Resumo de hidrocele: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de hidrocele: diagnóstico, tratamento e mais!

A hidrocele representa o acúmulo de líquido na bolsa escrotal, sendo motivo de bastante incômodos nos homens afetados.  Confira agora os principais aspectos referentes a esta afecção urológica, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica! 

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à hidrocele.

  • Na hidrocele comunicante não ocorre a obliteração do processo vaginal, o que gera acúmulo de líquido peritoneal no testiculo, mais comuns em neonatos e primeira infância.  
  • A não comunicante se associa a traumas, processos inflamatórios locais ou de forma idiopática. 
  • O quadro clínico é caracterizado por abaulamento escrotal indolor. 
  • O exame físico é marcado pela transiluminação positiva da região escrotal
  • O tratamento cirúrgico está reservado para sintomáticos e hidroceles volumosos. 

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Definição da doença

A hidrocele representa uma coleção de líquido peritoneal entre as camadas parietal e visceral da túnica vaginal, que envolve diretamente o testículo e o cordão espermático, causando na maioria das vezes um edema testicular indolor. Acredita-se que as hidroceles surjam de um desequilíbrio de secreção e reabsorção de líquido da túnica vaginal. 

Etiologia e fisiopatologia na hidrocele 

A hidrocele pode ocorrer de forma comunicante ou não comunicante. Ao redor das 20 a 28 semanas de gestação, ocorre a passagem do testículo através do canal inguinal devido à abertura do processo vaginal. Este, geralmente fechará após essa passagem. Entretanto, na hidrocele comunicante, não ocorre a obliteração do processo vaginal, o que explica a ocorrência de tal patologia. 

A túnica vaginal é uma camada fascial que encapsula um espaço potencial que abrange os dois terços anteriores do testículo. Diferentes tipos de líquido podem se acumular dentro da túnica vaginal, como líquido peritoneal com hidrocele, sangue com hematocele e pus com piocele. 

Crédito: Uptodate 

Já a hidrocele não comunicante consiste na presença de líquido na bolsa escrotal sem comunicação com a cavidade peritoneal, podendo ser idiopática ou secundária. Na primeira infância, é uma condição comum, muitas vezes associada à hérnia inguinal, visto que ambas também resultam da obliteração incompleta do processo vaginal patente. 

Enquanto em neonatos são de origem congênita, associada a um processo vaginal patente que permite a passagem de líquido peritoneal para o escroto, nas crianças mais velhas, adolescentes e adultos, a hidrocele é usualmente adquirida e relacionada a processos inflamatórios, torção testicular, trauma, tumor, mas também pode ser idiopática. 

A forma idiopática ainda possui mecanismo desconhecido, mas acredita-se que resulte de um desequilíbrio entre a produção de fluido e a reabsorção, ou a ausência de linfáticos eferentes. 

Manifestações clínicas da hidrocele

O principal quadro clínico na hidrocele é de um abaulamento indolor na região escrotal, que apresenta aumento volumétrico pior durante o dia. A presença de dor e incapacidade geralmente se relacionam com o tamanho. Sinais flogísticos falam a favor de condições subjacentes, como epididimite e torção testicular.  

O exame físico é marcado pela transiluminação positiva da região escrotal, sendo a técnica auxiliar mais comum no diagnóstico de hidrocele. 

Crédito: Shields et al, 2019.

Diagnóstico de hidrocele

A ultrassonografia é o exame adicional de primeira escolha na avaliação da bolsa testicular, e coleções são encontradas frequentemente nestes exames. Na US, o líquido da hidrocele é mais comumente anecóico, podendo apresentar ecos discretos ou septos de fibrina. Nas coleções crônicas, podem se somar a estes achados paredes espessadas e formação de cálculos. 

Crédito: Resende DAQP et al. Radiol Bras. 2014. 

As hidroceles variam em tamanho, desde coleções pequenas e moles que ainda permitem a palpação do conteúdo escrotal até coleções maciças e tensas de vários litros que impossibilita o exame.

Alguns diagnósticos diferenciais devem ser considerados, principalmente variações no conteúdo do líquido escrotal, como hematoceles agudas e piocele. Outros diagnósticos incluem hérnia inguinal indireta, em que se observam líquido e gás envoltos pela parede da alça intestinal, a espermatocele, localizada na cabeça do epidídimo e contendo pequenos ecos flutuantes que correspondem aos espermatozoides. 

Tratamento da hidrocele

A maioria das hidroceles não requer intervenção na maioria dos indivíduos, incluindo neonatos até os 24 a 36 semanas de vida, pois, em geral, a hidrocele tende a reabsorver espontaneamente neste período. 

O tratamento fica reservado em pacientes sintomáticos com dor ou sensação de pressão ou quando a integridade da pele escrotal está comprometida por irritação crônica. Entretanto, alguns especialistas recomendam a cirurgia em casos de hidroceles volumosas ou comunicantes. 

No caso das hidroceles comunicantes volumosas, a técnica cirúrgica consiste na abordagem inguinal aberta através da ligadura alta da persistência do conduto peritônio-vaginal. Esta é a técnica de escolha devido ao menor risco de complicações, como edema escrotal, hematoma, dor crônica, e infecção, baixa morbidade e maior sucesso na correção desta patologia. 

Nos casos de hidroceles não comunicantes, mas que são volumosas e sintomáticas, o procedimento cirúrgico mais comum é a excisão do saco hidrocele. A aspiração simples geralmente não é bem-sucedida devido à rápida reacumulação de líquido, mas pode ser eficaz se combinada com a instilação de um agente esclerosante no saco escrotal, por exemplo, tetraciclina e álcool. 

A orquite e epididimite reativa são complicações raras do procedimento cirúrgico aberto. No entanto,  a recorrência é comum, principalmente na hidrocele não comunicante, o que pode dificultar a cirurgia aberta devido ao desenvolvimento de aderências entre o saco hidrocele e o conteúdo escrotal.  

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Ioannis Patoulias et al. Hydrocele in Pediatric Population. Acta Medica (Hradec Králové) 2020; 63(2): 57–62. https://doi.org/10.14712/18059694.2020.17
  • Resende DAQP, Souza LRMF, Monteiro IO, Caldas MHS. Coleções na bolsa testicular: ensaio iconográfico correlacionando achados ultrassonográficos com a ressonância magnética. Radiol Bras. 2014 Jan/Fev;47(1):43–48.
  • Robert C Eyre, MD. Nonacute scrotal conditions in adults. Uptodate
  • Tabajara, Fernanda Beck et al.Patologias genitais masculinas em cirurgia pediátrica de manejo. Acta méd. (Porto Alegre) ; 38: [6], 2017. 
  • Crédito da imagem em destaque: Pixabay
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