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A fobia
As fobias fazem parte de um grupo de transtornos psiquiátricos, os transtornos ansiosos. Elas podem ser divididas entre fobias específicas e fobia social. A prevalência desse transtorno é bastante importante e pode chegar a 3,5% ao longo da vida para a fobia social e a quase 5% para casos de fobias específicas. Já a prevalência no último ano assume valores de 10,6% para fobia específica e de quase 4% para fobia social. É importante mencionar que a forma específica é o quadro psiquiátrico mais comum na comunidade.
Ansiedade
Como as fobias estão incluídas nos chamados transtornos ansiosos, é preciso abordar esse grupo de condições psiquiátricas. Existem várias manifestações clínicas dos transtornos ansiosos, cada um deles com suas especificidades, ferramentas diagnósticas recomendadas (estabelecidas de acordo com o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders-5, ou DSM-5) e tratamentos próprios. Além das fobias, esse grupo abrange quadros como o de transtorno de ansiedade generalizada, transtorno de pânico e transtorno de estresse pós-traumático.
Por definição, a ansiedade pode ser descrita como situação emocional cujo componente motivacional é negativo ou desfavorável. Determinadas características e queixas típicas relacionadas aos transtornos de ansiedade podem estar presentes em diversos indivíduos com graus diferentes de manifestação e intensidade. Entretanto, elas sempre devem ser investigadas para que o diagnóstico seja feito corretamente e os pacientes sejam tratados adequadamente.
Pacientes que sofrem de algum dos transtornos de ansiedade costumam apresentar queixas relacionadas ao bem-estar mental, o que, geralmente, é decorrente de algum desconforto, medo exagerado, inquietação psicológica ou preocupação desproporcional sobre situações comuns e diárias. Para a maioria dos pacientes, quadros ansiosos vêm acompanhados de consequências clínicas, isso acontece porque o próprio corpo passa a demonstrar sinais. Os mais comuns são:
- Boca seca;
- Calafrio;
- Tontura;
- Aperto ou dor no peito;
- Taquicardia;
- Sudorese;
- Urgência para urinar;
- Cólica abdominal;
- Sensação de vazio no estômago; e
- Tremor.
Muitas vezes, quadros ansiosos podem ser representados ou consequência de um conflito existente entre o medo, que faz com que o indivíduo evite o risco, e o desejo de sucesso.
Quadro clínico das fobias
Os sintomas são diversos e variam de acordo com o tipo da fobia que está presente. Em ambos os tipos, os sintomas físicos já citados podem estar presentes, além da principal queixa emocional.
Fobias específicas
São representadas por medo contínuo, intenso e irracional, que pode ser direcionado para um objeto, uma situação ou uma circunstância específica. A causa original da fobia é, normalmente, desconhecida e o medo em questão gera ansiedade e esquiva, muitas vezes de magnitude incapacitante.
Algumas das fobias mais comuns são relacionadas a medo de altura, aranha, trovão, água, fantasma, sangue, injeção, animais (principalmente ratos, cobras e aranhas), escuro, espaços fechados, dentistas, médicos e agulha.
Fobia social ou transtorno de ansiedade social
Dentro desse quadro, a principal característica que deve estar presente é o medo direcionado à interação com outros indivíduos. Alguns exemplos são mais comuns como o medo de falar em público, outros tendem a ser mais graves como medo de conversar com outras pessoas, de ficar em filas, de trabalhar com mais alguém no ambiente ou de comer em público. Muitas vezes, o paciente pode relatar um certo medo em receber uma correção negativa, reprovação, ser rejeitado ou humilhado, passar vergonha ou mesmo ofender a outros.
Há ainda, uma subclassificação dentro das fobias sociais que são o grupo de pacientes que apresenta como especificador o medo de situações relacionadas a desempenho, como reuniões do trabalho. Esses pacientes eram diagnosticados com transtorno de ansiedade social generalizada ou, um termo mais atual, fobia social ‘apenas de desempenho’.
Diagnóstico
Fobias específicas
A fobia específica pode ser diagnosticada pelos critérios diagnósticos estabelecidos pelo DSM-5, são eles:
- Medo ou ansiedade marcante sobre um objeto ou situação específica. Importante mencionar que nas crianças a verbalização de tal sentimento pode ser prejudicada, portanto, fatores como choro, agarrar os pais ou congelar podem ser indicativos;
- A situação ou objeto quase sempre provoca ansiedade ou medo imediatamente;
- A situação ou objeto são ativamente evitados ou, quando são confrontados, podem gerar ansiedade ou medo intenso;
- A ansiedade ou medo desencadeado é desproporcional ao real perigo presente seja representado por cotexto social, por uma situação específica ou por um objeto;
- A ansiedade, o medo ou a esquiva gerados devem persistir por, pelo menos, 6 meses e o paciente costuma relatar longos períodos de tempo com tal sentimento;
- A ansiedade, o medo ou a esquiva gerados provocam sofrimento que é clinicamente importante. Fatores como comprometimento ocupacional, social ou em outras áreas da vida do paciente também podem estar presentes, reforçando o aspecto incapacitante do transtorno; e
- O distúrbio não é melhor explicado por outro transtorno mental.
