Olá, querido doutor e doutora! O eritrasma é uma infecção cutânea superficial comum, causada por Corynebacterium minutissimum, que frequentemente acomete áreas de dobras sob condições de calor, umidade e atrito. Embora muitas vezes assintomático, pode ser confundido com dermatoses fúngicas, exigindo atenção clínica para diagnóstico correto. A fluorescência vermelho-coral sob luz de Wood é característica. O tratamento inclui antibióticos tópicos ou orais, associados a medidas de higiene e controle ambiental.
Em pacientes imunossuprimidos, o eritrasma pode evoluir para formas invasivas, incluindo celulite, abscessos e endocardite.
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Conceito
O eritrasma é uma infecção bacteriana superficial, localizada principalmente em áreas de dobras cutâneas, como virilhas, axilas e espaços interdigitais. A doença é causada pelo Corynebacterium minutissimum, uma bactéria gram-positiva que habitualmente faz parte da microbiota da pele. Em condições de umidade, calor e atrito, essa bactéria deixa seu estado comensal e passa a colonizar a camada córnea da epiderme, provocando manchas acastanhadas bem delimitadas, com ou sem descamação. Por sua aparência clínica, o eritrasma costuma ser confundido com infecções fúngicas ou dermatites inflamatórias.
Agente etiológico
O agente responsável pelo eritrasma é o Corynebacterium minutissimum, uma bactéria gram-positiva, catalase-positiva, aeróbia facultativa e não formadora de esporos. Esse microrganismo integra a flora normal da pele, mas pode se tornar patogênico em ambientes propícios — especialmente em áreas úmidas, quentes e com pouca ventilação.
Sua capacidade de colonizar a epiderme está associada à produção de coproporfirina III, substância fluorescente que permite a detecção das lesões sob luz de Wood. Em casos raros e principalmente em pacientes imunossuprimidos, o C. minutissimum pode invadir tecidos mais profundos e provocar quadros como celulite, abscessos, endocardite e bacteremia.
Transmissão
A transmissão do eritrasma ocorre de forma indireta, sendo favorecida por condições ambientais e comportamentais que promovem a proliferação do Corynebacterium minutissimum. Embora esse microrganismo faça parte da flora normal da pele, ele pode se tornar patógeno em contextos específicos, especialmente em regiões úmidas, quentes e mal ventiladas.
A disseminação pode acontecer:
- Por contato direto pele a pele, em ambientes de convívio coletivo como academias, quartéis ou instituições de longa permanência.
- Por fômites contaminados, como toalhas, roupas íntimas ou calçados, especialmente se não forem higienizados adequadamente.
- Por autoinoculação, quando o paciente já colonizado espalha a bactéria para outras áreas do corpo ao coçar ou manipular as lesões.
Apesar de sua baixa contagiosidade em pessoas saudáveis, o risco de disseminação aumenta em pacientes com imunossupressão, diabetes descontrolado ou má higiene, o que pode resultar em formas clínicas mais extensas ou recorrentes.
Epidemiologia e fatores de risco
O eritrasma apresenta distribuição global, mas sua prevalência é maior em regiões tropicais e subtropicais, devido às condições ambientais de calor e umidade. Acomete preferencialmente adultos, sendo pouco frequente em crianças, e pode ocorrer em ambos os sexos, embora alguns estudos apontem maior incidência em homens.
Entre os fatores que favorecem o surgimento da infecção, destacam-se:
- Obesidade;
- Diabetes mellitus;
- Hiperidrose;
- Higiene pessoal inadequada;
- Idade avançada;
- Imunossupressão;
- Uso de roupas apertadas ou não respiráveis;
- Ambientes de convivência coletiva, como quartéis, asilos e internatos.
Além disso, o risco de recorrência é elevado quando esses fatores persistem, o que exige intervenções tanto terapêuticas quanto preventivas para evitar novos episódios.
