Resumo de estomatite aftosa recorrente: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de estomatite aftosa recorrente: diagnóstico, tratamento e mais!

A estomatite aftosa crônica é uma condição clínica comum que acomete a mucosa oral, principalmente nas crianças. Confira os principais aspectos referentes à está condição, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

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Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à estomatite aftosa crônica.

  • Fatores desencadeantes incluem infecções, doença autoimune, deficiência nutricional e alergia a alimentos.
  • A apresentação clínica pode ser de três tipos: menores, maiores e herpetiformes.
  • Na EAR simples os corticosteroides tópicos como terapia de primeira linha.
  • Para pacientes com EAR complexa, pode utilizar corticosteroides orais, além de corticosteróides tópicos.
  • Para prevenção de crises as drogas utilizadas são colchicina e dapsona.

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Definição da doença

A estomatite aftosa recorrente (EAR), chamada popularmente de “aftas”, é uma condição comum da mucosa oral caracterizada pela presença de lesões em mucosa oral, que podem ocorrer de forma simples ou múltipla.

Patogênese 

Trata-se de doença de etiologia desconhecida, mas que muitos fatores estão implicados, como a ocorrência de infecções, doença autoimune, deficiência nutricional e alergia a alimentos. 

Em relação as infecções, as virais relacionadas são HSV e EBV. Inclusive, estudos recentes tentaram demonstrar a relação com a reativação do citomegalovírus e do vírus da varicela-zoster, devido aoaumento nos títulos de IgM relacionado a esses vírus em pacientes com desenvolvimento recente de lesões aftóides. Além disso, infecções bacterianas, como o Streptococcus sanguis, tem sido relacionado a estomatite. No entanto, na prática clínica diária, a maioria dessas lesões não está relacionada a doenças ou síndromes.  

Diante disso, as evidências mais importantes apontam para um mecanismo imunológico, mediado por auto-anticorpos e imunidade celular.  Há aumento no número de linfócitos T helper, um número reduzido de linfócitos T supressores e células basais expressando antígenos HDL-DR que são necessários para a apresentação de antígenos às células Thelper. Além disso, foi demonstrado que os linfócitos de pacientes acometidos têm atividade citotóxica contra cultura de células de epitélio gengival, mas não contra outros tipos de epitélio.

Déficits nutricionais também são relacionados como fator de risco, como hipovitaminoses por vitamina B12, além de déficits de acido fólico e ferro. Fatores de risco adicionais incluem alterações hormonais, estresse, trauma, alergia a alimentos, como chocolates e glútene pH bucal mais baixos. 

Manifestações clínicas de estomatite aftosa recorrente

Em relação a apresentação clínica pode ser de três tipos: menores, maiores e herpetiformes. Diferem-se entre si principalmente quanto a tamanho, forma e duração. 

  • Úlceras aftóides menores ( Doença de Mikulicz): geralmente aparecem lesões múltiplas de 2 a 4mm de diâmetro na gengiva, dolorosas e ovais, ocorrendo em indivíduos de 10 a 40 anos, com duração de 7a 10 dias. A recorrência é variável, caracteristicamente, existem longos períodos de remissão. Um terço dos pacientes apresentam história familiar e 10 a 20% apresentam anormalidades hematológicas como déficit de ferro, deficiência de vitamina B 12 ou folato e em 3% dos casos o paciente apresenta doença celíaca, sendo que a retirada de alimentos contendo glúten melhora a sintomatologia.
Estomatite aftosa menor. Crédito: Costa GBF, Castro JFL, 2013.
  • Úlceras aftóides maiores (Doença de Sutton): são menos frequentes, porém mais severas, múltiplas,  geralmente até 6 lesões, maiores que 1 cm, durando de 6 semanas até vários meses, podendo acometer qualquer área da mucosa oral, língua e palato.
Estomatite aftosa maior. Crédito: Costa GBF, Castro JFL, 2013.
  • Úlceras herpetiformes: é a menos comum, formada por lesões pequenas, 1 a 2 mm, dolorosas e múltiplas (2 a 200) , diferentes das lesões por HSV por não ter o vírus e não apresentar fase vesicular. Podem coalescer, formando úlceras maiores.
Estomatite aftosa herpetiforme. Crédito: Costa GBF, Castro JFL, 2013.

Diagnóstico de estomatite aftosa recorrente

Uma história de úlceras recorrentes e autolimitadas da mucosa oral que demonstram a aparência característica de úlceras discretas, redondas a ovais, com borda eritematosa e exsudato amarelado, geralmente é suficiente para fazer o diagnóstico de aftose simplesinfiltrado inflamatório inespecífico. 

Em apresentações mais graves ou atípicas, uma biópsia pode ser útil para descartar um processo mucoso alternativo. Antes do estágio de úlcera, pode-se identificar numerosos linfócitosT na camada submucosa. Macrófagos e mastócitos podem ser encontrados na base da úlcera. Não são isolados vírus nessas lesões.

Tratamento de estomatite aftosa recorrente 

Não há terapia uniformemente eficaz para EAR. Em linhas gerais, baseia-se no uso de antiinflamatórios, imunossupressores e antibióticos se necessário. 

Na EAR simples os corticosteroides tópicos como terapia de primeira linha, como betametasona e triancinolona, podendo diminuir a duração da crise. No alívio da dor sugere-se o uso de AINH e analgésicos orais, evitando-se o uso dos tópicos.

Para pacientes com EAR complexa, pode utilizar corticosteroides orais, além de corticosteroides tópicos. Prednisona 20-40mg/dia por 7-10 dias é uma boa opção. Antibioticoterapia com suspensão oral pode ser usada quando houver suspeita de infecção secundária.

Para prevenção das crises a melhor droga é a talidomida, mas seus efeitos colaterais e teratogênicos limitam seu uso. Uma ótima opção é a dapsona (100 a 200 mg/dia) ou a cochicina (0,5 mg por dia, aumentando-se até 5 mg/dia). 

Medidas gerais destinadas à higiene oral, evitar traumas na mucosa oral e uso de analgésicos tópicos são apropriadas para todos os pacientes com EAR. Além disso, pode realizar bochechos com antiácido (1 colher de chá de bicarbonato em 1 copo de água), evitando-se o uso de anestésicos locais.

Outros agentes sistêmicos que têm sido usados ​​com algum sucesso em pacientes com EAR recalcitrante grave incluem montelucaste, pentoxifilina, ciclosporina e agentes anti-fator de necrose tumoral (TNF)-alfa.

#Ponto importante: Na maioria dos pacientes, a EAR resolve ou desaparece espontaneamente com a idade. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Fundação de otorrinolaringologia( FORL). Estomatites. 2005. 
  • Costa GBF, Castro JFL. Etiologia e tratamento da estomatite aftosa recorrente – revisão de literatura. Medicina (Ribeirão Preto) 2013.
  • Estomatite aftosa recorrente. Uptodate, 2022
  • Crédito da imagem em destaque: Pixabay.
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