Olá, querido doutor e doutora! A ancilostomíase é uma infecção parasitária causada por nematódeos do gênero Ancylostoma e Necator, transmitidos pelo contato com solo contaminado. Essa helmintíase está amplamente distribuída em regiões tropicais e subtropicais, onde a ausência de saneamento básico e hábitos de higiene inadequados favorecem a disseminação da doença. A infecção pode ser assintomática ou manifestar-se com sintomas gastrointestinais, anemia ferropriva e comprometimento nutricional, afetando principalmente crianças e gestantes.
O impacto da ancilostomíase vai além dos sintomas individuais, comprometendo o desenvolvimento físico e cognitivo de crianças e reduzindo a produtividade em adultos devido à anemia crônica.
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Conceito de Ancilostomíase
A ancilostomíase é uma infecção parasitária causada por nematódeos do gênero Ancylostoma e Necator, sendo as principais espécies envolvidas Ancylostoma duodenale e Necator americanus. Esses parasitas fazem parte do grupo dos geo-helmintos, pois sua transmissão ocorre por meio do contato com solo contaminado por larvas infectantes.
A ancilostomíase é considerada uma das doenças tropicais negligenciadas e representa um desafio para a saúde pública, exigindo estratégias preventivas eficazes, como o acesso a saneamento adequado, educação em saúde e administração periódica de anti-helmínticos em populações de risco.
Microbiologia do Ancylostoma
A ancilostomíase é causada por nematódeos da família Ancylostomatidae, sendo Ancylostoma duodenale e Necator americanus as principais espécies que infectam humanos. Esses parasitas são classificados como geo-helmintos, pois completam parte de seu ciclo de vida no solo antes de infectar o hospedeiro.
Morfologia
Os ancilostomídeos possuem corpo cilíndrico e alongado, com tamanho variando entre 7 e 13 mm para os machos e 9 a 15 mm para as fêmeas. A boca é equipada com estruturas especializadas para fixação na mucosa intestinal:
- Ancylostoma duodenale apresenta pares de dentes afiados.
- Necator americanus possui placas cortantes.
Essa adaptação permite que os parasitas perfurem os vasos sanguíneos e se alimentem diretamente do sangue do hospedeiro.
Ciclo de Vida
- Eliminação dos ovos: Os ovos são eliminados nas fezes e se desenvolvem no ambiente externo em condições de umidade e temperatura favoráveis.
- Desenvolvimento larval: Em poucos dias, os ovos eclodem liberando larvas rabditóides (L1), que evoluem para larvas filarioides (L3), a forma infectante.
- Infecção do hospedeiro: As larvas infectantes podem penetrar ativamente na pele ou ser ingeridas com alimentos ou água contaminados.
- Migração pelo organismo: Após atravessar a pele, as larvas entram na circulação sanguínea, atingem os pulmões e, por meio da traqueia, são deglutidas, chegando ao intestino delgado, onde amadurecem e se tornam adultos.
- Fixação e reprodução: No intestino, os vermes se fixam à mucosa e iniciam a alimentação e reprodução. As fêmeas podem liberar milhares de ovos por dia, perpetuando o ciclo.
Fatores de Risco para Ancilostomíase
A ancilostomíase é uma das infecções helmínticas mais prevalentes no mundo, afetando cerca de 470 milhões de pessoas, especialmente em regiões tropicais e subtropicais da América Latina, África e Sudeste Asiático. A distribuição geográfica varia conforme a espécie do parasito:
- Necator americanus predomina nas Américas, África e Sudeste Asiático.
- Ancylostoma duodenale é mais frequente na Europa, norte da África, China e Índia.
A infecção está fortemente associada a áreas com saneamento inadequado, alta umidade e temperaturas elevadas, que favorecem o desenvolvimento das larvas no solo. Grupos mais afetados incluem crianças em idade escolar, trabalhadores rurais e gestantes, sendo essa última uma população de alto risco devido ao impacto da anemia na saúde materno-fetal.
- Saneamento inadequado: a ausência de redes de esgoto e o uso de fezes humanas como fertilizante favorecem a contaminação do solo.
- Contato direto com solo contaminado: andar descalço em áreas onde há presença de larvas infectantes aumenta o risco de infecção.
- Falta de higiene pessoal: não lavar as mãos antes das refeições ou após o uso do banheiro pode levar à ingestão acidental das larvas.
- Condições climáticas: regiões quentes e úmidas facilitam a sobrevivência das larvas no ambiente.
