O transplante de órgãos e tecidos é uma das áreas mais complexas e inovadoras da Medicina. Além de demandar conhecimento técnico de altíssimo nível, os programas de residência médica na área formam especialistas preparados para lidar com pacientes em situações críticas, que necessitam de terapias avançadas para sobreviver ou recuperar qualidade de vida.
No Brasil, a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) aprova programas de diferentes áreas de atuação em transplantes, vinculadas a distintas especialidades médicas prévias como pré-requisito. Cada uma das áreas aprofunda o conhecimento teórico e prático do médico, preparando-o para atuar em equipes multiprofissionais, realizar procedimentos altamente especializados e acompanhar pacientes no pré e pós-transplante.
A seguir, você confere quais são os principais programas disponíveis para áreas de atuação em transplante, suas características e possibilidades de trabalho:
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Transplante de Medula Óssea
A área de Transplante de Medula Óssea é a única aprovada pela Com issão Mista de Especialidades e seu programa é regulamentado pela Resolução CNRM nº 65/2021. A residência na área possui duração de um ano e pode ser realizada após o médico finalizar o programa de Hematologia e Hemoterapia.
Durante a formação, o médico aprende a indicar, executar e acompanhar transplantes de células-tronco hematopoiéticas (alogênicos e autólogos), selecionar doadores, administrar quimioterapia de altas doses e manejar complicações frequentes, como infecções e doença do enxerto contra hospedeiro.
Além disso, o residente desenvolve habilidades para utilizar terapias celulares avançadas, como CAR-T Cell e linfócitos (DLI), realizar procedimentos de coleta e criopreservação e atuar no acompanhamento de longo prazo dos pacientes. Também faz parte do treinamento a produção científica e a participação em protocolos de pesquisa clínica.
Ao final do programa, o especialista está preparado para integrar equipes de centros transplantadores e contribuir com avanços em terapia celular e hematologia moderna.
Após a residência, ainda é necessário prestar a prova de Área de Atuação em Transplante de Medula Óssea, aplicada pela Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular.
De acordo com a Demografia Médica Brasileira 2025, há atualmente 233 médicos certificados em Transplante de Medula Óssea em atuação no país.
Transplante de Medula Óssea – Pediatria
Além do programa tradicional de Transplante de Medula Óssea, destinado a médicos especialistas em Hematologia e Hemoterapia, existe também a área de atuação em Transplante de Medula Óssea – Pediatria, voltada especificamente para os pediatras.
Nesse caso, após a residência em Pediatria, o médico pode ingressar nesse programa, que desenvolve as mesmas competências técnicas do transplante de células-tronco hematopoiéticas, mas com foco especial nos pacientes pediátricos. O objetivo é formar especialistas preparados para lidar com as particularidades do cuidado em crianças e adolescentes submetidos ao transplante, desde a indicação até o acompanhamento no pós-procedimento.
Transplante de Coração
O transplante cardíaco é indicado para pacientes em estágio terminal de insuficiência cardíaca ou com cardiopatias graves. O programa é voltado a médicos que já concluíram residência em Cardiologia ou em Cirurgia Cardiovascular — sendo necessário verificar no edital da instituição qual dos dois pré-requisitos é aceito para ingresso.
Durante a formação, o residente aprende a avaliar a indicação do transplante, preparar o paciente para o procedimento e realizar o acompanhamento no pós-operatório imediato e tardio. Entre os temas abordados estão a imunossupressão, a prevenção de rejeições, o manejo de complicações cardiovasculares associadas e os cuidados intensivos. A estrutura curricular pode variar conforme o enfoque dado pela instituição e a ênfase do pré-requisito (Cardiologia ou Cirurgia Cardiovascular).
Ao término do programa, o especialista está apto a atuar em centros de referência em transplante cardíaco, unidades de terapia intensiva e em serviços de cardiologia avançada, contribuindo para o tratamento de pacientes de alta complexidade.
Transplante – Pediatria
Voltado para médicos com residência em Pediatria, este programa com duração de um ano forma especialistas capazes de acompanhar crianças e adolescentes candidatos ou submetidos a transplantes de órgãos em geral para tratar doenças genéticas, congênitas, cânceres ou insuficiência de órgãos.
A residência aborda desde a seleção de pacientes e manejo de doenças pediátricas avançadas até o acompanhamento das complicações infecciosas e imunológicas no pós-transplante. O pediatra especialista em transplante atua lado a lado com equipes cirúrgicas e clínicas, garantindo uma abordagem integral e humanizada, especialmente em casos de alta complexidade.
Transplante de Córnea
Esse programa complementa a residência em Oftalmologia através de uma área de atuação com duração de um ano que capacita o médico para realizar procedimentos de transplante de córnea. A cirurgia é fundamental para pacientes com doenças corneanas graves que comprometem a visão.
