Olá, querido doutor e doutora! O gênero Acinetobacter tem ganhado destaque como um importante patógeno nosocomial, principalmente devido à sua capacidade de colonizar pacientes hospitalizados e sua resistência a múltiplas classes de antibióticos. Este texto explora aspectos microbiológicos, epidemiológicos e clínicos do Acinetobacter, além de abordagens diagnósticas e terapêuticas baseadas nas evidências mais recentes.
A diferenciação entre colonização e infecção é importante para evitar o uso inadequado de antimicrobianos e prevenir a resistência bacteriana.
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Conceito de Acinetobacter
O gênero Acinetobacter abrange bactérias gram-negativas, aeróbicas, não fermentadoras e frequentemente encontradas em ambientes como solo e água. Apesar de sua presença em habitats naturais, tornou-se conhecido principalmente como um patógeno oportunista em ambientes hospitalares. A espécie mais associada a infecções humanas é o Acinetobacter baumannii, responsável por infecções graves, especialmente em pacientes hospitalizados e imunossuprimidos. Essas bactérias são capazes de colonizar diversos fluidos corporais, como saliva, secreções respiratórias, urina e feridas, e apresentam resistência significativa a múltiplas classes de antibióticos.
Microbiologia do Acinetobacter
As bactérias do gênero Acinetobacter são gram-negativas, aeróbicas e não fermentadoras. Elas se destacam por sua natureza oxidase-negativa e pela ausência de motilidade. Essas características diferenciam o Acinetobacter de outros bacilos gram-negativos.
A membrana externa dessas bactérias contém lipopolissacarídeos (LPS) ou lipooligossacarídeos (LOS), que conferem resistência a antibióticos e maior sobrevivência em ambientes adversos. Além disso, algumas cepas possuem cápsulas que protegem contra o ataque do sistema imunológico, bem como pili que facilitam a formação de biofilmes, promovendo sua aderência a superfícies e dispositivos médicos.
Epidemiologia e Fatores de Risco do Acinetobacter
O Acinetobacter ganhou relevância clínica a partir da década de 1960, com o aumento das unidades de terapia intensiva nos hospitais. Embora tenha baixa virulência em indivíduos saudáveis, sua capacidade de sobreviver por longos períodos em superfícies e equipamentos médicos o torna altamente transmissível em ambientes hospitalares.
As infecções por Acinetobacter são predominantemente nosocomiais, ocorrendo principalmente em pacientes internados por períodos prolongados. Fatores como ventilação mecânica, uso de cateteres venosos centrais e exposição prolongada a antibióticos contribuem significativamente para o risco de infecção. Pacientes imunossuprimidos, com doenças pulmonares crônicas ou neutropenia febril, também apresentam maior suscetibilidade.
Casos de surtos hospitalares são comuns, geralmente envolvendo múltiplos pacientes. Além disso, ferimentos de guerra foram identificados como uma via de infecção, especialmente em soldados retornando de zonas de conflito, como no Iraque e Afeganistão. Nessas situações, a bactéria coloniza feridas, fluidos corporais e equipamentos médicos, complicando o tratamento.
Manifestações Clínicas do Acinetobacter
- Pneumonia: comumente associada à ventilação mecânica, caracteriza-se por febre, dificuldade para respirar, secreção purulenta e, em casos severos, insuficiência respiratória.
- Infecções de feridas e tecidos moles: podem ocorrer em feridas cirúrgicas, traumas ou queimaduras, com sinais como vermelhidão, edema, dor local e presença de secreção purulenta. Em situações avançadas, pode haver necrose tecidual.
- Infecções do trato urinário: observadas principalmente em pacientes com cateteres urinários, manifestam-se por febre, dor ao urinar e alterações na aparência ou no odor da urina.
- Bacteremia e sepse: relacionadas ao uso de dispositivos invasivos, essas infecções incluem febre alta, hipotensão e, em casos mais graves, comprometimento de múltiplos órgãos.
- Meningite: embora incomum, pode surgir após procedimentos neurocirúrgicos ou traumas cranioencefálicos, apresentando sintomas como febre, cefaleia intensa, rigidez de nuca e alterações neurológicas.