Avaliação clínica
O eritrasma se manifesta por lesões maculares bem delimitadas, geralmente de coloração castanho-avermelhada, que evoluem com descamação fina e aspecto acetinado. As lesões são, na maioria das vezes, assintomáticas, mas podem apresentar prurido leve ou sensação de ardência. A seguir, as principais formas clínicas:
- Interdigital: É a apresentação mais comum, principalmente nos espaços entre o 4º e 5º dedos dos pés. Caracteriza-se por maceramento, escamas finas e coloração amarronzada, podendo coexistir com dermatofitoses ou candidíase.
- Intertriginosa: Acomete dobras como axilas, virilhas, região inframamária e interglútea. As lesões aparecem como placas róseo-acastanhadas, planas, com bordas nítidas, podendo lembrar tinea cruris, mas sem bordas ativas.
- Disciforme: Variante menos frequente, observada especialmente em mulheres negras que vivem em clima tropical. Forma placas descamativas em tronco e raiz dos membros, com fluorescência vermelho-coral à luz de Wood.
Em todos os casos, o aspecto clínico pode ser confundido com micoses superficiais, o que reforça a importância de métodos auxiliares de diagnóstico, especialmente a lâmpada de Wood.
Diagnóstico
O diagnóstico do eritrasma é predominantemente clínico, baseado na localização típica das lesões (em dobras úmidas e quentes) e nas características dermatológicas como coloração acastanhada, descamação fina e ausência de bordas ativas. No entanto, o exame com lâmpada de Wood é um recurso valioso: sob luz ultravioleta, as lesões exibem fluorescência vermelho-coral, atribuída à presença de coproporfirina III produzida pelo Corynebacterium minutissimum.
Outros métodos diagnósticos complementares incluem:
- Exame direto com KOH (hidróxido de potássio): útil para excluir dermatofitoses em casos de sobreposição clínica.
- Biópsia cutânea (rara): pode revelar bacilos gram-positivos na camada córnea, embora essa técnica não seja rotineiramente utilizada.
- Coloração por Gram, PAS ou Giemsa: podem facilitar a visualização do microrganismo em amostras histológicas.
Em situações de dúvida diagnóstica, especialmente em pacientes imunossuprimidos ou com lesões extensas, essas ferramentas laboratoriais ajudam a diferenciar o eritrasma de infecções fúngicas, psoríase inversa ou candidíase intertriginosa.
Tratamento
O tratamento do eritrasma pode ser realizado com antibióticos tópicos ou sistêmicos, de acordo com a extensão e gravidade das lesões. Casos localizados, comuns em indivíduos imunocompetentes, geralmente respondem bem à terapia tópica. Já quadros extensos, recidivantes ou presentes em imunossuprimidos podem requerer antibióticos orais.
Opções tópicas eficazes incluem:
- Eritromicina 2% (pomada ou gel);
- Clindamicina 1%;
- Mupirocina 2%;
- Miconazol ou outros imidazólicos (quando há suspeita de coinfecção fúngica);
- Fusidato de sódio 2% (quando disponível).
A aplicação é feita geralmente 2 vezes ao dia por 1 a 2 semanas. A melhora costuma ser rápida, mas é necessário manter o uso até a resolução completa para evitar recidivas.
Nos casos que exigem tratamento sistêmico, podem ser utilizados:
- Eritromicina 250 mg, 4 vezes ao dia por 14 dias;
- Claritromicina 1 g em dose única, alternativa com boa biodisponibilidade;
- Tetraciclinas, como alternativa nos casos resistentes.
Os efeitos adversos mais frequentes incluem náuseas, dor abdominal, gosto metálico e, mais raramente, alterações hepáticas e arritmias ventriculares.
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Referências Bibliográficas
- GROVES, John B.; NASSEREDDIN, Ali; FREEMAN, Andrew M. Erythrasma. In: StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing, 2025. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK513352/.
- RITTER, Alaina S.; PRASAD, Paritosh. Corynebacterium Infections. DynaMed. EBSCO Information Services, 2025. Disponível em: https://www.dynamed.com/condition/corynebacterium-infections.