Resumo de Nervo Vago: anatomia, função e mais!
F. Netter

Resumo de Nervo Vago: anatomia, função e mais!

Olá, querido doutor e doutora! O nervo vago, o décimo nervo craniano, é um dos principais componentes do sistema nervoso autônomo, responsável por regular a frequência cardíaca, a digestão e a resposta imunológica. Estendendo-se desde o tronco encefálico até o abdômen, o nervo vago é uma das estruturas mais complexas e extensas do corpo humano, com funções tanto sensoriais quanto motoras. Acompanhe nesse resumo a anatomia, funções e disfunções associadas ao nervo vago.

Conceito de Nervo Vago

O nervo vago, também chamado de nervo craniano X, é o mais longo dos nervos cranianos e está envolvido no controle das funções parassimpáticas do corpo. Ele se origina no tronco encefálico, mais precisamente no bulbo, e inerva diversos órgãos, como coração, pulmões e trato gastrointestinal. Suas funções incluem a regulação da frequência cardíaca, controle dos processos digestivos, modulação da resposta imune e conexão entre o cérebro e o sistema nervoso periférico. 

Anatomia do Nervo Vago 

O nervo vago, o décimo nervo craniano, origina-se no núcleo ambíguo e no núcleo dorsal do nervo vago, localizados no bulbo do tronco encefálico. Ele emerge do sulco lateral posterior do bulbo e sai do crânio através do forame jugular, acompanhando a veia jugular interna e a artéria carótida comum no pescoço. No pescoço, o nervo vago está envolvido na formação do plexo faríngeo, fornecendo inervação para músculos da faringe e contribuindo para a deglutição. Também emite ramos cardíacos e pulmonares, que descem até o tórax.

No tórax, o nervo vago se divide em dois principais troncos: o nervo vago direito e o nervo vago esquerdo. O nervo vago direito desce anterior à artéria subclávia direita, enquanto o esquerdo desce entre a artéria subclávia esquerda e o arco aórtico, formando um plexo pulmonar em cada lado. Ambos os ramos vagais dão origem aos nervos laríngeos recorrentes, que fazem um trajeto ascendente para inervar as cordas vocais e a laringe.

Além de sua distribuição pulmonar e laríngea, o nervo vago envia ramos esofágicos que contribuem para a formação do plexo esofágico, importante para o controle do peristaltismo esofágico. Após atravessar o diafragma através do hiato esofágico, o nervo vago atinge o abdômen, onde forma plexos gástricos e entéricos, regulando a motilidade do estômago e intestinos.

Anatomicamente, o nervo vago contém fibras aferentes e eferentes. As fibras aferentes transportam informações sensoriais dos órgãos para o sistema nervoso central, incluindo sinais de distensão gástrica, químicas e inflamatórias. Já as fibras eferentes do componente parassimpático fornecem impulsos que reduzem a frequência cardíaca, estimulam secreções digestivas e modulam a motilidade visceral. Em sua trajetória, o nervo vago apresenta comunicação com múltiplos plexos nervosos e gânglios, formando uma extensa rede de controle autônomo em diversos órgãos essenciais do corpo.

Nervo Vago. F. Netter, atlas de anatomia humana 7ª ed.

Funções do Nervo Vago 

O nervo vago possui funções essenciais relacionadas ao sistema nervoso autônomo, especialmente no controle parassimpático de vários órgãos. Suas funções podem ser divididas em aferentes (sensoriais) e eferentes (motoras), abrangendo várias regiões do corpo: 

  1. Regulação cardíaca: O nervo vago tem uma função importante na modulação da frequência cardíaca. Suas fibras parassimpáticas atuam diretamente no nodo sinoatrial e no nodo atrioventricular, diminuindo a frequência cardíaca e contribuindo para o controle do ritmo cardíaco em situações de repouso. 
  1. Controle respiratório: ele influencia o reflexo de controle da respiração, regulando a contração dos músculos das vias aéreas superiores e a broncoconstrição. Também participa do reflexo da tosse ao transmitir sinais do trato respiratório para o cérebro. 
  1. Regulação da digestão: no sistema gastrointestinal, o nervo vago estimula a secreção de ácido gástrico, promove o peristaltismo, relaxa o esfíncter pilórico e aumenta o fluxo sanguíneo para o trato digestivo. Ele desempenha um papel essencial na coordenação do reflexo de deglutição e controle da motilidade gástrica e intestinal. 
  1. Função imune e anti-inflamatória: o nervo vago está envolvido no chamado “reflexo inflamatório”, que ajuda a regular a resposta inflamatória do corpo. Ele modula a liberação de citocinas pró-inflamatórias, atuando como um mediador anti-inflamatório em diversos processos do organismo. 
  1. Controle da glucose e homeostase energética: o nervo vago auxilia na regulação do metabolismo energético ao influenciar a secreção de insulina pelo pâncreas e controlar a homeostase da glicose. Ele também participa da sinalização de saciedade e ingestão alimentar. 
  1. Inervação da faringe e laringe: os ramos do nervo vago que inervam a faringe e a laringe são essenciais para a deglutição e a fala. O nervo laríngeo recorrente, uma ramificação do nervo vago, controla as cordas vocais e a função da laringe, permitindo a produção vocal e protegendo as vias aéreas durante a deglutição. 
  1. Sensibilidade visceral: as fibras aferentes do nervo vago transmitem sinais sensoriais de órgãos viscerais, como o estômago, esôfago, intestinos e coração, para o sistema nervoso central, regulando reflexos autônomos e fornecendo informações sobre a distensão dos órgãos, estado químico e outros estímulos.
Funções do nervo vago. E. Marieb, anatomia humana 7ª ed.

