Resumo de Bexigoma: formação, causas, diagnóstico e mais!
Semiologia UFF.

Resumo de Bexigoma: formação, causas, diagnóstico e mais!

Olá, querido doutor e doutora! O bexigoma, ou globo vesical, é uma condição caracterizada pela distensão anormal da bexiga devido à retenção urinária significativa. Pode ocorrer em diversas situações clínicas, desde obstruções mecânicas, como a hiperplasia prostática benigna, até disfunções neurológicas que comprometem a contração do detrusor. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para evitar complicações como infecções urinárias, insuficiência renal obstrutiva e disfunção vesical permanente.

Em casos de retenção urinária severa, o aumento da pressão dentro da bexiga pode ultrapassar a resistência do esfíncter uretral, resultando no extravasamento involuntário de pequenas quantidades de urina.

Conceito de Bexigoma 

O bexigoma, ou globo vesical, é caracterizado pela distensão excessiva da bexiga devido à retenção significativa de urina. Esse acúmulo ocorre quando há uma falha no esvaziamento vesical, seja por obstrução mecânica da uretra, disfunção neuromuscular do detrusor ou interferência no controle neural da micção. Como resultado, a bexiga se expande além de sua capacidade habitual, podendo atingir volumes superiores a um litro, gerando sintomas como desconforto suprapúbico, dor e, em alguns casos, perda involuntária de urina devido à pressão excessiva sobre o esfíncter uretral.

Formação do Bexigoma 

Mecanismos de Controle da Micção 

O processo de micção é regulado por um sistema neuromuscular coordenado que envolve o sistema nervoso central, o sistema nervoso autônomo e a musculatura da bexiga. O músculo detrusor, que compõe a parede vesical, é ativado pelo sistema parassimpático para promover a contração e o esvaziamento urinário. Durante o enchimento da bexiga, a atividade simpática predomina, relaxando o detrusor e contraindo o esfíncter uretral interno para evitar a micção involuntária. Esse equilíbrio entre contração e relaxamento garante o armazenamento adequado da urina e sua eliminação voluntária quando necessário.

Alterações no Controle Neuromuscular 

No bexigoma, a comunicação entre o sistema nervoso e a bexiga é prejudicada, levando à falha no esvaziamento vesical. Em distúrbios neurológicos, como lesões medulares e doenças neurodegenerativas, ocorre a interrupção dos estímulos necessários para a contração do detrusor, resultando em retenção urinária progressiva. Além disso, o uso de medicamentos com ação anticolinérgica, opioides e anestésicos pode inibir a atividade do sistema parassimpático, reduzindo a contratilidade vesical e favorecendo o acúmulo de urina.

Causas de Bexigoma  

Obstrução do Trato Urinário 

Uma das principais causas do bexigoma é a obstrução do fluxo urinário, impedindo o esvaziamento adequado da bexiga. Em homens, a hiperplasia prostática benigna (HPB) é uma das etiologias mais comuns, pois o crescimento prostático pode comprimir a uretra, dificultando a micção. Além disso, estenoses uretrais, cálculos vesicais volumosos e tumores pélvicos também podem restringir a passagem da urina, levando à distensão progressiva da bexiga. 

Disfunções Neurológicas 

As condições neurológicas podem comprometer a comunicação entre a bexiga e o sistema nervoso, resultando em falha na contração do detrusor ou no relaxamento inadequado do esfíncter uretral. Doenças como esclerose múltipla, lesões medulares, neuropatia diabética e doença de Parkinson podem interferir na coordenação da micção, predispondo à retenção urinária crônica e ao desenvolvimento do bexigoma.

Efeitos Adversos de Medicamentos 

Certos medicamentos podem afetar a função vesical ao interferirem na contração do detrusor ou na abertura do esfíncter uretral. Fármacos com ação anticolinérgica, como antidepressivos tricíclicos e antiespasmódicos, reduzem a atividade do sistema parassimpático, dificultando a contração da bexiga. Opioides, anestésicos e bloqueadores adrenérgicos também podem induzir retenção urinária ao afetarem a atividade neuromuscular do trato urinário. 

