Resumo de fadiga: diagnóstico, manejo e mais!

Resumo de fadiga: diagnóstico, manejo e mais!

A fadiga é uma sintoma extremamente comum, principalmente no contexto de atenção básica. Por ser uma queixa relatada com frequência, muitos profissionais negligenciam sua importância na funcionalidade do indivíduo ou poupam qualquer investigação adicional. 

Confira agora alguns aspectos importantes deste sintoma, como não deixar passar despercebido pontos importantes nos seus atendimentos e nas provas de residência médica!

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Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à fadiga.

  • Condições relacionadas à saúde mental são consideradas as principais causas deste sintoma.
  • Alguma causa não é identificável em até 25% dos casos, recebendo o diagnóstico de fadiga crônica idiopática ou síndrome da fadiga crônica.
  • Causas secundárias incluem transtornos psicológicos, anemia, doenças reumatológicas, distúrbios endócrinos, toxicidade de medicamentos e uso de substâncias.
  • O tratamento é voltado para a causa base da fadiga. 
  • Na ausência de condições secundárias, não há tratamento curativo, mas a terapia cognitiva comportamental (TCC) demonstrou benefício funcional na fadiga crônica idiopática. 

Definição da doença

A fadiga é um sintoma comum e inespecífico, que pode ser definida como uma sensação de cansaço generalizado ou falta de energia que não está relacionada

exclusivamente à exaustão, que possui uma ampla gama de etiologias, incluindo condições agudas e crônicas,  transtornos psicológicos, toxicidade de medicamentos e uso de substâncias.  É classificada de acordo com a duração em:

  • Aguda: definida como durando um mês ou menos
  • Fadiga prolongada ou subaguda: entre um e seis meses 
  • Fadiga crônica: dura mais de seis meses. 

Epidemiologia e etiologia da fadiga

Está entre os sintomas mais relatados pelos pacientes na atenção primária, variando entre os estudos de prevalência entre 20 a 40%. A fadiga é mais frequente em mulheres que em homens. A forma crônica representa pelo menos metade dos casos com esta queixa. 

Causas

Condições relacionadas à saúde mental são consideradas as principais causas deste sintoma. Os quadros agudos geralmente derivam de infecções agudas, como síndromes gripais, arboviroses e pneumonia, mas também derivado de algum estresse agudo, como excesso de trabalho, luto por alguém próximo ou situação estressante em casa. Pacientes em libação alcoólica recente. 

Das causas subagudas ou crônicas, as mais comuns incluem alguma condição médica ou psicológica crônica subjacente, toxicidade de medicamentos ou uso de substâncias, sendo que alguma causa não é identificável em até 25% dos casos, recebendo o diagnóstico de fadiga crônica idiopática ou síndrome da fadiga crônica. Possíveis causas secundárias incluem: 

  • Anemia
  • Transtornos depressivos, de ansiedade e de estresse pós-traumático
  • Insuficiência cardíaca congestiva
  • Distúrbio hidroeletrolíticos 
  • Doença pulmonar obstrutiva crônica
  • Apneia do sono
  • Hipotireoidismo ou hipertireoidismo
  • Doença hepática ou renal crônica
  • Causas infecciosas como Tuberculose, HIV, endocardite subaguda
  • Fibromialgia ou polimialgia reumática
  • Doenças do tecido conjuntivo como lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide ou síndrome de Sjögren
  • Esclerose múltipla

Das medicações, os mais comumente associados a fadiga subaguda ou crônica incluem os benzodiazepínicos, antidepressivos, relaxantes musculares, anti-histamínicos de primeira geração e betabloqueadores. O álcool, maconha, opióides, cocaína e outros estimulantes também são etiologias, principalmente nos mais jovens. 

Manifestações clínicas da fadiga crônica

Os pacientes com este sintoma, geralmente descrevem dificuldade de iniciar, mas principalmente manter uma atividade, com fatigabilidade fácil e dificuldade de manter concentração, memória e estabilidade emocional. Comumente estes pacientes descrevem sonolência excessiva durante o dia, mas praticam uma má higiene do sono durante a noite. 

A presença de outros sintomas auxiliam na descoberta da provável etiologia, como humor hipotímico e ideação suicida na depressão, perda de peso inexplicada em malignidades, infecções ocultas e tireotoxicose,  pele seca e intolerância ao frio no hipotiroidismo, ronco e sonolência diurna na apneia do sono e artralgia e rash cutâneo nas doenças reumatológicas.   

Avaliação da fadiga

A coleta da história, exame físico e do estado mental deve ser direcionado para identificar a causa subjacente. A avaliação clínica da fadiga requer uma avaliação detalhada do sono, de condições estressantes recentes, alterações no humor, mudanças no ambiente de trabalho ou casa e uso de medicações. 

Pacientes com fadiga aguda associada a uma condição médica ou psicossocial reconhecível requerem pouca ou nenhuma avaliação, enquanto pacientes com fadiga subaguda ou crônica como sintoma primário devem ser solicitados alguns exames laboratoriais iniciais.

Entre os exames laboratoriais, deve ser incluido hemograma, glicemia em jejum, VHS, hormônio tireóide estimulante (TSH), eletrólitos  como sódio, potássio, cálcio e fosfato, avaliação do perfil e função hepática (ALT, AST, bilirrubina, tempo de coagulação, albumina), função renal (creatinina e ureia). Outros exames devem ser solicitados conforme achados da história e exame físico que direcionam para causas específicas. 

Manejo da fadiga

Se for identificado alguma causa para a fadiga, o tratamento é voltado para a condição base. Não existe tratamento que cure a fadiga crônica idiopática. Uma revisão sistemática demonstrou benefícios funcionais na terapia cognitiva comportamental (TCC). 

Algumas medicações, como antidepressivos, corticóides ou suplementação vitamina, foram testados em estudos pequenos, mas seu uso não é recomendado sem causa adjacente que justifique seu uso. Outra abordagem possível é a terapia de exercícios graduais, visto que o isolamento social e excesso de descanso devem ser desencorajados. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Fadiga Crônica: Diagnóstico e Tratamento. Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina.  2008. Disponível em AMB
  • Greenberg DB. Clinical Dimensions of Fatigue. Prim Care Companion J Clin Psychiatry. 2002 Jun;4(3):90-93. doi: 10.4088/pcc.v04n0301. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC181235/
  • Kevin M Fosnocht, Jack Ende. Approach to the adult patient with fatigue. Uptodate
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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