Saúde registra caso de anomalia congênita associada à febre Oropouche
Créditos: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Saúde registra caso de anomalia congênita associada à febre Oropouche

Pasta publicará em breve uma nota técnica com orientações sobre vigilância e cuidados para gestantes e recém-nascidos

Em nota à imprensa publicada na noite desta quinta-feira (8), o Ministério da Saúde confirmou o registro do caso de um bebê do estado do Acre com anomalias congênitas ligadas à transmissão vertical de febre Oropouche, que veio a falecer após 47 dias de seu nascimento. A mãe, de 33 anos, apresentou sintomas como erupções cutâneas e febre durante o segundo mês de gravidez, com exames realizados no pós-parto confirmando a presença do vírus.

Análises realizadas pelo Instituto Evandro Chagas (IEC/SVSA/MS), em Belém, identificaram material genético do Oropouche em diferentes tecidos do bebê, nascido com microcefalia, malformações das articulações e outras anomalias congênitas. Outras hipóteses diagnósticas foram descartadas, porém, a ligação direta entre a contaminação vertical pelo Oropouche e as anomalias congênitas ainda requer investigação mais aprofundada, que está sendo conduzida pelo Ministério da Saúde e pela Secretaria de Estado de Saúde do Acre.

Diante do ineditismo dos casos de transmissão vertical do vírus Oropouche, a ministra da pasta, Nísia Trindade, tem discutido o tema com especialistas e promoverá um seminário científico na próxima semana. Além disso, uma nota técnica atualizada será enviada aos estados e municípios com orientações sobre vigilância e cuidados para gestantes e recém-nascidos.

A detecção de casos de Oropouche aumentou no Brasil neste ano após a expansão dos testes diagnósticos para todos os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen), que passaram a testar para Oropouche os casos negativos para dengue, Zika e chikungunya. O Ministério da Saúde continua monitorando a situação em tempo real e lançará em breve o Plano Nacional de Enfrentamento às Arboviroses, incluindo o Oropouche.

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Casos de febre Oropouche no Brasil

Até 6 de agosto de 2024, foram registrados 7.497 casos de febre Oropouche em 23 estados brasileiros, com a maioria concentrada no Amazonas e em Rondônia. Dois óbitos foram confirmados na Bahia, envolvendo mulheres jovens sem comorbidades, que apresentaram sintomas semelhantes aos de dengue grave. Um óbito em Santa Catarina está em investigação e, o primeiro caso de óbito fetal por transmissão vertical da doença também foi confirmado.

Confira detalhes: Bahia tem duas mortes por febre oropouche; Saúde confirma primeiro óbito fetal

Pesquisas sobre febre Oropouche

O Ministério da Saúde criou três grupos de pesquisa em parceria com a Fiocruz, o Instituto Evandro Chagas e a Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado do Amazonas para estudar o vírus Oropouche, seu transmissor (Culicoides paraensis), o comportamento do vírus no organismo, bem como o acompanhamento de estudos científicos. Um grupo acompanha a linhagem e características genômicas do vírus, outro está focado nas manifestações clínicas dos pacientes, e o último no ciclo da doença em insetos transmissores.

Confira abaixo os casos confirmados e incidência (por 100.000 habitantes) de febre Oropouche entre as semanas 1 e 31, e 28 a 31 de 2024 no Brasil:

SE01 a SE 31SE28 a SE31
Região/UFCasos Confirmados (n)Coeficiente de IncidênciaCasos Confirmados (n)Coeficiente de Incidência
Norte5.53031,9180,1
Amazonas3.22781,900
Rondônia1.709108,100
Acre26531,900
Roraima24238182,8
Pará78100
Amapá7100
Tocantins20,100
Nordeste1.1142930,2
Bahia8426110,1
Pernambuco1091,2210,2
Ceará951,1550,6
Piauí280,900
Maranhão230,300
Sergipe100,560,3
Alagoas60,200
Paraíba1000
Rio Grande do Norte0000
Centro-Oeste180,100
Mato Grosso170,500
Mato Grosso do Sul10,0400
Goiás000
Distrito Federal000
Sudeste6640,8380
Espírito Santo43211,3371
Minas Gerais1480,700
Rio de Janeiro790,510
São Paulo50,0100
Sul1710,600
Santa Catarina1682,200
Paraná3000
Rio Grande do Sul0000
Brasil7.4973,71490,1

Orientações para prevenção e assistência

O Ministério da Saúde recomenda medidas para prevenir a exposição ao Oropouche, transmitido pelo Culicoides paraensis, conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Devido a sua predileção por materiais orgânicos, é recomendado que a população mantenha os quintais limpos, evitando o acúmulo de folhas e lixo orgânico doméstico.

Para proteção individual, sugere-se o uso de roupas compridas, sapatos fechados e repelentes nas áreas expostas do corpo, especialmente nas primeiras horas da manhã e ao final da tarde. Coletivamente, é importante manter terrenos e áreas de criação de animais limpos, recolher folhas e frutos caídos, e instalar telas de malha fina em portas e janelas.

É indicado a procura por uma Unidade de Saúde em caso de sintomas como febre súbita, dor de cabeça, muscular e nas articulações, tontura, dor retro-ocular, calafrios, fotofobia, náuseas e vômitos, especialmente durante o pré-natal.

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