Câncer de Próstata: tudo sobre!

Câncer de Próstata: tudo sobre!

Quer saber mais sobre o que é o câncer de próstata? O Estratégia MED preparou esse texto para você. Vamos lá!

O que é o câncer de próstata?

No Brasil, o câncer de próstata é a segunda neoplasia mais comum entre indivíduos do sexo masculino, está apenas atrás do câncer de pele não melanoma. Em relação à mortalidade, também ocupa a segunda posição, já que o câncer de pulmão é o mais mortal nos homens.

A próstata é uma glândula do tamanho de uma noz e com consistência firme, responsável pela produção de 20% do volume do sêmen. Ela circunda, aproximadamente, 3 cm da uretra, porção que recebe o nome de uretra prostática. Em sua composição, essa glândula acessória possui dois terços de tecido glandular e anteriormente é formada por tecido fibromuscular.

Muitos cânceres de próstata ocorrem na porção posterior da glândula, em íntimo contato com a porção final do sistema digestório, o reto. Superiormente, a próstata relaciona-se com a bexiga urinária e inferiormente com a importante musculatura que separa a cavidade pélvica da cavidade abdominal. A próstata é uma glândula exclusiva do sexo masculino.

Como a maioria dos outros tipos de câncer, a neoplasia de próstata não possui uma causa bem estabelecida. A proliferação celular acentuada e descontrolada origina o tumor, entretanto o estímulo para essa desordem permanece desconhecido. Alguns fatores, por outro lado, são potencialmente de risco como histórico familiar positivo, obesidade e ter mais de 50 anos.

Sintomas do câncer de próstata

O câncer de próstata pode permanecer assintomático por muitos anos ou com alterações leves no funcionamento do organismo, por isso, a prevenção e acompanhamento com um urologista são essenciais. Muitas vezes, as manifestações do tumor podem ser facilmente confundidas com as da hiperplasia benigna da próstata, necessitando de atenção.

Quando os sintomas aparecem, são decorrentes da relação que a próstata possui com outros órgãos. Os principais relatados são: 

  • Dificuldade ou dor para urinar
  • Aumento do número de vezes que o paciente sente vontade de urinar, por conta de uma possível obstrução da uretra pelo aumento da próstata; e
  • Sensação de não conseguir esvaziar a bexiga completamente durante a micção.

Nos casos mais avançados, os sintomas gerados podem ser: infecção generalizada, insuficiência renal, sintomas urinários, como os da fase inicial, e dores ósseas, indicando metástase, principalmente para a porção sacral da coluna.

Diagnóstico

O diagnóstico do câncer de próstata é importante para evitar maiores complicações ao indivíduo. Além disso, deve ser feito com cuidado para diferenciar o tumor do quadro de hiperplasia prostática benigna, que é muito mais comum e apresenta sintomas parecidos.

Os principais exames utilizados no acompanhamento urológico são: exame de toque retal e dosagem do antígeno prostático específico (PSA). A possibilidade da existência do câncer aumenta conforme o valor do PSA se eleva, entretanto, não há um consenso sobre o valor específico que garanta se o paciente tem ou não a doença.

Sabe-se que a maioria dos homens sem câncer de próstata tem valores de PSA menores do que 4 ng/mL. Quando o valor do PSA está entre 4 e 10, o homem tem 25% de chance de ter o câncer,  para valores acima de 10 ng/mL a chance de positividade passa dos 50%.

Dessa forma, assim como o exame de toque retal, o valor do PSA não possui uma precisão ideal, logo não deve ser feito de maneira isolada. Por isso, quando tais exames iniciais mostrarem alguma alteração, uma biópsia de próstata deve ser solicitada, esse é um método mais invasivo, mas o único capaz de confirmar a presença do tumor e de classificá-lo histopatologicamente.

O estudo anatomopatológico fornece a graduação histológica do sistema de Gleason. Esse importante índice varia de 1 a 10 e tem como objetivo avaliar o nível de diferenciação do tumor, a possibilidade de invasão de outros tecidos e, consequentemente, o prognóstico. O valor é dado pela somatória dos dois principais graus de diferenciação encontrados na biópsia.

Além disso, a classificação do Escore de Gleason, permite enquadrar o estadiamento do tumor junto a classificação da Sociedade Internacional de Patologia Prostática (ISUP), uma escala mais atual, que varia do grupo 1 ao grupo 5, do melhor para o mais reservado prognóstico.

O exame de ressonância magnética e tomografia computadorizada também podem ser solicitados. Uma cintilografia óssea pode ajudar na identificação e localização de possíveis metástases ósseas.

Tratamento

O tratamento do câncer de próstata é individualizado e decidido entre o médico e o paciente. A intervenção depende de características do tumor, principalmente sua agressividade, localização e possibilidade de maiores complicações, além da idade do paciente.

Em alguns casos, não são indicados tratamentos invasivos, apenas uma observação e acompanhamento médico, principalmente para pacientes muito idosos. 

Se o tumor prostático apresenta certa agressividade local, radioterapia e cirurgia continuam sendo a melhor opção, nesses casos também se utiliza tratamento hormonal. No estadiamento de pior prognóstico, quando há metástase, a terapia hormonal tem sido o tratamento mais utilizado.

As propostas de tratamento, principalmente cirurgia e radioterapia, podem ter consequências indesejadas como disfunção erétil e incontinência urinária.

