Olá, meu Doutor e minha Doutora! O carcinoma espinocelular é o segundo tipo de câncer de pele mais comum na população. Ele tem origem na camada espinhosa da epiderme e se manifesta de várias formas diferentes, por isso, é importante conhecermos cada uma delas.
Então vem com o Estratégia MED entender e aprender a diagnosticar o carcinoma espinocelular e, ao final, separei uma questão de prova para resolvermos juntos!
“Educação não transforma o mundo, educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo! ”
Paulo Freire
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O que é o Carcinoma Espinocelular
O carcinoma espinocelular (CEC), também chamado de carcinoma epidermoide ou carcinoma de células escamosas, é um câncer de pele não-melanoma decorrente da proliferação maligna de queratinócitos da camada espinhosa.
Epidemiologia do Carcinoma Espinocelular
O carcinoma espinocelular é o segundo tipo de câncer de pele mais comum na população em geral, representando 15% dos cânceres de pele. É mais comum em homens e caucasianos e a incidência aumenta com a idade, com maior prevalência aos 70 anos.
O principal fator de risco para o desenvolvimento do CEC é a exposição crônica a radiação ultravioleta (principalmente o UVB). Além disso, pacientes imunodeprimidos possuem maior risco de desenvolver CEC e, é o câncer de pele mais comum em pacientes pós-transplantados de órgãos sólidos.
Manifestações clínicas do Carcinoma Espinocelular
As manifestações clínicas variam conforme o tipo e a localização da lesão, sendo mais comum em áreas expostas ao sol como a superfície cutânea, incluindo cabeça, pescoço, tronco, extremidades, mucosa oral, pele periungueal e áreas genitais. As síndromes clínicas mais comuns são:
- Doença de Bowen: apresenta-se como uma placa eritematosa, bem delimitada, descamativa, localizada em áreas expostas ao sol.
- Eritroplasia de Queyrat: apresenta-se como uma placa eritematosa, aveludada e bem definida na região do pênis.
- CEC invasivo: o quadro clínico varia conforme o nível de diferenciação tumoral:
- As lesões pouco diferenciadas geralmente aparecem como pápulas ou nódulos carnosos e granulomatosos semelhantes a granuloma piogênico que não apresentam a hiperceratose.
- As lesões bem diferenciadas geralmente aparecem como pápulas, placas ou nódulos hiperceratóticos endurecidos.
Ainda podemos ter outras variantes clínicas como o ceratoancatoma, carcinoma verrucoso, úlcera de Marjolin e carcinoma oral e labial.
Diagnóstico do Carcinoma Espinocelular
Para confirmar o diagnóstico é necessário realizar a biopsia da lesão, onde os achados variam conforme a síndrome clinica apresentada pelo paciente. A biopsia também será útil para o estadiamento e prognóstico tumoral.
Estadiamento do Carcinoma Espinocelular
Após o diagnóstico, realizamos a estratificação de risco, já que cerca de 2 a 5% dos CECs sofrem metástases para linfonodos regionais ou locais mais distantes. As características que influenciam o risco de recidiva e metástase incluem a localização do tumor, a profundidade do tumor, o tamanho e as características histológicas, bem como as características dos pacientes e comorbidades.
Segundo as diretrizes da NCCN de 2021, a estratificação de risco para CECs são:
- CEC de baixo risco:
- Lesões primárias bem definidas <2 cm localizadas no tronco ou extremidades (excluindo tíbia, mãos, pés, unidades ungueais e tornozelos);
- Tumor primário; e
- Tumor histopatologicamente bem ou moderadamente diferenciado, ≤6 mm de espessura e sem invasão além da gordura subcutânea, sem invasão perineural, linfática ou vascular.
- CEC de alto risco:
- Lesões ≥2 cm localizadas no tronco ou extremidades (excluindo tíbia, mãos e pés);
- Lesões de qualquer tamanho localizadas na cabeça, pescoço, mãos, pés, tíbia e região genital;
- Tumor recorrente; e
- Subtipos histopatologicamente acantolíticos (adenoides), adenoescamosos (mostrando produção de mucina) ou metaplásicos (carcinossarcomatosos), com invasão perineural, linfática ou vascular.
Tratamento do Carcinoma Espinocelular
A escolha do tratamento visa a remoção completa do tumor primário, prevenindo metástases.
Para CECs de baixo risco, as opções de tratamento incluem:
- Excisão cirúrgica, incluindo cirurgia micrográfica de Mohs;
- Curetagem e eletrodissecação;
- Crioterapia;
- Terapia fotodinâmica; e
- Radioterapia (para candidatos não cirúrgicos).
Para os CECs de alto risco, as opções de tratamento são:
- Excisão cirúrgica precoce e agressiva;
- Terapia sistêmica com inibidor de checkpoint imune ou quimioterapia; e
- Radioterapia.
Cai na Prova
Acompanhe uma questão feita pela Associação Médica do Rio Grande do Sul (ARMGS) em 2018 sobre o carcinoma espinocelular (disponível no banco de questões do Estratégia MED):
(ARMGS – 2018) Paciente masculino, 60 anos, previamente hígido, apresenta-se à consulta com uma lesão cutânea de 5 cm de diâmetro localizada na face anterior da perna esquerda, com bordos mal definidos, uma ulceração central, hiperemiada e indolor à palpação. Refere sangramento esporádico e que, há muitos anos, teve uma queimadura, no mesmo local, por queda em um reservatório de soda cáustica. O diagnóstico mais provável nesse caso é:
A) Carcinoma basocelular.
B) Carcinoma espinocelular.
C) Ceratose senil.
D) Úlcera varicosa.
E) Leishmaniose tegumentar
Comentário da Equipe EMED
Estamos diante de um paciente com uma lesão tumoral ulcerada de 5 cm de diâmetro e bordos mal definidos. O examinador dá uma dica importante referindo que, há muitos anos, o paciente teve queimadura no local. Ora, o tumor maligno cutâneo mais comum que ocorre sobre cicatrizes prévias é o carcinoma espinocelular, portanto alternativa B.
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Referências Bibliográficas
- LIM, JL. ASGARI, M. Cutaneous squamous cell carcinoma (cSCC): Clinical features and diagnosis. Uptodate, 2022. Disponível em: Uptodate
- LIM, JL. ASGARI, M. Cutaneous squamous cell carcinoma: Epidemiology and risk factors. Uptodate, 2022. Disponível em: Uptodate