Olá, querido doutor e doutora! A cintura escapular é uma estrutura anatômica fundamental para a conexão dos membros superiores ao esqueleto axial, sendo indispensável para a realização de movimentos amplos e complexos. Sua composição, que envolve ossos, músculos, ligamentos, articulações e vasos, é responsável por proporcionar estabilidade e mobilidade, características que a tornam vulnerável a diversas lesões e condições clínicas. Este texto apresenta uma visão abrangente sobre a anatomia, irrigação, inervação e aspectos clínicos da cintura escapular, destacando sua importância na prática médica.
“A alta mobilidade da cintura escapular ocorre às custas de uma menor estabilidade, o que a torna mais suscetível a luxações e outras lesões”.
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Conceito de Cintura Escapular
A cintura escapular, também chamada de cíngulo do membro superior, é a estrutura óssea e funcional responsável por conectar os membros superiores ao esqueleto axial. Ela é composta por dois ossos principais, a clavícula e a escápula, que trabalham em conjunto para proporcionar suporte e mobilidade ao braço. Além disso, está associada a músculos, articulações e ligamentos que conferem estabilidade e permitem uma ampla variedade de movimentos necessários para as atividades cotidianas e específicas.
Anatomia da Cintura Escapular
Estruturas Ósseas
- Clavícula: um osso longo e fino que conecta o tórax à escápula. Funciona como uma alavanca, auxiliando na estabilização e posicionamento do braço durante os movimentos.
- Escápula: um osso plano localizado na região posterior do tórax, com formato triangular. Apresenta diversas projeções importantes, como o acrômio, coracoide e a cavidade glenoidal, que participa da articulação com o úmero.
Articulações da Cintura Escapular
- Articulação esternoclavicular: conecta a clavícula ao esterno. É a única articulação verdadeira que une o membro superior ao esqueleto axial, oferecendo estabilidade e suporte.
- Articulação acromioclavicular: une o acrômio da escápula à extremidade lateral da clavícula. Permite pequenos ajustes necessários para a movimentação do braço.
- Articulação escapulotorácica: não é uma articulação verdadeira, mas descreve o deslizamento da escápula sobre a parede torácica, essencial para o funcionamento harmonioso do ombro.
- Articulação glenoumeral: embora não faça parte diretamente da cintura escapular, interage com ela. É uma articulação esferoide formada pela cavidade glenoidal da escápula e a cabeça do úmero, permitindo grande amplitude de movimento.
Músculos Associados
- Músculos intrínsecos: ligam a escápula e a clavícula ao úmero, como o deltoide, supraespinhal, infraespinhal, redondo menor, redondo maior e subescapular.
- Músculos extrínsecos: conectam a cintura escapular ao tronco, como o trapézio, serrátil anterior, romboides maior e menor, peitoral menor e elevador da escápula.
Ligamentos
- Ligamento esternoclavicular: estabiliza a articulação entre o esterno e a clavícula.
- Ligamento coracoclavicular: conecta o processo coracoide à clavícula, contribuindo para a sustentação da escápula.
- Ligamento acromioclavicular: estabiliza a articulação entre o acrômio e a clavícula.
Movimentos
A cintura escapular permite movimentos como elevação, depressão, protração, retração, e rotações superior e inferior, sendo esses movimentos coordenados por articulações e músculos associados.
Irrigação Sanguínea e Inervação da Cintura Escapular
Irrigação Sanguínea
Artéria Subclávia
É a principal fonte arterial para a cintura escapular antes de se tornar a artéria axilar. Dela derivam:
- Tronco tirocervical: fornece a artéria suprascapular, que irriga a escápula e os músculos adjacentes.
- Artéria dorsal da escápula: irriga o músculo romboide e o levantador da escápula.
Artéria Axilar
Após passar pelo bordo lateral da primeira costela, a subclávia torna-se a axilar, que emite diversos ramos importantes:
- Artéria torácica superior: irriga os músculos da parede torácica superior.
- Artéria toracoacromial: responsável pela irrigação de partes da clavícula, escápula e músculos do ombro.
- Artéria subescapular: envia ramos para a região posterior da escápula.
- Artérias circunflexas (anterior e posterior): contornam o colo do úmero, suprindo a articulação glenoumeral e os músculos adjacentes.
Inervação
A cintura escapular recebe inervação de nervos que se originam principalmente do plexo braquial, com raízes nervosas provenientes de C5 a T1. Esses nervos se distribuem pelos músculos e pela pele, permitindo controle motor e sensibilidade:
Nervos para Músculos Intrínsecos
- Nervo axilar: inerva o deltoide e o redondo menor, além de fornecer sensibilidade à região lateral do ombro.
- Nervos supraescapulares: supram os músculos supraespinhal e infraespinhal.
