Navegue pelo conteúdo
Visão geral
A hidralazina é um vasodilatador arteriolar direto com pouco ou nenhum efeito sobre a circulação venosa, muito utilizado no cenário de urgência e emergência hipertensiva, principalmente em gestantes.
Ela também é uma droga utilizada no manejo ambulatorial de pacientes com hipertensão arterial sistêmica essencial (HAS) e em pacientes com insuficiência cardíaca, ambos utilizados quando outras drogas de segunda ou terceira linha quando as primeiras medidas não alcançam metas terapêuticas adequadas.
Indicações e dosagem
Oral
A hidralazina via oral na prática ambulatorial é usada na hipertensão essencial refratária a outros agentes terapêuticos, como IECA, BRA, antagonistas do canal de cálcio e diuréticos tiazídicos.
#Ponto importante: Segundo as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial 2020, os vasodilatadores diretos, como a hidralazina, podem ser adicionados como quinta droga, em pacientes com HAS refratária a combinação de três anti-hipertensivos de primeira associado à espironolactona.
Para tratar a hipertensão essencial, a dose diária habitual varia de 50 a 200mg, divididos em 2 a 3 vezes ao dia. Um esquema inicial recomendado é de 10 mg quatro vezes ao dia durante os primeiros 2 a 4 dias, depois aumentada para 25 mg quatro vezes ao dia para completar 1 semana de tratamento.
Em um subgrupo específico, formado por pacientes afro-americanos com insuficiência cardíaca grave (NYHA classe III e IV ) com fração de ejeção reduzida (ICFEr), estudos demonstraram que o uso de hidralazina em combinação com dinitrato de isossorbida demonstrou um benefício na mortalidade, embora estudos mais recentes tenham mostrado uma eficácia menos robusta.
Nesses casos, a American Heart Association e a diretriz da SBC continuam com a recomendação de inibidores da ECA e betabloqueadores como terapias de primeira linha.
A hidralazina é adicionada em casos de ICFEr estágio C refratários a medidas de primeira linha, em combinação com o dinitrato de isossorbida em dose inicial fixa recomendada de 37,5 mg de hidralazina e 20 mg de dinitrato de isossorbida 3 vezes ao dia, com uma dose máxima de 75 mg/ 40 mg por dose.
Emergência hipertensivas em adultos
Embora não seja um agente preferencial para emergências hipertensivas, a hidralazina IV é um vasodilatador arteriolar direto com pouco ou nenhum efeito sobre a circulação venosa, com bom potencial de diminuir a pressão arterial no contexto de urgência e emergência.
Os motivos para não serem drogas de primeira escolha são as poucas evidências de melhora nos resultados e mudanças na pressão arterial altamente variáveis e episódios adversos de hipotensão.
A dose nesses casos intramuscular ou endovenosa é de 10 a 20 mg a cada 4 a 6 horas conforme necessário, sendo a dose máxima recomendada pela maioria dos especialistas de 20 mg.
Hipertensão grave em gestantes
A hidralazina, juntamente com o labetalol, administrados por via intravenosa são considerados agentes de primeira linha para terapia aguda de hipertensão grave em em gestantes e durante o período pós-parto.
O esquema endovenoso habitual se inicia com dose de 5 ou 10 mg, via EV, com doses de 5 a 10 mg a cada 20 a 40 minutos se a PA continuar a exceder os limites, repetidos no máximo três vezes.
Se uma dose cumulativa total de 20 a 30 mg por evento de tratamento não atingir o controle ideal da pressão arterial ou a frequência cardíaca exceder 100 bpm, outro agente deve ser usado.
Efeitos adversos da hidralazina
Os efeitos colaterais mais comuns e significativos são cefaleia, flushing, taquicardia reflexa e, em doses elevadas, reação lupus-like. Além disso, seu uso pode também acarretar anorexia, náusea, vômito e diarreia.
Assim como outros vasodilatadores diretos, pode provocar retenção de sódio e água, com o aumento do volume circulante e da taquicardia reflexa.
Contraindicações
- Hipersensibilidade conhecida como medição ou componentes da fórmula.
- Doença arterial coronariana, devido à estimulação do sistema nervoso simpático pela hidralazina e aumento do débito cardíaco e da demanda de oxigênio.
- Doença cardíaca reumática da valva mitral.
Características farmacológicas da hidralazina
Farmacodinâmica
A hidralazina é um vasodilatador direto das arteríolas diminuindo a resistência vascular sistêmica, com quase nenhum efeito sobre a circulação venosa. Embora o mecanismo exato seja desconhecido, a vasodilatação arterial pode ocorrer através da inibição da liberação de cálcio do retículo sarcoplasmático e inibição da fosforilação da miosina nas células musculares lisas arteriais.
Farmacocinética
A hidralazina via oral é bem absorvida, com biodisponibilidade que varia de 30 a 70%, dependendo dos se é formulada com acetiladores lentos (requerem doses mais baixas) ou acetiladores rápidos.
Para administração oral, os efeitos de redução da pressão arterial ocorrem dentro de 20 a 30 minutos com uma duração total de 2 a 4 horas. Para administração intravenosa, os efeitos de redução da pressão arterial ocorrem dentro de 5 a 30 minutos com uma duração total de 2 a 6 horas.
A droga é metabolizada pelo fígado, sofrendo acetilação polimórfica. Tanto a droga acetilada quanto a droga inalterada são excretadas na urina e nas fezes, com meia vida de eliminação de cerca de 3 a 7 horas.
Veja também:
- Resumo sobre atenolol: indicações, farmacologia e mais!
- Resumo sobre Propranolol: indicações, farmacologia e mais!
- Resumo sobre sildenafil: indicações, farmacologia e mais!
- Tratamento da Insuficiência Cardíaca
Referências bibliográficas:
- Barroso WKS, Rodrigues CIS, Bortolotto LA, Mota-Gomes MA, Brandão AA, Feitosa ADM, Machado CA, et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arq. Bras. Cardiol. 2021;116(3):516-658. https://abccardiol.org/article/diretrizes-brasileiras-de-hipertensao-arterial-2020/
- Herman LL, Bruss ZS, Tivakaran VS. Hidralazina. [Atualizado em 5 de junho de 2022]. In: StatPearls [Internet]. Ilha do Tesouro (FL): StatPearls Publishing; 2022 Jan-. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK470296/
- Hydralazine: Drug information. Uptodate.
- Crédito da imagem em destaque: Pexels