Resumo de disfunção temporomandibular: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de disfunção temporomandibular: diagnóstico, tratamento e mais!

A disfunção temporomandibular (DTM) é comumente encontrada pelos profissionais de cuidados primários. Confira agora os principais aspectos referentes a esta condição, que podem aparecer nos seus atendimentos. 

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Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à disfunção temporomandibular.

  • Cada articulação temporomandibular é formada por um côndilo mandibular e sua correspondente cavidade temporal (fossa glenóide e eminência articular). 
  • A patologia primária parece ser uma condição degenerativa causando anormalidades da posição discal intra-articular ou sua estrutura, bem como disfunção da musculatura associada. 
  • O principal sintoma é a dor orofacial unilateral que piora a movimentação da boca. 
  • A ressonância magnética é o exame de imagem que melhor avalia a ATM. 
  • O tratamento envolve medidas comportamentais, fisioterapia, uso de AINES e relaxantes musculares, injeções na ATM e, em último caso, cirurgia.  

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Definição da doença

As disfunções temporomandibulares (DTM) são um grupo de condições que causam dor orofacial não dentária Ao longo do tempo tem sido classificada de diversas formas, mas recentemente razoavelmente classificadas como um subtipo de cefaléia secundária. 

Epidemiologia e fisiopatologia da disfunção temporomandibular

A DTM são as queixas de dor não dentária mais comum na região maxilofacial. Uma revisão sistemática sugeriu uma prevalência de 31% em adultos e 1%  em crianças. É mais comum em adultos jovens até 45 anos de idade, com discreta predominância em mulheres (1,5:1).

Patogênese

Cada articulação temporomandibular (ATM) é formada por um côndilo mandibular e sua correspondente cavidade temporal (fossa glenóide e eminência articular). A ATM desempenha um papel essencial na orientação do movimento mandibular e na distribuição das tensões produzidas pelas tarefas diárias, como mastigação, deglutição e fala.  Os músculos envolvidos nos movimentos incluem masseter, temporal e pterigóides medial e lateral. 

Crédito: Murphy MK et al., 2013.  PubMed

Vários fatores podem contribuir para o desenvolvimento de sintomas de disfunção temporomandibular (DTM), incluindo trauma na ATM, má postura da cabeça e cervical, outras comorbidades médicas, doenças articulares como artrite reumatoide e bruxismo,  transtornos do humor e ansiedade, má qualidade do sono e tabagismo. 

A patologia primária parece ser uma condição degenerativa, como osteoartrite ou osteoartrose, causando anormalidades da posição discal intra-articular ou estrutura, bem como disfunção da musculatura associada. Até 70% dos pacientes com DTM sofrem um desarranjo interno com mau posicionamento do disco da ATM. 

Outras alterações incluem alteração morfológica mínima no côndilo e eminência articular à luz dos processos adaptativos normais, principalmente em pacientes assintomáticos. Alterações osteoartríticas também são observadas, como deterioração e abrasão da cartilagem articular e espessamento e remodelação do osso subjacente. 

Manifestações clínicas de disfunção temporomandibular

A dor orofacial geralmente é unilateral, podendo ser aguda ou crônica, variando de intensidade, geralmente agravada pelo movimento da mandíbula. Frequentemente irradia para a região posterior do pescoço, pode irradiar para outros locais da face ipsilateral. 

Outros sinais de disfunção da mandíbula e da ATM podem estar presentes, como diminuição da amplitude de movimento mandibular e travamento intermitente da mandíbula. Estalos com o movimento da mandíbula podem estar presentes antes mesmo da dor.  Outros sintomas comuns incluem dor de ouvido, cefaleia frontal ou temporal.  

Diagnóstico da disfunção temporomandibular

Durante o exame físico devem ser observados qualquer desvio ou protrusão mandibular com o movimentos de abertura da boca, alinhamento normal dos dentes superiores e inferiores, além da amplitude da abertura da boca. A abertura funcional normal é de 35 a 55 mm, enquanto que em pacientes com DTM pode ser menor que 25mm. 

O côndilo mandibular e os músculos da mastigação devem ser palpados em repouso e durante a abertura da boca, avaliando a sensibilidade muscular e presença de crepitações ao movimento da articulação. 

Para maioria dos pacientes o diagnóstico pode ser feito através da anamnese e exame físico. Os exames de imagem são realizados em caso de sintomas mais intensos e graves, como impossibilidade de se alimentar com sólidos, e aqueles com sintomas persistentes.  

A radiografia simples é comumente solicitada, mas não fornece informações valiosas sobre dentição, alinhamento e simetria mandibular.  Quando mais informações são desejadas, a ressonância magnética é o padrão-ouro para a imagem da ATM e é útil para avaliar o estado das estruturas ósseas e não ósseas da ATM, como os músculos mastigatórios , ligamentos e disco cartilaginoso. Outros exames incluem radiografia panorâmica e TC de feixe cônico. 

Degeneração bilateral da ATM. TC coronal da ATM mostrando sinais de osteoartrite. Erosões superficiais e osteófitos presentes na articulação esquerda (lado direito) e cisto subcondral presente na articulação direita (lado esquerdo).  Crédito: Murphy MK et al., 2013.  PubMed
Ressonância magnética (MRI) mostrando disco deslocado anteriormente na posição de boca fechada e aberta em um paciente com mandíbula travada. Crédito: Li DTS, Leung YY, 2021.

Tratamento da disfunção temporomandibular

Os objetivos do tratamento para DTM incluem redução da dor e melhora da função mandibular. O tratamento inicial é feito com medidas de educação e autocuidado, que  incluem postura ideal da cabeça, bem como evitar gatilhos, como roer unhas ou mastigar canetas, se esses fatores foram identificados como contribuintes. 

A fisioterapia em serviço especializado pode contribuir para melhora dos sintomas e reeducação mastigatória. Exercícios de mandíbula incluem a abertura isométrica da mandíbula e impulso isométrico da mandíbula para a frente.

Abertura isométrica da mandíbula. Crédito: Uptodate
Impulso isométrico da mandíbula para a frente. Uptodate.

Os antiinflamatórios não-esteroides (AINE) são considerados terapia farmacológica de primeira linha. Para pacientes com sensibilidade nos músculos da mastigação, pode ser feita a associação com um relaxante muscular esquelético. 

Para pacientes com sintomas de DTM refratários ao tratamento não invasivo as opções de tratamento incluem injeções musculares no ponto-gatilho, injeções de toxina botulínica e injeções intra-articulares, realizados por especialista, geralmente cirurgião maxilofacial.

Pacientes com patologia anatômica estrutural na imagem, travamento mandibular persistente grave o suficiente para interferir nas atividades da vida diária, apesar de três a seis meses de tratamento conservador, a cirurgia com especialista maxilofacial geralmente é indicada.

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Li DTS, Leung YY. Temporomandibular Disorders: Current Concepts and Controversies in Diagnosis and Management. Diagnostics (Basel). 2021 Mar 6;11(3):459. doi: 10.3390/diagnostics11030459. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8000442/
  • Murphy MK, MacBarb RF, Wong ME, Athanasiou KA. Temporomandibular disorders: a review of etiology, clinical management, and tissue engineering strategies. Int J Oral Maxillofac Implants. 2013 Nov-Dec;28(6):e393-414. doi: 10.11607/jomi.te20. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4349514/
  • Temporomandibular disorders in adults. Uptodate
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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