Resumo sobre a mitose: ciclo celular, alterações e mais!

Resumo sobre a mitose: ciclo celular, alterações e mais!

A mitose é a fase do ciclo celular que divide e replica as células somáticas, a partir do particionamento dos cromossomos replicados e componentes citoplasmáticos para produzir duas células-filhas.  

Confira os principais aspectos referentes aos aspectos  desta fase do ciclo celular, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

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Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à mitose.

  • A mitose é a fase do ciclo celular onde ocorre divisão e replicação de células somáticas. 
  • A mitose ocorre em fases consecutivas, reguladas por uma série de pontos de verificação: prófase, metáfase, anáfase e telófase. 
  • Apresenta erros frequentes e inúmeros sistemas de reparo. 
  • Quando todos esses sistemas falham, erros mitóticos tendem a causar alterações estruturais ou numéricas nos indivíduos afetados. 
  • A perpetuação de linhagens celulares imperfeitas e com crescimento desordenado formam os tumores benignos ou malignos. 

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Fases da mitose 

A mitose (fase M) é precedida pela fase S, onde ocorre a replicação do DNA. Há, ainda, entres eles as fases G (G1 e G2), nas quais não há síntese de DNA. Isto levou a dividir o ciclo celular das células somáticas em quatro fases sucessivas: Gl, S, G2 e M. 

A fase G2 é o tempo que transcorre entre o final da síntese de DNA e o começo da mitose, que dura em média 3 horas. O mais variável é o período G1, que pode durar dias, meses ou anos. As células que não se dividem, como as nervosas ou as do músculo esquelético, ou que se dividem pouco como os linfócitos, encontram-se no período G1. 

A mitose ocorre em fases consecutivas, reguladas por uma série de pontos de verificação que garantem que cada etapa seja concluída antes do início da próxima:

  • Prófase – Ocorrem os primeiros eventos da divisão, onde ocorre desestruturação do envoltório nuclear dos cromossomos e se condensam dramaticamente, produzindo um conjunto de cromátides-irmãs com centrômeros proeminentes. 
  • Metáfase – os cromossomos chegam a sua condensação máxima, o envelope nuclear começa a se decompor, o fuso mitótico se forma a partir de uma série de microtúbulos e os cromossomos, já se encontram no plano equatorial da célula. Acomodam-se de modo tal que as duas placas cinetocóricas de cada centrômero ficam orientadas para os pólos opostos da célula, “olhando” para os respectivos centrossomos. 
  • Anáfase – Uma vez que cada par de cromátides irmãs esteja totalmente ligado e alinhado no centro da célula na placa metafásica, com uma cromátide amarrada a cada polo, os cromossomos-filhos se dirigem para os pólos da célula.  
  • Telófase e citocinese – O fuso mitótico se decompõe, os cromossomos se descondensam, uma nova membrana nuclear se forma ao redor de cada conjunto de cromossomos-filhos e a membrana celular forma um sulco que separa as células-filhas em duas células separadas durante a citocinese. A citocinese, quer dizer, a partição do citoplasma, que inicia-se na anáfase. 
Fases da mitose. Crédito: Uptodate. 

Falha na mitose e sistema de reparo

Existe uma regulação rígida do processo de mitose para evitar qualquer erro no processo para que não ocorra formação de células defeituosas e, consequentemente, potencial de se reproduzir e passar este defeito para suas células-filhas.  

A existência de inúmeros sistemas de reparo é de extrema importância para evitar a replicação de alterações mitóticas, pois erros durante a fase M ocorrem com frequência. Em casos extremos, nos quais este sistema de reparo não é suficiente, a célula pode ser encaminhada para um processo complexo que resulta em apoptose, um mecanismo de morte celular programada. 

Alterações mitóticas ocorrem quando os erros resistem aos sistemas de reparo e conseguem replicá-los às células filhas. Alterações mitóticas tendem a produzir variantes cromossômicas estruturais ou numéricas. 

Por mais que o genótipo falho das células-filhas seja geralmente idêntico nas células somáticas, os destinos das células-filhas podem ser distintos, gerando divisões simétricas (criam duas células filhas relativamente semelhantes) e assimétricas (criam duas células-filhas com propriedades ou destinos diferentes). 

#Ponto importante: Mosaicismo é uma condição genética em que um indivíduo apresenta linhagens celulares somáticas com cariótipos diferentes. 

