Como vai, futuro Residente? A medicina preventiva é um tema muito cobrado nas provas de Residência Médica. Por isso, nós do Estratégia MED preparamos um resumo exclusivo sobre Processos Epidêmicos com tudo que você precisa saber sobre o tema para conquistar sua vaga. Para saber mais, continue a leitura. Bons estudos!
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Padrão de distribuição das doenças
Compreender o padrão de uma doença auxilia no planejamento em saúde. Para isso, o termo (padrão de distribuição das doenças) refere-se a forma como uma determinada doença se distribui ao longo de um determinado espaço geográfico, grupo humano ou ao longo do tempo. Assim, a descrição da doença deve ser feita em três dimensões fundamentais: tempo, lugar e pessoa, variáveis consideradas o tripé da epidemiologia descritiva.
- Espaço: informa sobre o local onde a doença ocorre. Algumas são mais frequentes em determinadas regiões do que em outras. Essa diferença é chamada de variações espaciais (exemplo: malária na região Norte do Brasil).
- Pessoa: informa em quem ou em qual grupo humano a doença ocorre com maior frequência. Isso porque algumas enfermidades são mais frequentes em determinados grupos de indivíduos. Essas diferenças são chamadas de variações pessoais (exemplo: doenças mais comuns em mulheres ou homens).
- Tempo: informa sobre a época ou quando a doença aparece. Essas diferenças de incidência são chamadas de variações temporais (exemplo: dengue no verão).
Variações
Como dito anteriormente, existem as variações espaciais, pessoais e temporais.
As variações espaciais podem apresentar 4 padrões principais:
- Distribuição focal: a doença se concentra em determinada parte do território.
- Distribuição regular: doença se distribui de forma homogênea por toda localidade, com boa delimitação das regiões em que casos foram registrados e distâncias iguais entre elas.
- Distribuição aleatória: os casos parecem se distribuir ao acaso ao longo do território, de forma aleatória.
- Distribuição clusterizada: a doença se apresenta com aglomeração de casos, os quais podem até se distribuir por todo o território, mas de forma agrupada.
Essa análise da distribuição espacial das doenças auxilia na formulação de hipóteses diagnósticas.
As variações pessoais auxiliam na identificação da etiologia da doença, bem como na identificação dos seus fatores de risco. Por fim, as variações temporais permitem avaliar como é a incidência de determinada doença em determinados períodos, podendo identificar 3 padrões principais:
- Variações cíclicas/regulares/periódicas: a frequência da doença aumenta em intervalos de tempos iguais e superiores a 1 ano, provavelmente pela renovação de indivíduos suscetíveis na comunidade ao longo do tempo.
- Variações sazonais: a frequência da doença também aumenta de forma periódica, mas o período estipulado é de até 1 ano (exemplo clássico: gripe nos meses de outono e inverno).
- Variações acíclicas/irregulares/atípicas: não seguem padrão, uma vez que a elevação do número de casos parece ocorrer ao acaso.
Quando a variação irregular ultrapassa a incidência máxima esperada daquele período, temos o que chamamos de processo epidêmico – o aumento súbito e inesperado no número de casos de uma doença. Vamos entender melhor no próximo tópico.
Processos epidêmicos e endemias
Processo epidêmico é todo aumento repentino da incidência de uma doença (ou agravo) em curto período de tempo, ultrapassando o número máximo de casos esperados para aquela época do ano. Esse aumento ocorre por um intervalo de tempo limitado, retornando à normalidade a seguir.
Podem ser classificados em 3 tipos fundamentais dependendo da extensão geográfica:
- Surto/surto epidêmico: toda elevação súbita e inesperada do número de casos de uma doença (ou agravo) em uma área geográfica pequena, restrita e bem delimitada. Portanto, a doença estará concentrada em um mesmo local, em uma região específica, com uma população específica. Geralmente, é um fenômeno autolimitado, e todos os casos estão relacionados entre si.