Colonização e Infecção do Acinetobacter
A colonização ocorre quando o Acinetobacter está presente em superfícies corporais ou fluidos sem causar doença ativa. Essa condição é comum em pacientes hospitalizados, especialmente em unidades de terapia intensiva, e pode ser detectada em amostras de secreções respiratórias, urina, ou feridas.
Pessoas colonizadas não apresentam sintomas de infecção, como febre ou sinais inflamatórios locais. No entanto, essas bactérias podem atuar como reservatórios, contribuindo para a transmissão a outros pacientes ou para o desenvolvimento de infecções futuras em indivíduos imunossuprimidos.
Já a infecção ocorre quando o Acinetobacter provoca doença ativa, manifestando-se com sintomas clínicos e sinais de inflamação. Os tipos de infecção mais comuns incluem pneumonia, bacteremia, infecções de feridas e meningite. Os sinais clínicos variam de acordo com o local acometido, podendo incluir febre, dor, secreções purulentas e sinais de disfunção orgânica.
A diferenciação entre colonização e infecção é feita por meio de uma análise cuidadosa dos achados clínicos e laboratoriais. Em pacientes colonizados, a ausência de sintomas e a estabilidade clínica ajudam a evitar tratamentos desnecessários. Por outro lado, na infecção, o manejo deve ser direcionado ao tratamento antimicrobiano adequado e, se necessário, à remoção de dispositivos invasivos contaminados.
Diagnóstico do Acinetobacter
- Culturas microbiológicas: a identificação da bactéria ocorre por meio do cultivo de amostras de sangue, secreções respiratórias, urina, feridas ou outros fluidos corporais. Esse processo também permite avaliar a sensibilidade da bactéria a antibióticos.
- Teste de suscetibilidade antimicrobiana: identifica os antibióticos mais eficazes contra a cepa isolada, sendo essencial para orientar a escolha do tratamento devido à resistência significativa desse patógeno.
- Exames de sangue: em casos de infecção sistêmica, podem ser observadas alterações como leucocitose e desvio à esquerda, indicando uma resposta inflamatória.
- Análise do líquido cefalorraquidiano (LCR): em casos de meningite, a coleta e análise do LCR ajudam a confirmar o diagnóstico, identificando alterações específicas e a presença do patógeno.
Tratamento do Acinetobacter
O tratamento das infecções por Acinetobacter é desafiador devido à elevada resistência antimicrobiana apresentada por muitas cepas. A abordagem terapêutica deve ser baseada nos resultados de testes de suscetibilidade antimicrobiana, com o objetivo de selecionar os medicamentos mais eficazes e minimizar a propagação de resistência.
Antibióticos Utilizados
- Carbapenêmicos: medicamentos como meropenem são frequentemente utilizados, embora a resistência a essa classe esteja se tornando mais comum.
- Sulbactam/durlobactam: representa uma alternativa eficaz contra cepas resistentes a carbapenêmicos.
- Polimixinas (colistina e polimixina B): usadas em infecções graves por cepas multirresistentes, apesar do potencial para efeitos colaterais renais e neurológicos.
- Amicacina: um aminoglicosídeo que pode ser eficaz em casos específicos.
- Tigeciclina e minociclina: alternativas úteis para cepas resistentes a outras classes.
- Rifampicina: em alguns casos, pode ser utilizada em combinação com outros antibióticos.
O período de tratamento varia entre 7 e 10 dias, dependendo da gravidade da infecção e da resposta clínica do paciente. Casos mais graves, como bacteremia ou infecção em pacientes imunossuprimidos, podem exigir terapias prolongadas e monitoramento rigoroso.
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Referências Bibliográficas
- CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). About Acinetobacter | Acinetobacter. Atlanta: CDC, 2024. Disponível em: https://www.cdc.gov/acinetobacter/about/index.html. Acesso em: 25 dez. 2024.
- BRADY, Mark F.; JAMAL, Zohaib. Acinetobacter | Treatment & Management | Point of Care. StatPearls, 2023. Disponível em: https://www.statpearls.com/point-of-care/17097. Acesso em: 25 dez. 2024.