Durante décadas, a medicina foi sinônimo de estabilidade financeira, reconhecimento social e garantia de trabalho. Bastava concluir a graduação que as portas do mercado se abriam com facilidade. Porém, essa realidade mudou — e mudou muito.
Com o crescimento exponencial do número de faculdades de medicina no Brasil desde os anos 2000, o mercado sofreu um impacto profundo. Enquanto a população brasileira cresce de forma cada vez mais lenta, o número de médicos formados dispara. O reflexo disso? Mais concorrência, redução da renda média, aumento da informalidade e, principalmente, a necessidade quase obrigatória de buscar uma especialização.
Para te ajudar nessa jornada, o professor especialista João Paulo Telles, coordenador do Estratégia MED, médico e residente em Neurologia na USP-SP, traz orientações práticas sobre como enfrentar esse novo cenário, além de dados que mostram por que o RQE (Registro de Qualificação de Especialista) se tornou o “novo CRM” no mercado atual.
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O que mudou na medicina brasileira?
Até cerca de 20 anos atrás, ser médico por si só já garantia uma renda confortável e uma carreira estável. O diploma de graduação era, muitas vezes, suficiente para conquistar bons salários e uma rotina de trabalho relativamente segura. As vagas de residência médica eram praticamente destinadas aos formandos das próprias universidades e o mercado tinha pouca concorrência.
No entanto, a abertura desenfreada de novas vagas em cursos de medicina gerou um aumento desproporcional de profissionais no mercado. E isso não acompanhou o crescimento da população.
De acordo com o estudo Demografia Médica no Brasil 2025, conduzido pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB) e o Ministério da Saúde, o país contabilizará cerca de 635,7 mil médicos em atividade até o fim de 2025 — correspondendo a 2,98 médicos por mil habitantes. As projeções indicam que, se a tendência atual continuar, em 2035 o Brasil terá aproximadamente 1.152.230 médicos, atingindo a marca de 5,25 profissionais por mil habitantes — ou seja, cerca de 1 médico para cada 190 pessoas.
Confira mais sobre a Demografia Médica 2025: Brasil terá 635 mil médicos até o fim do ano
A consequência? Desvalorização
Se em 2014 a renda média mensal de um médico era de R$ 35.000, em 2020 esse valor caiu para pouco mais de R$ 30.000. E isso sem considerar o efeito da inflação no período. Corrigindo pela inflação, a renda de 2014 deveria ser equivalente a R$ 51.000 em 2020. Na prática, houve uma perda real de 41% do poder de compra dos médicos em apenas seis anos.
O que antes era sinônimo de segurança hoje virou sinônimo de disputa. Plantões são repassados em segundos por aplicativos e grupos, com médicos recém-formados brigando por poucas oportunidades.
As opções no mercado sem residência
Quem não possui residência médica se depara, na prática, com quatro grandes caminhos no mercado:
- UPAs e prontos-socorros: plantões exaustivos, alto volume de pacientes, divisões de fichas e remuneração média de R$ 100 por hora, muitas vezes sem segurança trabalhista.
- Unidades Básicas de Saúde (UBS): consultas agendadas, menor pressão assistencial, mas remuneração bem mais baixa por hora.
- Saúde suplementar: clínicas populares e telemedicina com alta exigência de produtividade, limites rigorosos de tempo por atendimento e restrições para solicitação de exames.
- Áreas nichadas: transporte médico, regulação, perícia e telemedicina. Apesar de oferecerem menos exposição a situações de urgência, os salários são, em geral, similares aos das opções anteriores.
O RQE é o novo CRM
Diante desse cenário, surge uma frase cada vez mais verdadeira: “O RQE é o novo CRM”.
Enquanto o número de médicos formados cresce, o número de vagas de residência permanece praticamente estagnado. Isso ocorre porque oferecer residência exige:
- Infraestrutura: os hospitais de ensino precisam receber casos de alta complexidade e oferecer preceptoria qualificada.
- Investimento: a residência médica não é lucrativa para os hospitais, que precisam oferecer bolsas aos residentes ou solicitá-las ao MEC e, em troca, recebem menor produtividade comparado a serviços só com especialistas.
- Certificação: o MEC exige padrões rigorosos para conceder bolsas de residência.
Por isso, ter uma especialização deixou de ser um diferencial e se tornou uma necessidade para quem quer segurança financeira, estabilidade e menos concorrência no mercado médico.
Como se preparar para a residência médica?
Conciliar estudos com estágios e plantões é um grande desafio. Segundo o professor João Paulo Telles, isso só é possível com um material que respeite sua rotina e otimize seu tempo.
O Estratégia MED foi pensado exatamente para isso, oferecendo:
- Liberdade de estudo: todo o conteúdo liberado desde o início, para você estudar no seu ritmo.
- Foco nas provas: materiais baseados na análise das principais bancas, priorizando o que realmente cai.
- Formatos variados: resumos, livros digitais, vídeo-aulas, podcasts, flashcards e banco de questões comentadas.
- Mentorias personalizadas: com cronogramas de 1 ou 2 anos, análises de banca, listas de questões direcionadas e acompanhamento próximo.
Tudo pensado para quem precisa estudar com eficiência, mesmo com uma rotina puxada.
Confira abaixo o vídeo completo do professor João Paulo Telles, coordenador do Estratégia MED, com todas essas dicas e muito mais!
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