A Grande Renúncia pode ser a grande chance dos médicos brasileiros que pretendem atuar no exterior

A Grande Renúncia pode ser a grande chance dos médicos brasileiros que pretendem atuar no exterior

A Grande Renúncia (The Great Resignation) veio como mais um dos efeitos pós-pandemia nos Estados Unidos. O êxodo dos trabalhadores, após a crise sanitária causada pela Covid-19, afetou todo o mercado de trabalho americano, principalmente no que diz respeito aos profissionais de saúde, especialmente, os médicos. Com a falta de especialistas e demanda crescente, uma das soluções vistas por pesquisadores da área é a imigração por parte de profissionais estrangeiros, proposta que engloba os médicos brasileiros.  

O país norte-americano não é o único que sofre com a falta de profissionais. Países da Europa também sofrem com esse êxodo pós covid. 

Imigração de profissionais da Medicina 

Os médicos brasileiros  que sonham em atuar fora do Brasil já estão aproveitando essa oportunidade que vem surgindo em países como os EUA e alguns da União Europeia (UE). Os motivos que incentivam os especialistas brasileiros, segundo pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) de 2019, são, respectivamente:

  1. Aperfeiçoamento profissional;
  2. Oportunidades gerais;
  3. Qualidade de vida;
  4. Família; e
  5. Segurança.

Falando apenas dos EUA, pode-se observar que só em 2021, 12.281 brasileiros tornaram-se cidadãos americanos, número 47,5% maior que aos dados de 2020, de acordo com levantamento do escritório de advocacia AG Immigration. Além de terem sucesso na imigração, diversos brasileiros vêm prosperando nos EUA, principalmente por possuírem, no mínimo, um diploma de graduação, número superior se comparado aos imigrantes de outras nações e até mesmo dos estadunidenses.

Processo de revalidação no exterior

A revalidação de diplomas que acontece aqui no Brasil já é de conhecimento geral, mas se o profissional pretende atuar fora do país, é de extrema importância que saiba dos processos necessários para revalidar e avaliar seu diploma médico em nações estrangeiras. Logo a seguir estão os detalhes dos processos de revalidação dos principais países que são alvos dos médicos brasileiros.

Estado Unidos

Os EUA são o principal destino de interesse dos profissionais de saúde, principalmente após a crise sanitária causada pela Covid-19. Antes de falar sobre a revalidação, é importante ter conhecimento sobre o “EB-2 NIW”, este, por sua vez, é um documento que funciona como uma espécie de green card para profissionais considerados de interesse nacional para os EUA. Por não necessitar de uma oferta de trabalho ou uma empresa patrocinadora, o EB-2 NIW torna o processo imigratório mais fácil e rápido.

Agora, para revalidar o diploma, o médico deve realizar a prova do United States Medical Licensing Examination (USMLE), que contém três etapas

ETAPASTEMPO ESTIMADOCUSTO ESTIMADO
Step 18 horas U$ 3.000 – 3.500 
Step 29 horas
Step 3 (FIP e ACM)16 horas 
Fonte: United States Medical Licensing Examination

A primeira fase corresponde a um exame técnico on-line, de mais ou menos 8 horas de duração, referente ao ciclo básico da medicina – a prova é dividida em sete blocos de até 60 minutos, cada um com até 40 itens avaliativos.

A segunda etapa avaliará o conhecimento do profissional sobre o ciclo clínico, com duração máxima de 9 horas, dividida em oito blocos de até 60 minutos cada e com até 40 questões por bloco.

Já a terceira etapa é considerada a mais complexa, pois analisa as habilidades clínicas, como a abordagem do médico ao paciente. O teste é aplicado em dois dias: no primeiro – Foundations of Independent Practice (FIP) -, aplica-se uma prova de 232 questões de múltipla escolha, divididas em seis blocos de até 38 itens cada e o candidato tem até 7 horas para realizá-la. Já no segundo dia – Advanced Clinical Medicine (ACM) -, além de realizar mais uma prova de múltipla escolha com 180 questões, divididas em seis blocos de 30 itens, é preciso também resolver 13 casos simulados de, no máximo, 20 minutos cada. Esse último dia totaliza 9 horas de prova.

A inscrição para a primeira e segunda etapa devem ser feitas Educational Commission for Foreign Medical Graduates (ECFMG), já a terceira é realizada pela Federation Credentials Verification Service (FCVS). Todo esse processo custará, em média, 3.000 – 3.500 dólares.

União Europeia

Mesmo que cada país participante da UE tenha suas próprias regras determinadas pelos respectivos órgãos de saúde, é importante ter conhecimento de que lá é exigido, no mínimo, uma especialização médica, seja por meio de residência ou título. Fora isso, normalmente uma prova de conhecimentos gerais sobre medicina é requisitada.

Canadá

No outro país norte-americano, a prova necessária para revalidar o diploma médico é o Medical Council of Canada Evaluating Examination (MCCEE). O exame consiste em uma prova de múltipla escolha com 180 questões, abordando as seguintes áreas:

  • Saúde da criança;
  • Saúde materna;
  • Saúde do adulto – ginecologia, clínica médica e cirurgia;
  • Saúde Mental; e
  • Saúde da população e ética médica.

Lembrando que o Canadá tem duas línguas maternas: o inglês e francês, então o candidato pode escolher uma delas para o exame.

Ao ser aprovado no MCCEE, o médico ainda precisará fazer Medical Council of Canada Qualifying Examination (MCCQE), o qual qualificara o profissional, seja ele estrangeiro ou canadense, a atuar no país. O exame é dividido em duas etapas: uma teórica e outra prática.

Caso o médico queira atuar em Ontário, ele ainda precisará cumprir mais duas exigências:

  • Fazer residência médica em alguma universidade do Canadá ou dos EUA; e
  • Possuir um título de especialista na área escolhida para especialização.

São diversas as alternativas para os médicos brasileiros que sonham em atuar fora do país, por isso, sempre fique atento às atualizações do país estrangeiro desejado, além de manter todos os documentos necessários em dia.

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