Resumo de Aspergilose: conceito, causas, tratamento e mais!
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Resumo de Aspergilose: conceito, causas, tratamento e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A aspergilose é uma infecção fúngica causada pelo gênero Aspergillus, podendo se manifestar de formas distintas, desde reações alérgicas até infecções invasivas graves. Afeta predominantemente indivíduos imunocomprometidos e pessoas com doenças pulmonares prévias. Este texto explora os aspectos microbiológicos, epidemiológicos, clínicos e terapêuticos da aspergilose.

A aspergilose invasiva apresenta alta mortalidade em indivíduos imunocomprometidos, podendo ultrapassar 50% nos casos mais graves.

Conceito de Aspergilose

A aspergilose é uma infecção fúngica causada por espécies do gênero Aspergillus, um fungo filamentoso amplamente distribuído no ambiente. A infecção ocorre principalmente pela inalação de esporos fúngicos, sendo mais comum em indivíduos imunocomprometidos. As manifestações clínicas variam desde formas alérgicas e crônicas até infecções invasivas graves, que podem comprometer múltiplos órgãos. O pulmão é o principal órgão afetado, mas o fungo pode atingir os seios da face, o sistema nervoso central e outros tecidos em casos mais severos.

O Gênero Aspergillus

O gênero Aspergillus pertence ao filo Ascomycota e compreende diversas espécies de fungos filamentosos de reprodução assexuada. Entre os principais agentes causadores da aspergilose, Aspergillus fumigatus é o mais prevalente, seguido por A. flavus, A. niger, A. terreus e A. nidulans. Esses fungos possuem conidióforos característicos, responsáveis pela produção de conídios, que são partículas microscópicas altamente dispersáveis no ambiente.

Os conídios do Aspergillus são pequenos, hidrofóbicos e resistentes a variações ambientais, o que facilita sua inalação. Em indivíduos imunocompetentes, os conídios são prontamente eliminados pelo sistema imunológico inato, principalmente por macrófagos alveolares e neutrófilos. No entanto, em pessoas imunocomprometidas, os conídios podem germinar e formar hifas que invadem os tecidos, levando a quadros infecciosos.

Um aspecto importante da patogenicidade do Aspergillus é sua capacidade de angioinvasão, promovendo trombose e necrose tecidual, especialmente em infecções invasivas. Além disso, algumas espécies podem produzir micotoxinas, como a aflatoxina, associada a efeitos tóxicos em humanos e animais.

Aspergillus Fumigatus. CDC

Fatores de Risco para Aspergilose 

A aspergilose é uma infecção fúngica com distribuição global, sendo mais prevalente em áreas urbanas e hospitalares devido à maior concentração de esporos em ambientes fechados. A forma invasiva da doença ocorre predominantemente em indivíduos imunocomprometidos, como pacientes submetidos a transplantes de órgãos sólidos ou medula óssea, pessoas com neoplasias hematológicas e aqueles em uso prolongado de corticosteroides ou terapia imunossupressora.

Estima-se que ocorram centenas de milhares de casos de aspergilose invasiva anualmente no mundo, com uma taxa de mortalidade que pode ultrapassar 50% em pacientes gravemente imunossuprimidos. A aspergilose crônica é mais frequente em indivíduos com doenças pulmonares estruturais, como tuberculose prévia, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e fibrose cística. Já a aspergilose broncopulmonar alérgica (ABPA) afeta principalmente pessoas com asma ou fibrose cística. Os principais fatores de risco incluem:

  • Imunossupressão: uso de imunossupressores, quimioterapia, transplante de órgãos ou medula óssea. 
  • Neutropenia prolongada: redução na contagem de neutrófilos facilita a invasão fúngica. 
  • Doenças pulmonares prévias: tuberculose, DPOC e outras condições crônicas favorecem a colonização fúngica. 
  • Ambientes hospitalares: obras, reformas e sistemas de ventilação contaminados aumentam a exposição a esporos. 
  • Exposição ocupacional: trabalhadores da construção civil, agricultores e profissionais da saúde podem ter maior risco de inalação de esporos.

Sintomas da Aspergilose

As manifestações clínicas da aspergilose variam conforme a forma da doença e o estado imunológico do paciente. Os sintomas podem ser leves em casos alérgicos ou progressivamente graves nas formas invasivas.

Aspergilose Broncopulmonar Alérgica (ABPA) 

Essa forma ocorre principalmente em pacientes com asma ou fibrose cística e está associada a uma resposta imune exacerbada ao Aspergillus. Os sintomas incluem: 

  • Tosse produtiva com secreções espessas e presença de tampões mucosos marrons;
  • Sibilância e dispneia recorrente; 
  • Febre baixa; e
  • Opacidades pulmonares transitórias nas imagens.

Aspergiloma 

Ocorre quando o fungo coloniza cavidades pulmonares pré-existentes, como em pacientes com tuberculose ou bronquiectasias. Caracteriza-se por: 

  • Tosse crônica;
  • Hemoptise recorrente, que pode ser leve ou grave;
  • Sensação de opressão torácica; e
  • Ausência de sintomas sistêmicos significativos.

Aspergilose Pulmonar Crônica 

Essa forma afeta indivíduos com doenças pulmonares estruturais e pode evoluir lentamente ao longo dos anos. Os sintomas incluem: 

  • Tosse persistente; 
  • Febre intermitente;
  • Perda de peso involuntária;
  • Fadiga e mal-estar geral; e 
  • Hemoptise ocasional.

