A residência médica em Dermatologia da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (SCMSP) é reconhecida pela tradição acadêmica, pela grande diversidade de casos clínicos e pela forte integração com outras especialidades do hospital. Neste texto, você vai descobrir como é estruturado cada ano da residência, quais são os diferenciais do serviço e por que a SCMSP é uma das instituições mais procuradas do país. Continue a leitura e conheça em detalhes a rotina do programa!
Navegue pelo conteúdo
A residência em Dermatologia na SCMSP
A Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (SCMSP) é uma das instituições mais tradicionais da capital paulista, com mais de 460 anos de história. Entre suas áreas de destaque está a Dermatologia, que oferece tanto residência médica quanto especialização lato sensu — programas que compartilham o mesmo dia a dia, diferindo apenas na forma de ingresso. Na residência, o médico recebe bolsa; já na especialização, é necessário custear o programa.
O departamento de Dermatologia da Santa Casa disponibiliza duas vagas para residência médica e seis vagas para especialização. Apesar da diferença na forma de acesso, não há distinção na rotina prática ou teórica: todos os médicos passam pela mesma formação.
Para compreender melhor a rotina do programa de residência médica em Dermatologia da instituição, conversamos com a Dra. Beatriz Kobayashi, que está no segundo ano da especialização. Ela compartilhou detalhes sobre o funcionamento do serviço, a vivência prática e os diferenciais do programa, que possui a mesma rotina da especialização.
Estrutura do serviço de Dermatologia
O setor ocupa parte de um andar do hospital, com consultórios ambulatoriais, além de duas salas dedicadas a procedimentos dermatológicos. Nestes espaços são realizados atendimentos em cosmiatria, curetagens, biópsias e manejo de lesões benignas, como melanoses solares.
A estrutura é complementada pela integração com diversas áreas clínicas e cirúrgicas do hospital, o que garante ao residente contato precoce com diferentes especialidades.
O primeiro ano do programa (R1)
O R1 é marcado por uma carga importante de Clínica Médica geral. O residente cumpre estágios em enfermarias, pronto-socorro adulto e infantil, Infectologia, Reumatologia, Oncologia e Hematologia.
O pronto-socorro da Santa Casa, considerado o maior porta aberta da América Latina, é um dos cenários de maior aprendizado. Durante esse período, o residente também inicia sua experiência em Dermatologia, participando da triagem — primeiro contato com pacientes que chegam com queixas cutâneas.
O segundo ano (R2)
No R2, a carga de Clínica Médica diminui e a Dermatologia assume protagonismo. A triagem dermatológica passa a ser o eixo central: o residente descreve lesões, propõe hipóteses diagnósticas e define condutas iniciais, sempre discutindo com os supervisores.
Esse ano inclui ainda 35 dias de cirurgia dermatológica, contemplando desde consultas pré e pós-operatórias até procedimentos como biópsias, curetagens, eletrocauterizações e manejo de pequenas lesões. O contato com a oncologia cutânea também se intensifica.
O terceiro ano (R3)
O R3 é voltado para as subespecialidades. O residente assume responsabilidade em áreas como dermatologia hospitalar, pênfigo, lúpus e outras doenças complexas.
Além de acompanhar ambulatórios especializados, é ele quem responde pelas interconsultas hospitalares de pacientes internados em diferentes setores da Santa Casa. Também cabe ao R3 evoluir os pacientes dermatológicos acompanhados nas enfermarias.
A prática cirúrgica também se intensifica no R3, com 45 dias de treinamento em cirurgia. Os residentes realizam procedimentos como fusões, retirada de cistos, retalhos e enxertos.
O destaque vai para a cirurgia de Mohs, em que os residentes aprendem desde a marcação de margens até a análise histológica. Fellows acompanham os casos e auxiliam no treinamento, ampliando a experiência prática.
Dermatologia pediátrica e interconsultas
Na Pediatria, os residentes acompanham casos de pacientes com doenças dermatológicas graves, como dermatite atópica descompensada, geralmente em conjunto com outras especialidades devido à complexidade clínica.
O modelo predominante é o de interconsulta, em que a Dermatologia atua de forma integrada com Pediatria, Infectologia e Clínica Médica, reforçando o caráter multidisciplinar da formação.
Ambulatórios especializados
Durante a residência, há contato com uma ampla variedade de ambulatórios de subespecialidade, entre eles:
- Psoríase;
- Vitiligo;
- Alergias cutâneas;
- Fototerapia;
- Oncologia dermatológica;
- Alopécia; e
- Cosmiatria.
As atividades são mescladas ao longo da semana, o que possibilita uma visão abrangente dos diferentes campos da Dermatologia.
Cosmiatria e procedimentos estéticos
Como muitos candidatos se interessam pela Dermatologia por conta da cosmiatria, a formação da Santa Casa não deixa esse aspecto de lado. Os residentes participam de ambulatórios de acne, hidradenite supurativa, melasma, cicatrizes e queloides.
O laser é trabalhado especialmente no R3, quando o residente aprende parâmetros de uso e indicações. Já no R2, é possível realizar infiltrações em casos de hidradenite ou participar de procedimentos em conjunto com residentes mais experientes.
Rotina e carga horária
A rotina varia de acordo com o estágio. Em média, as atividades começam às 8h da manhã. Ambulatórios tendem a terminar mais cedo, enquanto estágios cirúrgicos ou de enfermaria podem se estender até a noite.
Na cirurgia, por exemplo, os residentes chegam mais cedo para preparar os pacientes e organizar o centro cirúrgico. Não há plantões noturnos durante a residência, mas alguns estágios podem incluir atividades nos fins de semana.
Atividades teóricas e reuniões acadêmicas
Embora a ênfase esteja na prática, a Santa Casa mantém uma sólida rotina acadêmica. Todos os dias, às 8h, há reuniões envolvendo os R3, que podem incluir apresentação de casos clínicos, discussões anatomopatológicas com o setor de Patologia e reuniões de atualização científica.
Além de garantir aprendizado, esses encontros funcionam como espaço de treinamento em apresentação e comunicação científica.
Volume de atendimentos
O grande fluxo de pacientes é um dos diferenciais da instituição. Em 2021, a Santa Casa registrou cerca de 395 mil atendimentos ambulatoriais em todas as especialidades.
Na Dermatologia, esse volume se reflete diretamente na formação: em determinados ambulatórios, como os de fototerapia, um residente pode atender até 30 pacientes por dia. O alto número de casos proporciona grande exposição clínica e diversidade de diagnósticos.
Quer saber ainda mais sobre o programa? Descubra com o bate-papo “Vida de Residente” entre a Professora Ana Luiza Viana e a Dra. Beatriz Kobayashi, que está no segundo ano da especialização em Dermatologia pela SCMSP, no vídeo abaixo:
Se você quer ficar por dentro de mais conteúdos relevantes sobre a área médica, continue acompanhando o material preparado pelo Portal de Notícias do Estratégia MED. Aqui, você encontrará informações atualizadas sobre residências, carreira médica e muito mais!