Hipocontratilidade do Detrusor 

O enfraquecimento da musculatura da bexiga pode levar à incapacidade de gerar uma contração eficaz para o esvaziamento urinário. Essa condição pode ser consequência de distensão vesical crônica, diabetes mellitus, idade avançada ou lesões iatrogênicas, como aquelas decorrentes de cirurgias pélvicas. O detrusor hipoativo resulta na retenção progressiva de urina e no risco de desenvolver bexigoma.

Fatores Pós-Cirúrgicos e Anestésicos 

Procedimentos cirúrgicos, especialmente os que envolvem a região pélvica, podem causar retenção urinária temporária ou prolongada. A anestesia geral e bloqueios espinhais podem inibir os reflexos da micção, dificultando o esvaziamento vesical no pós-operatório. Pacientes submetidos a cirurgias urológicas, ginecológicas ou ortopédicas, como artroplastias de quadril, apresentam maior risco de retenção urinária e distensão da bexiga. 

Distúrbios Funcionais e Psicogênicos 

Em alguns casos, o bexigoma pode ocorrer sem uma causa estrutural evidente, sendo associado a fatores funcionais ou psicogênicos. O medo de urinar em locais públicos (parurese) ou distúrbios psiquiátricos podem levar à inibição voluntária da micção, favorecendo a retenção urinária prolongada. Além disso, condições como disfunção miccional infantil e bexiga neurogênica podem predispor ao desenvolvimento da condição.

Sintomas do Bexigoma 

  • Distensão suprapúbica e dor abdominal: a retenção urinária progressiva leva ao acúmulo excessivo de urina na bexiga, resultando em uma distensão visível e palpável na região suprapúbica. Essa distensão pode ser acompanhada por desconforto ou dor abdominal, que pode variar de uma sensação de pressão a dor intensa, dependendo do grau de distensão vesical e da sensibilidade do paciente. 
  • Sensação de urgência e incapacidade de urinar: pacientes com bexigoma frequentemente relatam um desejo intenso de urinar, porém sem sucesso ao tentar esvaziar a bexiga. Esse sintoma ocorre devido ao aumento da pressão intravesical e à falha no relaxamento adequado do esfíncter uretral ou na contração do detrusor.
  • Incontinência paradoxal (urina por extravasamento): em casos de retenção urinária severa, o aumento da pressão dentro da bexiga pode ultrapassar a resistência do esfíncter uretral, resultando no extravasamento involuntário de pequenas quantidades de urina. Esse quadro, conhecido como incontinência paradoxal, ocorre porque a bexiga está excessivamente cheia, mas sem contrações eficazes para um esvaziamento adequado. 
  • Redução ou ausência do jato urinário: pacientes com bexigoma podem apresentar fluxo urinário fraco, intermitente ou até mesmo a incapacidade total de urinar. Essa dificuldade ocorre tanto em casos de obstrução mecânica do trato urinário quanto em disfunções neuromusculares que comprometem a contração vesical. 
  • Desconforto lombar e sintomas sistêmicos: nos casos mais avançados, quando há retenção urinária crônica com impacto na função renal, o paciente pode apresentar sintomas adicionais, como dor lombar associada a hidronefrose e manifestações sistêmicas, como náuseas, fadiga e edema devido à disfunção renal secundária à obstrução urinária prolongada.
Bexigoma. Scielo.

Diagnóstico de Bexigoma 

História clínica e exame físico

A avaliação inicial do paciente com suspeita de bexigoma envolve a coleta da história clínica e o exame físico detalhado. O paciente pode relatar sintomas como dificuldade para urinar, sensação de esvaziamento incompleto, dor suprapúbica e incontinência paradoxal. No exame físico, a palpação da região suprapúbica pode revelar uma bexiga distendida, percebida como uma massa arredondada e tensa, que pode ser sensível à palpação.