Fobia social ou transtorno de ansiedade social
A fobia social pode ser diagnosticada pelos critérios diagnósticos estabelecidos pelo DSM-5, são eles:
- Medo ou ansiedade marcante direcionada a uma ou diversas situações sociais nas quais o indivíduo é exposto a possível observação por outras pessoas. Existem diversas situações possíveis como interação social, desempenhar atividades ou funções na frente dos outros e ser observado, o que normalmente é interpretado pelo paciente como ser analisado. Alguns dos exemplos mais comuns são: se alimentar em público, ser ridicularizado após tentar discursar em público e conversar ou se encontrar com desconhecidos. Importante mencionar que, no caso de crianças, a observação da ocorrência desse critério deve ser feito na relação dela com outras crianças e não com adultos;
- O paciente tem medo de agir de alguma maneira ou, por exemplo, demonstrar sintomas de ansiedade que serão julgados por outros. Normalmente, o indivíduo relata medo de ser humilhado, rejeitado, ofendido ou de participar de alguma situação embaraçosa;
- Situações que envolvam outras pessoas, quase sempre, geram medo ou ansiedade. Importante mencionar que nas crianças a verbalização de tal sentimento pode ser prejudicada, assim, um dos indicativos pode ser o choro;
- As situações sociais são enfrentadas com ansiedade e/ou medo intenso ou são evitadas;
- A ansiedade, o medo ou a esquiva gerados devem persistir por, pelo menos, 6 meses e o paciente costuma relatar longos períodos de tempo com tal sentimento;
- A ansiedade, o medo ou a esquiva gerados provocam sofrimento que é clinicamente importante. Fatores como comprometimento ocupacional, social ou em outras áreas da vida do paciente também podem estar presentes, reforçando o aspecto incapacitante do transtorno;
- A ansiedade, o medo ou a esquiva gerados não são ocasionados por ação fisiológica de substâncias como medicações ou drogas;
- A ansiedade, o medo ou a esquiva gerados não são melhor explicados por sinais e sintomas de outros transtornos mentais existentes. Os que mais causam confusão são transtornos do espectro autista, transtorno de pânico e transtorno dismórfico corporal; e
- Caso outra condição médica estigmatizante esteja presente, a ansiedade, o medo e a esquiva gerados não devem estar relacionados ou estão presentes de forma exagerada. Algumas das condições médicas mais comuns são: obesidade, deformidades, amputações, feridas, cicatrizes, acne e doença de Parkinson.
Tratamento
O tratamento das formas de fobia existentes possui diversas abordagens, normalmente, associando algum tratamento medicamentoso com terapias. Além disso, a proposta terapêutica varia entre fobia social e fobia específica.
Fobia específica
A principal abordagem terapêutica utilizada para pacientes com fobia específica é a terapia cognitivo-comportamental. Dentro disso, a terapia de exposição mostrou-se superior a outras medidas psicoterapêuticas ou ao placebo e a exposição in vivo é superior a propostas imaginárias e/ou com realidade virtual.
Para alguns pacientes, parte do tratamento pode ser feito de forma farmacológica. Para prazos curtos e alguns minutos antes da exposição ao fator desencadeador da fobia, pode ser administrado um benzodiazepínico, tendo como exemplo 0,5 a 1,0 mg de lorazepam por via oral, ou um betabloqueador, como o propranolol na posologia de 10 a 40 mg por via oral.
Fobia social ou transtorno de ansiedade social
A principal abordagem costuma ser feita com psicoterapia cognitivo-comportamental cujo foco está na situação que desencadeia o medo no paciente. Por outro lado, a escolha farmacológica mais indicada é a administração de benzodiazepínicos ou betabloqueadores em poucos minutos antes da exposição à situação com desencadeante fóbico.
Caso o paciente apresente transtorno de ansiedade social generalizada, o tratamento medicamentoso é altamente incentivado. A principal classe de drogas empregadas são os inibidores seletivos da recaptação de serotonina, que apresentam elevada biossegurança e tolerabilidade por conta de uma taxa mais contida de efeitos colaterais importantes. Dentre os ISRS a sertralina e a paroxetina são as mais utilizadas. A classe dos ISRN, com destaque para a venlafaxina, mostrou-se eficaz no tratamento desse transtorno e os IMAO, apesar da dificuldade em ser utilizado e ajustado, também são eficientes.
A gabapentina, um anticonvulsivante, assim como a pregabalina, mostraram eficiência suficiente quando comparadas ao placebo e compõem uma proposta terapêutica que pode ser utilizada quando as outras abordagens não forem eficientes.
Vale ressaltar que apenas o tratamento medicamentoso não costuma ser suficiente e o indivíduo precisa passar por processos de dessensibilização das situações desencadeadoras de medo.
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