Aspergilose Invasiva 

A forma mais grave da doença, acomete principalmente imunocomprometidos e pode disseminar-se para outros órgãos. Os sintomas iniciais são inespecíficos, mas incluem: 

  • Febre persistente e refratária a antibióticos;
  • Tosse seca ou produtiva;
  • Dispneia progressiva;
  • Dor torácica pleurítica;
  • Hemoptise; e
  • Sintomas neurológicos em casos de disseminação para o sistema nervoso central, como cefaleia e alterações do nível de consciência.

Diagnóstico da Aspergilose

Exames de Imagem 

A tomografia computadorizada (TC) de tórax é um dos exames mais utilizados para avaliação da aspergilose pulmonar. Achados sugestivos incluem o sinal do halo (nódulo circundado por opacidade em vidro fosco, característico da aspergilose invasiva) e o sinal do crescente aéreo (presente na fase tardia da infecção). No caso de aspergiloma, a TC revela uma massa fúngica móvel dentro de uma cavidade pulmonar. 

Aspergilose broncopulmonar alérgica. Starpearls

Exames Laboratoriais e Sorológicos 

O teste de galactomanana no soro e no lavado broncoalveolar é um biomarcador importante para o diagnóstico da aspergilose invasiva, especialmente em pacientes imunossuprimidos. Além disso, a pesquisa de 1,3-beta-D-glucana pode auxiliar na detecção de infecções fúngicas sistêmicas. A detecção de anticorpos IgG contra Aspergillus tem utilidade no diagnóstico da aspergilose crônica, enquanto a presença de IgE elevado é indicativa de ABPA. 

Exames Microbiológicos 

O isolamento do fungo em culturas de amostras clínicas, como escarro, lavado broncoalveolar ou biópsia pulmonar, pode confirmar a infecção. No entanto, a presença de Aspergillus em secreções respiratórias nem sempre indica infecção ativa, sendo necessária a correlação com outros achados clínicos e laboratoriais. O exame histopatológico das biópsias pode revelar hifas septadas ramificadas, típicas da infecção invasiva.

Diagnóstico Diferencial

A aspergilose deve ser diferenciada de outras doenças pulmonares, como tuberculose, histoplasmose, coccidioidomicose, pneumonias bacterianas e neoplasias pulmonares. Em pacientes com imunossupressão, a distinção entre aspergilose e outras infecções fúngicas invasivas, como mucormicose, é fundamental, pois o tratamento pode diferir.

Tratamento da Aspergilose

O manejo da aspergilose depende da forma clínica apresentada pelo paciente. Os antifúngicos da classe dos triazóis, como voriconazol, são a primeira linha no tratamento da aspergilose invasiva. Em casos de intolerância ou resistência, pode-se utilizar anfotericina B lipossomal ou equinocandinas, como caspofungina e micafungina.

Na aspergilose broncopulmonar alérgica (ABPA), o tratamento envolve corticosteroides para controle da resposta inflamatória e antifúngicos orais, como itraconazol, para redução da carga fúngica. Já no aspergiloma, a abordagem inicial pode ser conservadora, com monitoramento clínico e radiológico, sendo indicada a ressecção cirúrgica ou embolização em casos de hemoptise maciça.

Na aspergilose pulmonar crônica, o tratamento prolongado com itraconazol ou voriconazol por pelo menos seis meses pode ser necessário, podendo se estender por tempo indeterminado em casos de progressão da doença.

Evolução

A evolução da aspergilose varia conforme a forma clínica e a condição do paciente. A aspergilose invasiva tem um curso agressivo e, sem tratamento precoce, pode evoluir rapidamente para falência de múltiplos órgãos, com alta mortalidade. Já a aspergilose crônica tende a progredir lentamente ao longo de meses ou anos, levando a deterioração pulmonar progressiva se não tratada adequadamente.

Pacientes com ABPA podem ter exacerbações recorrentes, e o controle adequado com corticosteroides e antifúngicos reduz a frequência dos episódios e previne complicações pulmonares, como fibrose. O aspergiloma, por sua vez, pode permanecer estável por anos, mas há risco de crescimento e sangramento significativo, especialmente em indivíduos com cavitações pulmonares extensas.

Complicações

As complicações da aspergilose dependem da forma clínica e do grau de comprometimento pulmonar ou sistêmico. As principais incluem: 

  • Hemoptise grave, particularmente no aspergiloma e aspergilose crônica. 
  • Disseminação hematogênica, com acometimento de órgãos como cérebro, fígado, rins e coração, aumentando a gravidade da aspergilose invasiva. 
  • Fibrose pulmonar e bronquiectasias, especialmente na ABPA de longa duração sem tratamento adequado. 
  • Resistência antifúngica, tornando o tratamento mais desafiador e exigindo opções terapêuticas alternativas. 
  • Superinfecções bacterianas e fúngicas, devido à fragilidade imunológica e uso prolongado de antifúngicos e corticosteroides.

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Referências Bibliográficas 

  1. BRASIL. Ministério da Saúde. Aspergilose. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/aspergilose. Acesso em: 5 fev. 2025. 
  1. VUONG, Michaelia Fosses; HOLLINGSHEAD, Caitlyn M.; WAYMACK, James R. Aspergillosis. StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing, 2025. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK482241/. Acesso em: 5 fev. 2025.
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