Ultrassonografia da bexiga

O exame de ultrassonografia vesical é uma ferramenta essencial para confirmar a presença de retenção urinária e determinar o volume residual pós-miccional. Valores acima de 300 mL de urina residual após a micção indicam disfunção no esvaziamento da bexiga e sugerem um quadro de bexigoma. Em casos mais graves, o volume retido pode ultrapassar 1000 mL. 

Cateterismo vesical

A passagem de um cateter urinário pode ser utilizada tanto como método diagnóstico quanto terapêutico. O volume urinário drenado após a cateterização auxilia na confirmação do diagnóstico e na avaliação da gravidade da retenção urinária. Se um grande volume for drenado imediatamente após a inserção do cateter, o diagnóstico de bexigoma se torna evidente.

Diagnóstico Diferencial

O diagnóstico diferencial do bexigoma inclui condições como bexiga neurogênica, obstrução uretral por cálculos, infecção urinária com retenção, prostatite aguda, bexiga hipoativa e lesões medulares que afetam o controle da micção.

Tratamento do Bexigoma 

O manejo do bexigoma depende da gravidade da retenção urinária e da causa subjacente. O alívio imediato da retenção urinária é feito por meio do cateterismo vesical, que pode ser realizado de forma intermitente ou com a inserção de um cateter de demora para drenagem contínua. Em casos de obstrução grave ou impossibilidade de passagem do cateter, a cistostomia suprapúbica pode ser indicada.

O tratamento definitivo é direcionado à etiologia da retenção urinária. Em casos de hiperplasia prostática benigna (HPB), podem ser usados bloqueadores alfa-adrenérgicos (ex.: tamsulosina) e inibidores da 5-alfa-redutase (ex.: finasterida), ou, se necessário, procedimentos como a ressecção transuretral da próstata (RTU-P). Já nas disfunções neuromusculares, a abordagem pode envolver reabilitação urológica, uso de medicações que estimulam a contração vesical (ex.: betanecol) e, em alguns casos, neuromodulação sacral.

Evolução

A evolução do bexigoma varia conforme a rapidez do diagnóstico e a eficácia do tratamento. Se tratado precocemente, a função vesical pode ser restaurada sem sequelas significativas. Pacientes com retenção urinária crônica podem desenvolver hipocontratilidade do detrusor, resultando na necessidade de cateterismo intermitente prolongado. A depender da etiologia, alguns casos evoluem para bexiga neurogênica, exigindo monitoramento e terapias específicas para evitar complicações urinárias e renais.

Complicações

A principal complicação do bexigoma é a disfunção vesical permanente, que pode levar à necessidade de esvaziamento vesical assistido de forma definitiva. O acúmulo prolongado de urina na bexiga favorece a infecção do trato urinário (ITU), podendo evoluir para pielonefrite e, em casos mais graves, sepse urinária. Além disso, a pressão intravesical elevada pode causar hidronefrose e comprometer a função renal, resultando em insuficiência renal obstrutiva. Pacientes com distensão vesical crônica também têm maior risco de formação de cálculos vesicais e, raramente, rotura da bexiga devido ao excesso de pressão intravesical.

Venha fazer parte da maior plataforma de Medicina do Brasil! O Estratégia MED possui os materiais mais atualizados e cursos ministrados por especialistas na área. Não perca a oportunidade de elevar seus estudos, inscreva-se agora e comece a construir um caminho de excelência na medicina! 

Veja Também

Canal do YouTube 

Referências Bibliográficas 

  1. LANZOTTI, Nicholas J.; TARIQ, Muhammad Ali; BOLLA, Srinivasa Rao. Physiology, Bladder. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing, 2025. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK538533/. Acesso em: 08 fev. 2025. 
  1. DOUGHERTY, Joseph M.; LESLIE, Stephen W.; AEDDULA, Narothama R. Male Urinary Retention: Acute and Chronic. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing, 2025. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK538499/. Acesso em: 08 fev. 2025.
Você pode gostar também