- Densidade populacional elevada: locais com alta concentração de pessoas e infraestrutura precária favorecem a disseminação da infecção.
- Faixa etária: crianças em idade escolar são mais expostas ao solo contaminado e apresentam hábitos higiênicos menos rigorosos.
- Gestação: o aumento da demanda de ferro torna as gestantes mais suscetíveis aos efeitos da anemia por ancilostomíase.
- Ocupação: trabalhadores rurais, mineradores e aqueles que lidam diretamente com terra sem proteção adequada estão em maior risco.
Sintomas de Ancilostomíase
- Lesões cutâneas: a penetração das larvas na pele pode causar prurido e erupções avermelhadas, conhecidas como “coceira da terra”.
- Manifestações pulmonares: durante a migração larval, podem ocorrer tosse seca, sibilos e até pneumonia eosinofílica (síndrome de Löeffler).
- Desconforto gastrointestinal: dor abdominal, náuseas, diarreia intermitente e distensão abdominal podem estar presentes.
- Alterações hematológicas: a perda crônica de sangue no intestino pode levar à anemia ferropriva, resultando em fadiga, palidez e fraqueza.
- Comprometimento nutricional: deficiência de ferro e proteínas pode causar perda de peso, redução do apetite e atraso no crescimento infantil.
- Sintomas inespecíficos: tontura, cefaleia, irritabilidade e dificuldade de concentração podem estar associados à anemia e desnutrição.
Diagnóstico de Ancilostomíase
Exame Parasitológico De Fezes
A principal forma de diagnóstico da ancilostomíase é a análise microscópica das fezes para identificação dos ovos dos parasitas. Esse método é simples, acessível e utilizado em larga escala para triagem populacional.
Método de Kato-Katz
Essa técnica quantitativa permite estimar a carga parasitária ao contar o número de ovos por grama de fezes, auxiliando na classificação da intensidade da infecção e na avaliação da resposta ao tratamento.
Outros Testes Laboratoriais
Em casos de suspeita de infecção recente, a eosinofilia pode ser observada no hemograma, principalmente durante a fase de migração larval pelo pulmão. Além disso, pacientes com infecções mais intensas podem apresentar anemia ferropriva e hipoalbuminemia devido à perda sanguínea crônica no intestino.
Diagnóstico Diferencial
A ancilostomíase pode ser confundida com outras causas de anemia ferropriva e doenças gastrointestinais, como giardíase, amebíase e enteropatias. Em casos de manifestações pulmonares, deve-se considerar infecções respiratórias e outras parasitoses, como a estrongiloidíase.
Tratamento de Ancilostomíase
O manejo da ancilostomíase é feito com anti-helmínticos, sendo o albendazol (400 mg em dose única) e o mebendazol (100 mg, duas vezes ao dia, por três dias) as opções mais utilizadas. Em infecções mais intensas, um esquema prolongado pode ser necessário. Além da terapia antiparasitária, a suplementação de ferro e a correção de deficiências nutricionais são indicadas para tratar a anemia associada.
Evolução
Em infecções leves, a resposta ao tratamento costuma ser rápida, com melhora clínica significativa poucos dias após a administração do antiparasitário. Em casos de infecção moderada a grave, especialmente na presença de anemia severa, a recuperação pode ser mais lenta, exigindo acompanhamento nutricional e, em algumas situações, transfusão sanguínea. A reinfecção é frequente em áreas endêmicas, tornando essencial a adoção de medidas preventivas.
Complicações
A principal complicação da ancilostomíase é a anemia ferropriva crônica, que pode levar a fraqueza extrema, déficit de crescimento em crianças e impacto na capacidade cognitiva. Em gestantes, o risco de parto prematuro e baixo peso ao nascer é aumentado. Em infecções maciças, a perda sanguínea intensa pode causar desnutrição severa e edema devido à hipoalbuminemia. Além disso, a migração das larvas pode provocar pneumonite eosinofílica, conhecida como síndrome de Löeffler.
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Referências Bibliográficas
- BRASIL. Ministério da Saúde. Guia prático para o controle das geo-helmintíases. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2018. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_pratico_controle_geo-helmintiases.pdf. Acesso em: 4 fev. 2025.
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- CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC). About Hookworm – Soil-Transmitted Helminths. Atlanta, GA: CDC, 2024. Disponível em: https://www.cdc.gov/sth/about/hookworm.html. Acesso em: 4 fev. 2025.