Em evento realizado em Brasília/DF na última quarta-feira (10), o Ministério da Saúde confirmou que a vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR), incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) no início do ano, começará a ser aplicada na rede pública a partir da segunda quinzena de novembro de 2025. As primeiras 1,8 milhão de doses foram adquiridas em parceria com o Instituto Butantan e farmacêutica Pfizer, e serão distribuídas ainda este ano, com aplicação voltada a gestantes a partir da 28ª semana de gestação.
O VSR é responsável por 80% dos casos de bronquiolite e 60% das pneumonias em crianças menores de dois anos, além de estar associado a milhares de internações hospitalares anuais no Brasil. A estratégia do governo prevê não apenas a distribuição da vacina, mas também a produção nacional do imunizante, em cooperação entre o Instituto Butantan e a Pfizer, garantindo abastecimento contínuo ao Sistema Único de Saúde (SUS).
+ Resumo da Vacina contra VSR: atualização, indicação e mais!
Navegue pelo conteúdo
Linha do tempo da incorporação da vacina
- Fevereiro de 2025
– A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) recomenda duas novas tecnologias para enfrentar o VSR: o anticorpo monoclonal nirsevimabe, voltado a prematuros e crianças de até 2 anos com comorbidades, e a vacina recombinante, destinada a gestantes. Segundo o órgão, os estudos apontaram o potencial de prevenir 28 mil internações por ano.
– O Ministério da Saúde publica portaria oficializando a incorporação. A expectativa com o novo protocolo é de ampliar em 12 vezes a cobertura em relação ao tratamento anterior, até então restrito ao uso do palivizumabe, indicado apenas a recém-nascidos prematuros extremos ou crianças de até 2 anos portadoras de doença pulmonar crônica ou cardiopatia congênita grave.
- Setembro de 2025
– O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, assina o acordo de transferência de tecnologia entre o Instituto Butantan e a farmacêutica Pfizer, marco que permitirá a produção nacional da vacina. Segundo ele, o arranjo reforça a soberania do SUS, garante inovação e contribui para geração de emprego e renda no país. Além disso, as primeiras doses começam a ser aplicadas ainda em 2025.
Medicamento para esclerose múltipla
Durante o mesmo evento, o Ministério da Saúde também anunciou uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) para a produção nacional do natalizumabe, medicamento biológico usado no tratamento da esclerose múltipla na forma remitente-recorrente de alta atividade — que corresponde a cerca de 85% dos casos. O acordo prevê a transferência completa da tecnologia da farmacêutica Sandoz para o Instituto Butantan.
O SUS já oferta o natalizumabe desde 2020, mas atualmente há apenas uma empresa com registro na Anvisa. A produção nacional deverá ampliar a concorrência, reduzir vulnerabilidades na cadeia de fornecimento e garantir acesso contínuo ao tratamento. Estima-se que a esclerose múltipla afete 2,8 milhões de pessoas no mundo e cerca de 40 mil pacientes no Brasil, a maioria adultos jovens entre 18 e 55 anos.
Segundo o Ministério da Saúde, tanto a vacina contra o VSR quanto o natalizumabe fazem parte da agenda de fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, retomada em 2023, que busca reduzir a dependência do Brasil de insumos importados.