Meningite: sintomas, diagnóstico, tratamento e mais!

Meningite: sintomas, diagnóstico, tratamento e mais!

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O que é meningite?

A meningite é um processo inflamatório das leptomeninges, que abrangem a aracnóide e a pia-máter. As meningites causadas por bactérias e vírus têm grande importância epidemiológica, pois tais doenças têm alta morbidade e mortalidade, além de prevalência importante na população, porém existem meningites causadas por helmintos, protozoários e fungos. 

Todas as faixas etárias e grupos populacionais são suscetíveis à doença, entretanto crianças menores de 5 anos, adultos acima de 50 anos, pacientes imunodeprimidos e viajantes para áreas de risco são mais vulneráveis

Meningite viral

As meningites virais são causadas por diversos grupos de vírus, tais como:

  1. Enterovírus, como poliovírus e coxsackievírus A e B;
  2. Herpes vírus, como o HSV-1 e HSV-2, varicela-zóster e EBV; 
  3. Paramixovírus, como os da caxumba e sarampo;
  4. Togavírus, como o da rubéola;
  5. Flavivírus, como o da dengue;
  6. Rhabdovirus, como o da raiva; e 
  7. Retrovírus, como o HIV. 

Meningite bacteriana

As meningites bacterianas têm como principais agentes causadores as seguintes bactérias:

  1. Streptococcus pneumoniae;
  2. Neisseria meningitidis;
  3. Haemophilus influenzae;
  4. Listeria monocytogenes;
  5. Mycobacterium tuberculosis;
  6. Treponema pallidum; e
  7. Borrelia burgdorferi.

Sintomas de meningite

As meningites bacterianas geralmente se iniciam subitamente e têm evolução rápida. Os principais sintomas são febre alta, rigidez de nuca e alteração do nível de consciência, que compõem a tríade clássica da doença. Podem estar presentes outros sintomas inespecíficos como cefaleia e vômitos. 

Contudo, nem sempre a tríade está presente em todos os pacientes com meningite bacteriana, porém, na grande maioria dos casos, existem dois dos sintomas. Em crianças menores de um ano, as manifestações são mais genéricas, como febre, irritação, choro constante e abaulamento das fontanelas. Já em idosos é possível que a doença seja mais insidiosa, apresentando letargia, obnubilação e ausência de febre. 

A meningite viral pode ter um quadro um pouco mais insidioso que a bacteriana. Os principais sintomas são cefaleia, vômitos e rigidez de nuca. Também estão ausentes as alterações de nível de consciência, convulsões ou déficits neurológicos globais e focais.

Diagnóstico

O diagnóstico das meningites começa com a história dos sintomas clássicos da meningite com início súbito. No exame físico, é possível pesquisar a rigidez de nuca e os sinais meníngeos – o sinal de Laségue, o sinal de Kernig e o sinal de Brudzinski. No entanto, apesar da presença de tais sinais positivos serem indícios fortes de meningite, sua ausência não exclui o diagnóstico.

Dessa forma, todo paciente com suspeita clínica de meningite tem indicação absoluta para realizar punção liquórica, cujo objetivo é avaliar o líquido cefalorraquidiano. Em pacientes imunodeprimidos ou que apresentem sinais clínicos de comprometimento do parênquima cerebral, como convulsão e confusão mental, pelo risco de haver lesões com efeito de massa e abscessos, antes da punção, devem ser submetidos a tomografia computadorizada ou ressonância magnética, pelo risco de herniação. 

Coletada a amostra do líquido cefalorraquidiano (LCR), é preciso analisá-lo dos pontos de vista químico, citológico e microbiológico, para realizar o diagnóstico etiológico, importante para a orientação da conduta terapêutica. 

Assim, é fundamental a contagem global do número de células, a avaliação do tipo de células encontradas e a concentração de proteína, glicose e lactato, que darão indícios de qual é o agente causador da doença. Além disso, faz-se necessário exames específicos como cultura bacteriana e exames imunológicos e moleculares, que irão concluir qual o agente que deu origem à patologia.

A seguinte tabela é uma boa orientação quanto a definição da etiologia da meningite analisando o LCR:

TipoPressão de abertura (mmH2O)Contagem de leucócitos (células/µL)Glicose (mg/dL)Proteína (mg/dL)Microbiologia
Meningite bacteriana200-300100 – 100.000; mais de 80% polimorfonucleares<40>100Flora presente em 60% das amostras e cultura positiva em 80%
Meningite viral90-20050-100; linfócitosNormal ou diminuídaNormal ou pouco elevadaPCR

* Valores de referência: Pressão de abertura (mmH2O): 80 -200/ Contagem de leucócitos (células/µL): ⅔ dos valores plasmáticos / Proteína(mg/dL): 15-40

Tratamento

As meningites bacterianas devem ser tomadas como emergências médicas e serem rapidamente tratadas, a fim de conter sua evolução. Dessa maneira, a antibioticoterapia deve ser iniciada logo após a suspeita diagnóstica. Na tabela abaixo, segue os principais esquemas terapêuticos empíricos da meningite bacteriana aguda:

Idade ou outros fatoresBactérias mais prevalentesEsquema terapêutico
Crianças com menos de 1 mêsStreptococcus do grupo B, Escherichia coli, Listeria monocytogenesAmpicilina e cefotaxima ou aminoglicosídeo (gentamicina ou amicacina)
Crianças entre 2 meses a 3-5 anosStreptococcus pneumoniae, Neisseria meningitidis, Haemophilus influenzae tipo BCeftriaxona ou cloranfenicol
Entre 3-5 anos a 50 anosNeisseria meningitidis, Streptococcus pneumoniaeCeftriaxona ou penicilina 
Adultos maiores de 50 anosNeisseria meningitidis, Streptococcus pneumoniae e Listeria monocytogenesCeftriaxona e ampicilina, se suspeitar de Listeria monocytogenes
Presença de fístula liquóricaStreptococcus pneumoniaeCeftriaxona
Traumatismo cranioencefálico, neurocirurgia ou derivação liquóricaStaphylococcus aureus ou coagulase negativo e bacilos Gram-negativosVancomicina e ceftazidima, cefepima ou meropenem, a depender da epidemiologia hospitalar

As meningites virais são tratadas com medidas de suporte, pois geralmente se resolvem espontaneamente após algumas semanas. Pacientes com suspeita de herpes simples, devem ser tratados com aciclovir e aqueles com HIV, devem receber tratamento antirretroviral.

Vacina

Está disponível gratuitamente no SUS, a vacina Meningocócica C, que previne a meningite bacteriana causada pela Neisseria meningitidis do grupo C, com esquema de 3 doses, sendo que a primeira é aos 3 meses, a segunda aos 5 meses e a terceira aos 15 meses. Há também previsão de incorporação da vacina Meningocócica ACWY ao Plano Nacional de Imunizações.

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