Disfunções do Nervo Vago 

Devido à sua vasta inervação, as doenças do nervo vago podem manifestar-se por uma ampla gama de sintomas, afetando principalmente os sistemas gastrointestinal, cardiovascular, respiratório e neurológico. Abaixo estão algumas das principais patologias relacionadas ao nervo vago: 

  1. Gastroparesia: a gastroparesia ocorre quando há uma redução na motilidade gástrica, frequentemente associada a disfunção do nervo vago. Como o nervo vago controla o esvaziamento gástrico, sua disfunção pode levar a um atraso significativo no esvaziamento do estômago. Pacientes com gastroparesia experimentam sintomas como náuseas, vômitos, saciedade precoce, distensão abdominal e perda de apetite. O diabete mellitus é uma das causas mais comuns dessa condição, pois a neuropatia autonômica diabética pode prejudicar o funcionamento do nervo vago.
  1. Síndrome vasovagal: a síndrome vasovagal, ou síncope vasovagal, é uma condição na qual o nervo vago é hiperativado, levando a uma queda abrupta da pressão arterial e da frequência cardíaca, resultando em desmaio. Isso pode ser desencadeado por situações de estresse emocional, dor ou permanência em pé por longos períodos. O nervo vago, ao ser estimulado, provoca uma diminuição da frequência cardíaca (bradicardia) e dilatação dos vasos sanguíneos, resultando na redução do fluxo sanguíneo cerebral e, consequentemente, na síncope. 
  1. Paralisia do nervo laríngeo recorrente: o nervo laríngeo recorrente é um ramo do nervo vago responsável pela inervação dos músculos das cordas vocais. Sua lesão pode ocorrer como complicação de cirurgias no pescoço, como em tireoidectomias ou cirurgias torácicas envolvendo a aorta. A paralisia desse nervo resulta em rouquidão (disfonia), dificuldades respiratórias, e, em casos graves, afonia (perda total da voz) ou paralisia bilateral das cordas vocais, que pode causar obstrução das vias aéreas e necessitar de intervenção emergencial. 
  1. Neuropatia autonômica: a neuropatia autonômica pode afetar o nervo vago, particularmente em pacientes com diabete mellitus. Quando o nervo vago é comprometido por essa condição, os pacientes podem apresentar uma variedade de sintomas, incluindo disfunção gastrointestinal (gastroparesia), arritmias cardíacas e dificuldade no controle da pressão arterial. Outras doenças que podem causar neuropatia autonômica do nervo vago incluem amiloidose, doenças autoimunes e infecções virais. 
  1. Síndrome de Guillain-Barré: a síndrome de Guillain-Barré é uma neuropatia desmielinizante inflamatória aguda que afeta os nervos periféricos, incluindo o nervo vago. Em casos graves, o envolvimento do nervo vago pode causar disfunção autonômica severa, com bradicardia, hipotensão e anormalidades na motilidade gastrointestinal. O tratamento geralmente envolve terapias imunomoduladoras, como imunoglobulinas intravenosas ou plasmaférese. 
  1. Lesão cirúrgica do nervo vago: o nervo vago pode ser lesado durante cirurgias que envolvem a região do pescoço, tórax ou abdômen, especialmente em procedimentos de esofagectomia, ressecção de tumores cervicais ou mediastinais, e cirurgias de tireoide. A lesão do nervo pode resultar em múltiplas complicações, como alterações na voz (por lesão do nervo laríngeo recorrente), gastroparesia e alterações cardíacas. A gravidade dos sintomas depende do grau de lesão e da extensão da recuperação.

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Referências Bibliográficas 

  1. NATIONAL CENTER FOR BIOTECHNOLOGY INFORMATION. Vagus Nerve Anatomy, Function, and Clinical Significance. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK537171/. Acesso em: 25 set. 2024.
  1. CLEVELAND CLINIC. Vagus Nerve: What It Is, Function & Anatomy. Disponível em: https://my.clevelandclinic.org/health/body/22279-vagus-nerve. Acesso em: 25 set. 2024.
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