- Epidemia: representa qualquer processo epidêmico, podendo ser conceituado como elevação súbita e inesperada do número de casos de uma doença em uma área geográfica mais ampla e de limites imprecisos. O termo também é utilizado para designar um processo epidêmico de extensão geográfica intermediária, ou seja, que ocorre em uma área mais ampla do que a de um surto, mas ainda menor que uma pandemia.
- Essa definição exige que o caso seja originário do próprio local onde o diagnóstico foi feito, evidenciando a transmissão da doença ativa e que novos casos podem surgir em breve.
- Pandemia: toda elevação súbita e inesperada do número de casos de uma doença (ou agravo) que ocorre em uma área muito extensa, mas tão extensa que engloba diversas nações. Está relacionado ao alcance geográfico da variação temporal, e não à gravidade da doença propriamente dita.
Atente-se: todos esses processos são por tempo limitado, por isso são fenômenos temporários e também apresentam variações espaciais.
Endemias
Endemia é uma doença que ocorre de forma habitual em determinada região, acometendo a população de forma contínua ao longo do tempo, como a Doença de Chagas em Minas Gerais. Diferente dos processos epidêmicos, as endemias não ocorrem por períodos limitados, mas sim ilimitados. Por isso, o coeficiente de incidência das endemias é constante, por tempo indeterminado, não sendo, portanto, uma variação temporal da doença.
Existem 3 fatores que contribuem para que a doença se mantenha constante na região:
- A constante renovação dos indivíduos suscetíveis na comunidade, o que permite novos casos de forma contínua.
- A exposição múltipla e repetida dos indivíduos suscetíveis ao agente etiológico.
- Os indivíduos suscetíveis não emigram da localidade, mas ficam na região, o que aumenta a probabilidade de contato com o agente infeccioso.
Além disso, uma endemia pode ser classificada de acordo com sua endemicidade, ou seja, seu coeficiente de incidência característico, que revela sua intensidade de transmissão da doença naquele local:
- Hiperendemia: incidência elevada.
- Mesoendemia: incidencia intermediaria.
- Hiperendemia: incidência menor.
Apesar de não ser uma variação temporal, uma endemia pode evoluir como uma epidemia em alguns momentos.
Outros tipos de processos epidêmicos
Existem outros tipos de processos epidêmicos, vamos resumi-los aqui:
- Epizootia: considerados eventos sentinelas, consistem em animais ou grupos de animais encontrados doentes e/ou mortos sem causa definida que podem preceder doenças em humanos.
- Epífitia: semelhante à epizootia, mas em plantas.
- Sindemia: interação entre duas ou mais epidemias, resultando em maior impacto.
- Conglomerados: agrupamentos de casos com o mesmo quadro clínico, mas em que ainda não há certeza se foram causados pela mesma enfermidade.
Curva epidêmica
Para encerrar esse resumo, vamos falar rapidamente sobre as curvas epidêmicas, que mostra o comportamento gráfico de uma epidemia.
Essa curva se apresenta em 3 fases:
- Incremento inicial de casos: tendência de elevação que ocorre antes da eclosão da epidemia.
- Progressão: aumento do número de casos propriamente dito.
- Regressão: diminuição do número de suscetíveis, com diminuição de novos casos.
Geralmente, depois da regressão, ocorre a estabilidade da incidência na mesma faixa que existia antes da epidemia ou um decréscimo endêmico, em que o número de casos diminui ao ponto da incidência estabilizar em um nível abaixo da faixa endêmica.
Também há o “achatamento da curva”, como na pandemia de Covid-19, que representa uma alteração da velocidade de progressão da epidemia, ou seja, o tempo de “subida” torna-se mais longo e o pico de incidência diminui, fazendo com que o sistema de saúde ganhe tempo para manejar seus leitos.
No material completo do Estratégia MED você tem acesso a representações de curvas epidêmicas, não deixe de conferir!
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