A hanseníase ainda é um desafio importante de saúde pública no Brasil. Mesmo sendo uma doença milenar, curável e com tratamento gratuito oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o país continua registrando milhares de casos por ano, sendo um dos países com maior incidência da doença no mundo. Nesse contexto, a Hansenologia se estabelece como uma área essencial dentro da medicina, com foco no diagnóstico, tratamento, prevenção e reabilitação de pacientes com hanseníase.
Neste artigo, você vai entender o que é a Hansenologia, qual é o papel do médico hansenologista, como funciona a residência médica na área, quais são os pré-requisitos, competências desenvolvidas, possibilidades de atuação e perspectivas de carreira.
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O que é Hansenologia
A Hansenologia é uma área de atuação médica voltada para o cuidado integral das pessoas acometidas pela hanseníase. Trata-se de uma especialidade clínica que exige conhecimentos aprofundados em Dermatologia, Neurologia, Infectologia, Clínica Médica, Epidemiologia, Medicina Preventiva e Medicina da Família. O objetivo principal é garantir o diagnóstico precoce, o tratamento adequado, o manejo das complicações e a reabilitação de pacientes, além de atuar na vigilância e prevenção da doença.
Essa área também contempla o combate ao estigma social associado à hanseníase, promovendo ações educativas e assistenciais que favoreçam a inclusão social dos pacientes e a redução das barreiras que dificultam o acesso ao diagnóstico e ao tratamento.
Confira também: Hanseníase: o que é, diagnóstico, tratamento e muito mais!
Áreas de Atuação para o profissional
O hansenologista é o médico especializado no cuidado de pessoas com hanseníase. Ele atua em todos os níveis de complexidade do sistema de saúde, com abordagens clínicas, cirúrgicas, preventivas, terapêuticas e reabilitadoras. Seu trabalho vai muito além do diagnóstico da doença: ele acompanha o paciente desde os primeiros sinais até a reabilitação, tratando complicações, prevenindo incapacidades e promovendo ações de vigilância e educação em saúde.
Entre as suas principais atribuições estão:
- Realizar exame clínico detalhado, incluindo avaliação da pele, nervos periféricos e sensibilidade cutânea;
- Solicitar e interpretar exames como baciloscopia, biópsia de pele e testes moleculares;
- Diagnosticar e tratar reações hansênicas (inflamatórias) e suas complicações;
- Manejar comorbidades, recidivas e efeitos adversos aos medicamentos;
- Tratar sequelas neurológicas e ortopédicas, como úlceras, dores neuropáticas e deformidades em mãos, pés e face;
- Orientar o uso de órteses, próteses, calçados especiais e medicações específicas como a talidomida;
- Atuar na capacitação de equipes da atenção primária para o diagnóstico e o manejo da doença;
- Conduzir ações de vigilância epidemiológica e investigação de contactantes;
- Trabalhar em centros de referência, hospitais gerais, unidades básicas e serviços especializados; e
- Desenvolver e divulgar conhecimento científico sobre a hanseníase.
Residência Médica em Hansenologia
A residência médica em Hansenologia tem duração de um ano e é regulamentada pela Resolução CNRM nº 69/2021. A área de atuação exige formação prévia em Clínica Médica, Dermatologia, Infectologia, Neurologia, Medicina de Família e Comunidade ou Medicina Preventiva e Social.
Ao longo da formação, o residente desenvolve uma ampla gama de competências, que envolvem tanto aspectos técnicos quanto éticos e humanísticos. Ele aprende a realizar exames físicos específicos, identificar formas clínicas da hanseníase, reconhecer e tratar reações inflamatórias agudas, conduzir investigações laboratoriais e lidar com as múltiplas manifestações da doença em diversos sistemas do corpo humano.
Além disso, o programa prepara o médico para:
- Diagnosticar e manejar dor neuropática e sequelas sensitivo-motoras;
- Prescrever, dispensar e acompanhar o uso de medicamentos como talidomida;
- Avaliar exames de imagem, eletrofisiologia e histopatologia;
- Sistematizar condutas com base em evidências científicas;
- Organizar casos clínicos e apresentar discussões para segunda opinião;
- Trabalhar em equipe multiprofissional e conhecer a organização da rede de atenção à hanseníase;
- Desenvolver projetos científicos e participar de congressos e publicações; e
- Notificar casos e atualizar sistemas de vigilância em saúde pública.
O processo seletivo para a residência médica em Hansenologia se assemelha muito aos outros programas de Áreas de Atuação, com seletivo composto, na maioria das vezes, de prova objetiva – que cobra conteúdos referentes ao pré-requisito – e análise curricular, a depender da instituição desejada.
Atualmente, 8 vagas para Hansenologia estão autorizadas pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) no Brasil. Entre as instituições que ofertam o programa estão a Faculdade de Ciências Médicas da UNICAMP e o Hospital Universitário Gaffrée Guinle da UNIRIO (Enare).
Confira a matriz de competência do programa de Residência Médica em Hansenologia no Brasil:
Ainda, após cumprir a carga horária da residência médica – padrão-ouro – ou do curso de especialização em Hansenologia, o profissional deve realizar o Exame Nacional para a obtenção do Certificado de Atuação na Área de Hansenologia, sob responsabilidade da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH).
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