Há também um protocolo de condutas para o câncer de próstata, proposto pelo National Comprehensive Cancer Network, que leva em conta o escore de Gleason e consequentemente o risco do tumor. Confira:

  • Risco muito baixo – quando a disseminação da doença é limitada mesmo dentro da próstata, com Gleason 6 e PSA < 10: vigilância ativa para paciente com expectativa de vida menor do que 20 anos. Para o restante dos pacientes, a conduta indicada é radioterapia e prostatectomia total;
  • Baixo risco – quando a extensão do câncer limita-se a apenas um lóbulo prostático, com Gleason 6, PSA < 10 e até 2 fragmentos de biópsia positiva: Vigilância ativa, radioterapia e prostatectomia radical;
  • Risco intermediário – quando o tumor já possui considerável extensão no interior da próstata, Gleason = 7 e PSA entre 10 e 20: radioterapia, prostatectomia radical junto com dissecção de vasos linfáticos da pelve e terapia de privação de androgênio. A vigilância ativa não é tão indicada;
  • Risco elevado – quando ocorre comprometimento extracapsular, com Gleason de 8 a 10 e PSA > 20: radioterapia, prostatectomia radical junto com dissecção estendida de vasos linfáticos da pelve e terapia de privação de angrogênio; e
  • Risco muito elevado – quando ocorre disseminação para órgãos adjacentes como a vesícula seminal, com Gleason de 8 a 10: radioterapia, prostatectomia radical junto com dissecção estendida de vasos linfáticos da pelve e terapia de privação de androgênio.

Watchful waiting e Vigilância ativa

Nas condutas de Watchful Waiting e Vigilância ativa, mesmo diante de um diagnóstico de câncer de próstata, a proposta é retardar, ou até mesmo, descartar um tratamento invasivo, pois este não traria benefícios suficientes ao paciente. 

Na vigilância ativa, o objetivo é evitar ou postergar efeitos colaterais possíveis tanto da cirurgia, quanto da radioterapia. Os candidatos para essa abordagem são os que possuem tumores de baixo risco, ou seja, PSA menor do que 10, biópsia com até dois fragmentos positivos, toque retal normal e classificação histológica de Gleason 6 ou ISUP ll. 

Durante o processo, é necessário que haja um acompanhamento rigoroso do paciente, já que em mais de 40% dos casos o tumor cresce. Caso haja uma progressão do câncer, o paciente será submetido a um tratamento curativo com cirurgia/radioterapia.

Já o Watchful Waiting não é uma proposta curativa, mas sim paliativa. Os pacientes selecionados são aqueles em que o tratamento traria maior risco do que o próprio tumor. Nesses casos, se houver uma progressão significativa ou sintomática do câncer, uma hormonioterapia paliativa será indicada. Tal abordagem é comum para pacientes muito idosos ou com outras comorbidades.

Ambas condutas têm sido incentivadas pela constatação de uma quantidade excessiva do diagnóstico da neoplasia, que muitas vezes apresenta um curso clínico favorável. A principal vantagem delas está em diminuir a exposição aos riscos de tratamentos desnecessários, ou seja, evitar que a qualidade de vida do homem seja afetada inapropriadamente.

Prevenção contra câncer de próstata

A principal forma de prevenção contra o câncer de próstata está na realização periódica de exames de rotina, como o toque retal e a dosagem de PSA. Por estar associado à idade e ao histórico familiar, homens com mais de 40-50 anos, ou com parentes próximos que tiveram câncer de próstata, precisam fazer o acompanhamento com o urologista.

Além disso, hábitos saudáveis de vida são fatores protetivos para o câncer de próstata. Atividade física, diminuição de bebidas alcoólicas, parar de fumar e alimentação rica em legumes, grãos, fibras e frutas com controle do peso ajudam na prevenção dessa doença. 

O Ministério da Saúde do Brasil não recomenda, entretanto, o rastreamento do câncer de próstata. Dessa forma, pacientes que não possuem sinais ou sintomas não são indicados para a realização dos exames.

Essa posição, também compartilhada pela OMS, concorda com o parecer da US Preventive Services Task Force Recommendation Statement (USPSTF). Ela é um órgão independente, cuja recomendação é não realizar investigação do câncer de próstata em pacientes acima dos 70 anos, o que foi chamado de recomendação D.

Para pacientes entre 55 e 69 anos, a recomendação é que a decisão pelo rastreamento do câncer seja tomada pelo paciente, quando este for informado pelo médico das possíveis consequências indesejadas, e escassez de benefícios, que essa conduta pode gerar. Estatisticamente, o rastreamento possui um potencial benefício muito pequeno de redução da mortalidade pelo câncer. Por outro lado, muitas consequências negativas são possíveis no processo de rastreamento, como: overdiagnosis e overtreatment do câncer, incontinência urinária, disfunção erétil e resultados falso-positivo. Dessa forma, a USPSTF não indica o rastreamento para essa faixa etária, que então só deve ser realizado se o paciente expressar preferência — recomendação C.

Os dados que reforçam a postura de não incentivar o rastreamento foram colhidos em grandes estudos. As pesquisas mostraram que o rastreamento feito com base na dosagem de PSA, em homens de 55 a 69 anos, pode prevenir 1,3 morte por câncer de próstata ao longo de 13 anos em um grupo de 1000 homens. Já esse mesmo rastreamento pode desenvolver incontinência urinária em cerca de 20% dos homens, e disfunção erétil em ⅔ deles. Assim, para cada uma morte por câncer de próstata evitada, existem 75 homens com disfunção erétil e/ou incontinência urinária.

Dessa forma, a USPSTF concluiu que o benefício do rastreamento do câncer de próstata em homens com idade de 55 e 69 anos é pequeno e para poucos homens. Além disso, para pacientes acima de 70 anos, os danos esperados causados pelo rastreamento superam os possíveis benefícios trazidos por ele.

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