A Medicina Aeroespacial é uma especialidade médica voltada ao cuidado com a saúde humana em ambientes aéreos e espaciais, que exige conhecimento técnico, domínio de normas internacionais e preparo para lidar com situações extremas. Os médicos desta área avaliam e tratam os efeitos que condições como hipoxia, aceleração (força G), descompressão e microgravidade causam no corpo humano, garantindo a segurança e o desempenho ideal de pilotos, tripulantes, controladores de voo e astronautas.
Além do atendimento clínico, o especialista em Medicina Aeroespacial atua com perícias, certificações médicas, emergências em voo, transporte aeromédico e até mesmo com suporte em missões espaciais. Siga no texto para entender o que faz um médico aeroespacial, quais são as áreas de atuação disponíveis e como funciona a residência médica nesta especialidade.
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O que é Medicina Aeroespacial
A Medicina Aeroespacial é uma área que estuda e cuida da saúde de pessoas expostas às condições específicas do voo e do espaço. Isso inclui profissionais como pilotos, engenheiros de voo, tripulantes, controladores de tráfego aéreo e até passageiros submetidos a condições de voo especiais.
Esses ambientes envolvem uma série de fatores adversos ao corpo humano: variações bruscas de pressão, temperaturas extremas, baixa umidade, radiação cósmica, desorientação espacial e microgravidade. O médico aeroespacial atua, então, na prevenção, avaliação, adaptação e tratamento dos efeitos fisiológicos e psicológicos desses ambientes.
Além disso, a especialidade abrange a análise de fatores humanos, a segurança de voo e a elaboração de diretrizes de saúde para situações críticas, como evacuações aeromédicas e emergências durante o voo. O médico também participa da formulação de normas e diretrizes que regem a atuação de profissionais da aviação e do setor espacial, sempre com foco na saúde e na segurança operacional.
A especialidade é representada no Brasil pela Associação Brasileira de Medicina Aeroespacial (ASBMA), entidade dedicada ao desenvolvimento científico e técnico da área. A ASBMA atua em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB), responsável pela normatização do título de especialista e pela realização do exame de certificação na área de atuação em Medicina Aeroespacial.
Áreas de atuação para o médico aeroespacial
O campo da Medicina Aeroespacial é vasto e interdisciplinar, oferecendo oportunidades em setores civis, militares e industriais. Veja algumas das principais possibilidades de atuação:
Certificação médica aeronáutica: avaliação periódica de profissionais da aviação (pilotos, comissários, engenheiros, controladores) quanto à aptidão física e mental para o exercício de suas funções, conforme regulamentações nacionais e internacionais.
Emergências médicas em voo e transporte aeromédico: atendimento a intercorrências a bordo (como infarto, parto ou crises psiquiátricas), planejamento de evacuações sanitárias e atuação em resgates com aeronaves, incluindo a preparação logística e uso de equipamentos de suporte à vida.
Segurança de voo e perícia médica: investigação de fatores humanos em incidentes e acidentes aéreos, produção de laudos e pareceres técnicos, além de colaboração com órgãos reguladores e forças armadas.
Medicina espacial: avaliação dos efeitos da microgravidade no organismo humano, desenvolvimento de contramedidas fisiológicas para missões prolongadas e apoio médico a astronautas em treinamento ou missão.
Ensino, pesquisa e consultoria: atuação em instituições acadêmicas, centros de pesquisa e órgãos governamentais, com produção de conhecimento científico sobre fisiologia aeroespacial e desenvolvimento de tecnologias médicas aplicadas ao voo e ao espaço.
Residência médica em Medicina Aeroespacial
A formação em Medicina Aeroespacial é feita por meio de um programa de residência médica com duração de dois anos, regulamentado pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). Para ingressar, o médico precisa ter comprovação de residência médica em uma das seguintes áreas: Clínica Médica; Medicina Intensiva; Medicina de Emergência; Cirurgia Geral; Pediatria ou Anestesiologia, dependendo do programa ofertado.
O processo seletivo para a residência médica em Medicina Aeroespacial se assemelha muito aos outros programas de Áreas de Atuação, com seletivo composto, na maioria das vezes, de prova objetiva – que cobra conteúdos referentes ao pré-requisito – e análise curricular, a depender da instituição desejada.
Durante o primeiro ano (R1), o residente adquire conhecimentos fundamentais sobre fisiologia do voo, medicina preventiva, normas regulatórias (como ICAO, IATA e ANAC), uso de simuladores e efeitos do ambiente aeroespacial sobre o organismo. Também são abordados temas como hipoxia, descompressão, estresse térmico, alterações no ciclo circadiano e ilusão visual.
No segundo ano (R2), o foco é voltado ao atendimento de emergências, evacuações aeromédicas, atuação em aeroportos e bases militares, logística médica em ambientes extremos e fisiologia espacial. O residente também desenvolve um artigo científico como parte obrigatória da formação.
Confira a matriz de competência do programa de Residência Médica em Medicina Aeroespacial no Brasil:
Atualmente, quatro vagas para Medicina Aeroespacial estão autorizadas pela Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM) no Brasil. Todas essas vagas são oferecidas pelo Instituto Prevent Senior, localizado em São Paulo (SP), que atualmente é a única instituição credenciada para formação de médicos nesta área de atuação.
Após concluir a residência médica em Medicina Aeroespacial — que é a principal e oficialmente reconhecida forma de formação na área — o médico pode realizar o Exame Nacional para a Obtenção do Certificado de Área de Atuação em Medicina Aeroespacial, conforme normas da Associação Médica Brasileira (AMB) e do Conselho Federal de Medicina (CFM).
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