E aí, futuro residente, quer saber mais sobre a transtorno de ansiedade generalizada? O Estratégia MED separou as principais informações sobre o assunto para você. Vamos lá!
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O que é ansiedade
Ansiedade é definida como estado emocional com componente motivacional negativo, ou seja, desfavorável. Apesar da grande maioria dos indivíduos apresentarem características e queixas típicas, o transtorno de ansiedade deve ser investigado, diagnosticado e tratado individualmente. A ansiedade costuma se apresentar com queixas a respeito do bem-estar mental, desconforto, temor desproporcional, preocupação incapacitante sobre o futuro e inquietação interna. Diante disso, o corpo demonstra alguns sinais principais, como boca seca, tontura, aperto no peito, taquicardia, calafrio, sudorese, tremor, cólica abdominal, sensação de vazio no estômago e urgência para urinar. A literatura já descreveu tal situação como conflito entre o desejo de gratificação e o medo que faz o indivíduo evitar o risco necessário. De forma pouco técnica ou precisa, muitos tendem a nomear o quadro como nervosismo, aflição ou agonia, por exemplo.
É importante diferenciar quadros de ansiedade com o sentimento de medo, já que nesse, há um objeto desencadeante específico e presente. Assim, o medo tende a se manifestar diante de situações delimitadas e passíveis de observação, enquanto a ansiedade é descrita como difusa e sem um objeto desencadeador claro. Por isso, o médico, especialmente o psiquiatra, deve ser capaz de diferenciar medo de ansiedade e, essa, de sua manifestação patológica.
Existem diversos transtornos ansiosos com suas particularidades clínicas, ferramentas diagnósticas (principalmente de acordo com o DSM-5, Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders-5) e tratamentos específicos, os principais são: transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de pânico, transtorno de estresse pós-traumático e as fobias.
Transtorno de Ansiedade Generalizada
No Brasil, a prevalência do transtorno de ansiedade generalizada pode chegar a 2,3% no último ano e a 4,2% durante a vida, sendo quase duas vezes mais comum em mulheres. Sua manifestação é crônica e pode ser descrita pelo paciente como preocupação exagerada sobre situações ou eventos diversos, como o desempenho profissional, tal sentimento pode ser diário e durar vários meses.
Sintomas
Os sintomas do transtorno de ansiedade generalizada são diversos e pouco específicos. O principal sintoma pode ser descrito como uma preocupação exagerada por parte do paciente, o que apresenta importantes consequências para sua vida. É importante mencionar que os sintomas podem aparecer de maneira isolada e, em determinados episódios, podem estar presentes variadas combinações, entre os seguintes sinais:
- Inquietação;
- Irritabilidade;
- Insônia;
- Perda de memória;
- Prejuízo na concentração; e
- Sinais físicos como: tensão muscular, cefaleia, disfunção sexual e/ou gastrointestinal, palpitações e sudorese.
Grande parte dos pacientes diagnosticados com transtorno de ansiedade generalizada podem apresentar outros transtornos psiquiátricos associados, os principais são:
- Transtorno de pânico;
- Depressão maior; e
- Fobias, inclusive a agorafobia.
Diagnóstico do transtorno de ansiedade generalizada
Diante da variedade de apresentações sintomatológicas inespecíficas, recomenda-se que o diagnóstico seja feito de acordo com o DSM-5. Dito isso, os critérios diagnósticos necessários são:
- Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo quase diariamente por pelo menos seis meses, relacionada a diversos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou profissional);
- O paciente considera difícil controlar a preocupação;
- A ansiedade e a preocupação estão associadas a pelo menos 3 dos seguintes sintomas (com alguns deles presentes na maioria dos dias nos últimos seis meses). Apenas um item é exigido para crianças:
- Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele;
- Fatigabilidade;
- Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente;
- Irritabilidade;
- Tensão muscular; e
- Perturbação do sono (dificuldades em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório e inquieto).
- A ansiedade, os sintomas físicos e a preocupação causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo;
- O quadro não pode ser atribuído a possíveis alterações da fisiologia do corpo como hipertireoidismo, intoxicação farmacológica ou abuso de substâncias psicoativas; e
- Os sintomas não podem ser melhor explicados por outro transtorno mental.
Tratamento
O tratamento não costuma ser muito simples, especialmente pelos conhecidos efeitos colaterais das drogas comumente utilizadas e da frequente associação do transtorno de ansiedade generalizada com abuso de substâncias ou depressão maior.
Atualmente, as drogas mais utilizadas são os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) e os inibidores seletivos de recaptação de serotonina e noradrenalina (ISRN), como a venlafaxina e duloxetina. Dentro dos ISRSs, a paroxetina e o escitalopram são as principais drogas já liberadas pela FDA norte-americana. Os benzodiazepínicos tendem a ser mais eficazes em controlar sintomas somáticos e autonômicos rapidamente, enquanto os antidepressivos em controlar os sintomas psíquicos de forma mais tardia, porém devem ser usados com cautela. Outros fármacos já foram testados e mostraram-se mais eficazes do que o placebo, os principais são:
- Buspirona, pertencente ao grupo das azapironas, que atua como agonista parcial de receptores específicos de 5-HT1A;
- Agomelatina, um agonista melatonérgico e antagonista 5-HT2C;
- Análogos estruturais do neurotransmissor GABA, como gabapentina e pregabalina; e
- Quetiapina e outros antipsicóticos, mas apresentam muitos efeitos colaterais não sendo a primeira droga de escolha.
De forma geral, o tratamento começa com um antidepressivo ISRSs ou ISRNs. Os principais exemplos são escitalopram na posologia inicial de 10 mg diárias por via oral e venlafaxina de liberação prolongada com dose inicial diária de 37,5 mg. Essas drogas começam a fazer efeito após algumas semanas e, durante o momento inicial do tratamento, podem ser associadas com benzodiazepínicos, pelo fato de essas drogas possuírem ação mais rápida. Assim, uma abordagem interessante é administração concomitante das duas classes de drogas com posterior retirada do benzodiazepínico quando o antidepressivo passar a apresentar efeito.
A buspirona é outra droga que pode ser utilizada na posologia de 5 mg por via oral, de 2 a 3 vezes ao dia. A psicoterapia, especialmente a terapia cognitivo-comportamental, também pode ajudar no tratamento e deve ser incentivada, sendo uma importante medida não farmacológica para o tratamento do transtorno de ansiedade generalizada. Além disso, exercício físico e uma boa higiene do sono são medidas que podem ajudar no processo terapêutico.
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