- Nervos subescapulares: inervam o músculo subescapular.
Nervos para Músculos Extrínsecos
- Nervo torácico longo: controla o músculo serrátil anterior, essencial para a estabilização da escápula.
- Nervo dorsal da escápula: inerva os músculos romboides e o levantador da escápula.
- Nervo peitoral medial e lateral: supram os músculos peitorais maior e menor.
- Nervo acessório (XI): controla o músculo trapézio, contribuindo para a elevação e rotação da escápula.
Lesões Comuns da Cintura Escapular
Luxações
As luxações nas articulações da cintura escapular são relativamente frequentes, especialmente na acromioclavicular. Essa condição é geralmente causada por traumas diretos, como quedas sobre o ombro. Os sinais incluem dor intensa, deformidade visível e limitação de movimento. Na articulação esternoclavicular, as luxações são menos comuns, mas podem ser graves, especialmente em deslocamentos posteriores, que podem comprimir estruturas vitais. O manejo varia de imobilização até intervenções cirúrgicas, dependendo da gravidade.
Fraturas
Fraturas da cintura escapular afetam principalmente a clavícula, o osso mais frequentemente fraturado, especialmente em jovens e crianças. O mecanismo típico é a queda sobre o braço ou ombro. Fraturas da escápula, por sua vez, são raras, ocorrendo em traumas de alta energia, como acidentes automobilísticos. O tratamento inclui imobilização em casos simples e cirurgia nos mais complexos.
Lesões de Tecidos Moles
Entre as lesões mais comuns de tecidos moles está a bursite subacromial, que ocorre devido à inflamação das bursas na articulação, causando dor em movimentos acima da cabeça. Já a tendinite do manguito rotador afeta principalmente o tendão do supraespinhal, resultando de sobrecarga ou uso excessivo. O manejo para ambas inclui repouso, anti-inflamatórios e fisioterapia, com possibilidade de injeções de corticosteroides ou cirurgia em casos mais graves.
Lesões Neurológicas
Lesões nervosas são complicações relevantes na cintura escapular. A escápula alada, causada pela lesão do nervo torácico longo, resulta na proeminência da escápula e dificuldade de movimento. Outra lesão comum é a do nervo axilar, frequentemente associada a luxações anteriores do ombro, levando à fraqueza do músculo deltoide e perda sensorial no ombro lateral. A reabilitação é a base do tratamento, com intervenções cirúrgicas indicadas raramente.
Cai na Prova
Acompanhe comigo uma questão sobre o tema (disponível no banco de questões do Estratégia MED):
(Estratégia MED 2023) O plexo braquial é um grande conjunto de fibras nervosas que se dirigem para o membro superior e para a cintura escapular. Sobre a organização do plexo braquial, assinale a alternativa que enumera corretamente os segmentos que compõem essa estrutura.
A) Cinco raízes (C1, C2, C3, C4 e C5), três troncos (superior, médio e inferior), duas divisões (anterior e posterior) em cada tronco e três fascículos (lateral, medial e posterior).
B) Três raízes (C5, C6 e C7), três troncos (lateral, medial e posterior), duas divisões (anterior e posterior) em cada tronco e três fascículos (superior, médio e inferior).
C) Cinco raízes (C5, C6, C7, C8 e T1), três troncos (superior, médio e inferior), duas divisões (anterior e posterior) em cada tronco e três fascículos (lateral, medial e posterior).
D) Três raízes (C7, C8 e T1), três troncos (lateral, medial e posterior), duas divisões (anterior e posterior) em cada tronco e três fascículos (superior, médio e inferior).
E) Cinco raízes (C5, C6, C7, C8 e T1), três troncos (lateral, medial e posterior), duas divisões (anterior e posterior) em cada tronco e três fascículos (superior, médio e inferior).
Comentário da Equipe EMED
Incorreta a alternativa A — as raízes originam-se a partir dos nervos de C5 a T1.
Incorreta a alternativa B — cinco raízes (C5 a T1) constituem o plexo braquial. Os troncos são divididos em superior, médio e inferior, e os fascículos em lateral, posterior e medial.
Correta a alternativa C — de proximal para distal, a sequência dos segmentos do plexo está corretamente indicada.
Incorreta a alternativa D — cinco raízes (C5 a T1) constituem o plexo braquial. Os troncos são divididos em superior, médio e inferior, e os fascículos em lateral, posterior e medial.
Incorreta a alternativa E — os troncos são divididos em superior, médio e inferior, e os fascículos em lateral, posterior e medial.
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Referências Bibliográficas
- MINIATO, Mohammed A.; ANAND, Prashanth; VARACALLO, Matthew. Anatomy, Shoulder and Upper Limb, Shoulder. StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing, 2023. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK536933/. Acesso em: 23 nov. 2024.