Resumo de Apendagite Epiplóica: causas, tratamento e mais!
Annals of Translational Medicine.

Resumo de Apendagite Epiplóica: causas, tratamento e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A apendagite epiplóica é uma causa pouco conhecida de dor abdominal aguda que frequentemente imita condições mais graves, como apendicite ou diverticulite. Com o avanço da tomografia computadorizada, seu diagnóstico tem se tornado mais preciso, permitindo evitar intervenções desnecessárias. Trata-se de uma inflamação benigna e autolimitada dos apêndices epiplóicos, estruturas gordurosas aderidas ao cólon. 

A dor costuma ser localizada e o paciente, em geral, apresenta-se afebril e em bom estado geral.

Conceito 

A apendagite epiplóica é uma condição inflamatória aguda que acomete os apêndices epiplóicos, pequenas estruturas de tecido adiposo que se projetam ao longo da superfície externa do cólon. Esses apêndices podem sofrer torção ou trombose de sua drenagem venosa, levando a um processo de isquemia e inflamação localizada. Trata-se de uma entidade benigna, autolimitada e de apresentação clínica pouco específica, sendo frequentemente confundida com outras causas de abdome agudo, como diverticulite, apendicite ou torção ovariana. A identificação precisa depende, em grande parte, de exames de imagem, especialmente a tomografia computadorizada (TC).

Fisiopatologia  

Os apêndices epiplóicos são projeções de gordura recobertas por peritônio, fixadas à parede do cólon, especialmente nas regiões do ceco e sigmoide. Cada um desses apêndices é irrigado por pequenas artérias terminais e drenado por uma veia única. Essa vascularização limitada os torna vulneráveis a eventos como torção do pedículo ou trombose da veia de drenagem, o que compromete o suprimento sanguíneo.

A partir desse evento, ocorre isquemia tecidual, seguida por necrose gordurosa estéril e inflamação localizada. Esse processo inflamatório é restrito ao apêndice acometido e aos tecidos adjacentes, não se disseminando para o restante da cavidade peritoneal. Em casos mais avançados, o apêndice necrosado pode se desprender, transformando-se em corpos livres peritoneais calcificados, por vezes encontrados incidentalmente em exames de imagem.

Epidemiologia e fatores de risco

A apendagite epiplóica é uma condição relativamente rara, com incidência estimada em cerca de 8 a 9 casos por milhão de habitantes por ano. Embora possa acometer qualquer faixa etária, é mais comum entre os 30 e 50 anos, com leve predomínio no sexo masculino.

Entre os principais fatores de risco, destaca-se a obesidade abdominal, pois o aumento da gordura visceral favorece tanto o aumento do volume dos apêndices epiplóicos quanto a chance de sua torção. Além disso, a realização de atividades físicas intensas e a presença de hérnias abdominais são situações que aumentam a mobilidade e tração sobre os apêndices, facilitando o mecanismo fisiopatológico da torção.

Embora seja mais frequentemente diagnosticada em adultos, já foram descritos casos em crianças e idosos, especialmente com o avanço dos métodos de imagem como a tomografia computadorizada, que ampliou a capacidade de detecção dessa entidade.

Avaliação clínica

O sintoma predominante da apendagite epiplóica é a dor abdominal aguda e localizada, geralmente descrita como fixa e de início súbito. A dor ocorre com maior frequência no quadrante inferior esquerdo (QIE), mas também pode surgir no quadrante inferior direito ou outras regiões, dependendo da localização do apêndice inflamado.

Diferentemente de outras causas de abdome agudo, como apendicite ou diverticulite, os pacientes com apendagite epiplóica costumam apresentar bom estado geral, sem febre, náuseas ou vômitos. Ao exame físico, pode haver dor à palpação localizada, por vezes acompanhada de discreta defesa muscular, mas sem sinais de irritação peritoneal difusa.

Por sua apresentação clínica inespecífica, a condição frequentemente simula outras doenças abdominais mais graves, o que pode levar a investigações extensas ou até procedimentos cirúrgicos desnecessários quando o diagnóstico correto não é considerado precocemente.

Diagnóstico 

O diagnóstico de apendagite epiplóica é predominantemente radiológico, uma vez que os achados clínicos e laboratoriais são pouco específicos. O exame de escolha é a tomografia computadorizada (TC) de abdome, que permite identificar as alterações características da doença. Na TC, observa-se uma massa ovalada com densidade de gordura, geralmente entre 1,5 e 5 cm, adjacente ao cólon, cercada por um halo hiperatenuante que representa a reação inflamatória do peritônio. Um achado sugestivo é o “sinal do ponto central”, correspondente à trombose da veia central do apêndice acometido.

Nos exames laboratoriais, os resultados costumam ser normais ou apresentar leucocitose discreta e PCR pouco elevada. Esses achados não são suficientes para o diagnóstico, mas ajudam a afastar infecções sistêmicas.

A ultrassonografia abdominal também pode ser utilizada, principalmente em pacientes jovens ou gestantes, mostrando uma imagem hiperecogênica não compressível junto à parede do cólon, com ausência de fluxo ao Doppler.

A TCMD axial mostra uma massa ovoide (seta branca) com diâmetro máximo de 3,4 cm, com atenuação da gordura, circundada por um anel hiperdenso correspondente à reação inflamatória do peritônio visceral sobrejacente, anterior à parte distal do cólon descendente, indicativo de apendicite epiploica. Annals of Translational Medicine.

Diagnóstico diferencial

O diagnóstico diferencial inclui diversas condições que causam dor abdominal localizada, como diverticulite, apendicite, torção de ovário, gravidez ectópica, colecistite e infarto omental. Por isso, o reconhecimento dos achados radiológicos é essencial para evitar abordagens terapêuticas indevidas.

Tratamento 

O manejo da apendagite epiplóica é, na maioria dos casos, conservador e ambulatorial, sem necessidade de internação ou cirurgia. A abordagem consiste na prescrição de analgésicos e anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), com alívio dos sintomas geralmente em menos de duas semanas. Antibióticos não são indicados, pois o processo inflamatório é estéril.

O reconhecimento precoce da condição evita procedimentos desnecessários, como hospitalizações, uso de antimicrobianos ou até intervenções cirúrgicas exploratórias. Casos que não respondem ao tratamento clínico, ou em que há recorrência frequente ou dúvida diagnóstica persistente, podem ser tratados com ressecção laparoscópica do apêndice inflamado, uma opção segura e com recuperação rápida, embora raramente necessária.

É importante orientar o paciente quanto à evolução benigna do quadro e à possibilidade de sintomas residuais leves por alguns dias, mesmo após melhora clínica significativa.

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Referências Bibliográficas 

  1. PIGNATON, Gustavo et al. Apendagite Epiplóica: Tratamento Conservador. Revista Brasileira de Coloproctologia, v. 28, n. 3, p. 350-352, 2008.
  1. GIANNIS, Dimitrios et al. Epiploic appendagitis: pathogenesis, clinical findings and imaging clues of a misdiagnosed mimicker. Annals of Translational Medicine, v. 7, n. 24, p. 814, 2019. 
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