.
- Integração de serviços: recomendação para inclusão de serviços de HIV junto a cuidados de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como hipertensão e diabetes, além de saúde mental (depressão, ansiedade e transtornos por uso de álcool) e intervenções de adesão à TAR.
- Manejo de ISTs assintomáticas: triagem recomendada para gonorreia e/ou clamídia em populações-chave e prioritárias, como parte de estratégias preventivas integradas.
- HIV e mpox (varíola dos macacos): início rápido de TAR para pessoas vivendo com HIV que apresentem mpox e estejam virgens de TAR ou com interrupção prolongada. Além disso, recomenda-se o teste precoce de HIV para todos os casos suspeitos ou confirmados de mpox, com reforço para testagem simultânea de sífilis.
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