Alterações na mitose 

Alterações numéricas

A aneuploidia refere-se a uma alteração cromossômica numérica, onde pode haver uma cópia extra ou cópia ausente de um ou mais cromossomos. Na mitose, isso ocorre normalmente por meio de erros de ponto de verificação, atraso na anáfase ou mitose sem citocinese.  

As monossomias autossômicas, que representam a perda de um cromossomo autossômico, incompatíveis com a vida, a menos que sejam acompanhadas de mosaicismo.  

A trissomia  é uma alteração numérica em que há ganho de um cromossomo inteiro ou material cromossômico. Os exemplos clássicos são a trissomia 21 (síndrome de Down), trissomia 18 (síndrome de Edwards) e trissomia 13 (síndrome de Patau)

#Ponto importante:  A trissomia 21 é a única trissomia de um autossomo humano completo em que os indivíduos afetados frequentemente sobrevivem até a idade adulta. As outras os indivíduos podem sobreviver até o termo, mas a expectativa de vida é significativamente reduzida na maioria dos casos. 

Alterações estruturais

As alterações estruturais incluem deleção, duplicação, inversão e translocação. A deleção refere-se à perda de uma porção de um cromossomo, normalmente com muitos genes afetados. A duplicação ocorre quando uma região do cromossomo está presente duas vezes, resultando em cópias extras dos genes na região duplicada.  

Uma inversão cromossômica ocorre quando uma região de um cromossomo é extirpada e reinserida no cromossomo na orientação oposta ( se inverte 180°), por exemplo, uma mudança na ordem dos genes AB CD EF para AB DC EF. São denominadas pericêntrica quando o segmento afetado inclui o centrômero, e paracêntricas quando não o incluem. 

No caso de uma translocação cromossômica, ocorre quando se rompem dois cromossomos não homólogos e seus segmentos se interligam. Podem ser balanceadas, quando não há perda de material cromossômico, enquanto as desequilibradas podem estar associadas a ganhos ou perdas de material cromossômico. 

Quando a ruptura é registrada ao lado do centrômero, ambos os cromossomos podem se fundir e dar origem a um cromossomo metacêntrico maior, processo chamado de translocação robertsoniana. Ou seja, o braço longo de dois cromossomos acrocêntricos se ligam, e os braços curtos são perdidos. 

#Ponto importante: Um exemplo comumente usado deste último é a translocação associada à leucemia mielóide crônica (CML). Esta é uma translocação recíproca entre os cromossomos 9 e 22, referida como cromossomo Filadélfia, gera um novo gene de fusão BCR-ABL que codifica uma tirosina quinase hiperfuncional com atividade descontrolada que leva à expansão celular clonal desregulada

Câncer e a mitose

Quando os sistemas de reparo falham durante a mitose, incluindo a apoptose, permite a perpetuação de linhagens de células imperfeitas. Muitas vezes, estas células proliferam de modo desordenado dissociadas do tecido.

Como resultado desta proliferação desordenada, forma-se uma única massa de células denominada tumor. Em geral, o tumor é do tipo benigno e não traz grandes prejuízos ao organismo, podendo ser completamente removido cirurgicamente. 

No entanto, quando o tumor se desprende da lâmina basal e ganha potencial de invadir tecidos adjacentes é considerado maligno, chamado de câncer. Em alguns casos, estas células tumorais adquirem a capacidade de se desprender do tumor primário e entrar tanto na circulação sanguínea quanto na linfática, formando, assim, tumores secundários, distantes do local de formação do tumor original, caracterizando, deste modo, a denominada metástase. 

Esquemas mostrando o epitélio de um órgão tubular com a formação de um tumor benigno (circunscrito) e maligno (invasivo). Fonte: ALBERTS, B. et al, 2008.

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • ALBERTS, B.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K. & WALTER, P. Molecular Biology of the Cell. 5th Edition, New York, Garland, 2008.  
  • DE ROBERTIS, E. M. F.. De Robertis Bases da Biologia Celular e Molecular. 4 ed. Rio De Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.
  • Kurt Christensen, MPH, PhD; Peter J Hulick, MD, MMSc, FACMG. Basic genetics concepts: Chromosomes and cell division. Uptodate. 
  • Biologia Celular – Disciplinas USP.
  • Crédito da imagem em destaque: Pixabay
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