A residência aborda técnicas cirúrgicas de transplante penetrante e lamelar, seleção de doadores, preservação e preparo do tecido corneano, além do manejo das complicações pós-operatórias, como rejeição e infecções.
O especialista atua em hospitais oftalmológicos, bancos de olhos e centros de referência em transplantes oculares.
Transplante de Fígado
O transplante hepático é uma das cirurgias mais complexas da Medicina. O programa tem duração de um ano e é direcionado a médicos que já completaram residência em uma das especialidades abaixo:
- Cirurgia do Aparelho Digestivo;
- Cirurgia Pediátrica;
- Gastroenterologia; ou
- Pediatria.
Durante a formação, o residente aprende a realizar o procedimento cirúrgico, selecionar pacientes, avaliar doadores e conduzir o acompanhamento clínico pós-transplante, a depender do enfoque do programa e seu pré-requisito. São abordadas complicações como rejeição, insuficiência hepática, infecções e distúrbios metabólicos.
O especialista atua em centros transplantadores e pode integrar equipes multidisciplinares que lidam com hepatopatias graves.
Transplante de Pâncreas
Direcionado a médicos especialistas em Cirurgia do Aparelho Digestivo, o programa em Transplante de Pâncreas tem duração de um ano e tem como foco o tratamento de pacientes com diabetes mellitus tipo 1 e complicações metabólicas graves.
Na residência, o médico aprende técnicas cirúrgicas específicas, avaliação de doadores e receptores, além do manejo clínico das complicações como trombose vascular, rejeição e infecções. O especialista atua em centros de alta complexidade, frequentemente associado a transplantes combinados, como pâncreas-rim.
Transplante de Pulmão
Voltado para médicos que já concluíram residência em Pneumologia ou Cirurgia Torácica, o programa de Transplante de Pulmão dura um ano e capacita o especialista a tratar pacientes com doenças pulmonares crônicas avançadas, como fibrose pulmonar e DPOC em estágio terminal.
O residente se aprofunda na seleção de candidatos, técnicas cirúrgicas e acompanhamento clínico no pós-transplante, a depender do foco imposto pelo pré-requisito exigido (Pneumologia ou Cirurgia Torácica). Também desenvolve competências para lidar com complicações frequentes, como rejeição crônica, infecções respiratórias graves e reabilitação pulmonar.
Transplante de Rim
O transplante renal é o tratamento definitivo para pacientes com insuficiência renal crônica em estágio terminal. A residência na área tem duração de um ano e, a depender da ênfase do centro formador e do programa, pode ser realizado por médicos com formação nas seguintes especialidades:
- Nefrologia;
- Pediatria; ou
- Urologia.
Dependendo do pré-requisito exigido, o residente pode aprender sobre a indicação do transplante, preparo de receptores e doadores (incluindo doador vivo e cadáver), técnicas cirúrgicas, imunossupressão, entre outras atividades. O manejo das complicações infecciosas, cardiovasculares e metabólicas também é parte essencial da formação.
O especialista pode atuar em centros transplantadores, clínicas de nefrologia, unidades de diálise e serviços de urologia avançada.
Vagas autorizadas e ocupadas em áreas de Transplante
Tem interesse em seguir carreira em uma das áreas de atuação em transplante? Confira abaixo o número de vagas autorizadas pela CNRM para cada programa, a quantidade de vagas ocupadas atualmente por residentes e o número de vagas ociosas em cada área.
ESPECIALIDADE | TOTAL AUTORIZADAS 2025 | TOTAL OCUPADAS 2025 | TOTAL OCIOSAS 2025 |
---|---|---|---|
Transplante – Pediatria | 7 | 0 | 7 |
Transplante de Coração – Cardiologia | 12 | 8 | 4 |
Transplante de Coração – Cirurgia Cardiovascular | 6 | 0 | 6 |
Transplante de Córnea – Oftalmologia | 29 | 17 | 12 |
Transplante de Fígado – Cirurgia do Aparelho Digestivo | 18 | 5 | 13 |
Transplante de Fígado – Cirurgia Pediátrica | 1 | 0 | 1 |
Transplante de Fígado – Gastroenterologia | 3 | 1 | 2 |
Transplante de Fígado – Pediatria | 2 | 1 | 1 |
Transplante de Medula Óssea | 52 | 30 | 22 |
Transplante de Medula Óssea – Pediatria | 2 | 5 | – |
Transplante de Pâncreas – Cirurgia do Aparelho Digestivo | 2 | 1 | 1 |
Transplante de Pulmão – Cirurgia Torácica | 2 | 2 | 0 |
Transplante de Pulmão – Pneumologia | 1 | 0 | 1 |
Transplante de Rim – Nefrologia | 31 | 20 | 11 |
Transplante de Rim – Pediatria | 6 | 0 | 6 |
Transplante de Rim – Urologia | 12 | 5 | 7 |
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