Olá, meu Doutor e minha Doutora! A hipertermia é definida como uma elevação anormal na temperatura corporal que transcende as fronteiras comuns da febre, podendo até ser utilizada para potencializar a eficácia da radioterapia ou quimioterapia em tratamentos contra o câncer.
Vem com o Estratégia MED compreender a diferença entre hipertermia e febre, as principais causas e o manejo dessas alterações!
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O que é a Hipertermia
A hipertermia é definida como a elevação da temperatura corporal central acima da faixa diurna normal de 36 a 37,5 °C devido à falha da termorregulação. Hipertermia não é sinônimo de febre, sendo essa induzida pela ativação de citocinas durante a inflamação e regulada ao nível do hipotálamo. Uma temperatura acima de 40,5 °C é geralmente considerada consistente com hipertermia grave.
Febre ou Hipertermia
A fisiopatologia da febre difere significativamente da hipertermia, sendo a febre uma resposta coordenada do organismo a estímulos específicos, enquanto a hipertermia está associada a uma elevação descontrolada da temperatura corporal devido a falhas nos mecanismos de regulação térmica. Na febre, a elevação da temperatura é tipicamente desencadeada pela presença de pirógenos, que podem ser endógenos, produzidos pelo corpo em resposta a infecções ou inflamações, ou exógenos, originários de patógenos invasores ou toxinas. Esses pirógenos estimulam o hipotálamo, o centro de controle da temperatura no cérebro, a aumentar o set-point térmico, resultando em uma resposta coordenada para aumentar a produção de calor e diminuir a perda de calor.
Por outro lado, a hipertermia é caracterizada por um aumento da temperatura corporal devido a diversas causas, como exposição prolongada ao calor ambiental, esforço físico intenso, distúrbios metabólicos, certos medicamentos ou falhas nos mecanismos de resfriamento do corpo. Diferentemente da febre, a hipertermia não está diretamente ligada à resposta imunológica. Seu mecanismo envolve uma falha nos processos regulatórios do organismo para dissipar calor eficientemente, resultando em uma elevação não coordenada da temperatura corporal.
Síndrome de Insolação
Definição
A insolação é definida como uma temperatura corporal central elevada, geralmente superior a 40,5 °C, com disfunção associada do sistema nervoso central no contexto de uma grande carga térmica ambiental que não pode ser dissipada. É uma condição potencialmente fatal que requer rápida identificação e tratamento.
Classificação
- Insolação sem esforço (clássica): a insolação sem esforço ocorre por condições que prejudicam a termorregulação como doença cardiovascular, distúrbios neurológicos ou psiquiátricos, obesidade, anidrose, deficiência física, extremos de idade e o uso de drogas recreativas (por exemplo, álcool ou cocaína) e certos medicamentos prescritos (por exemplo, betabloqueadores, diuréticos ou agentes anticolinérgicos).
- Insolação por esforço: a insolação por esforço geralmente ocorre em indivíduos jovens, saudáveis que se envolvem em exercícios pesados durante períodos de alta temperatura do ambiente e umidade. Os pacientes típicos são atletas e recrutas militares em treinamento básico.
Quadro Clínico
Pacientes com insolação apresentam temperatura corporal central elevada, geralmente superior a 40,5 °C, que se deve ou não ao esforço. Além da temperatura corporal elevada, anormalidades comuns dos sinais vitais na insolação incluem taquicardia, taquipneia, pressão de pulso aumentada e hipotensão. Também podem se queixar de fraqueza, letargia, náuseas ou tonturas.
Tratamento
O tratamento da insolação requer diagnóstico precoce, resfriamento rápido, correção de anormalidades eletrolíticas e cuidados de suporte. A terapia farmacológica não é necessária na insolação, uma vez que o mecanismo subjacente não envolve alteração no set-point hipotalâmico, e esses medicamentos podem exacerbar complicações como lesão hepática ou coagulação intravascular disseminada (CIVD).
Hipertermia Maligna
Conceito
A hipertermia maligna (HM) é uma desordem genética complexa do músculo esquelético que tipicamente se manifesta clinicamente como uma crise hipermetabólica quando um indivíduo suscetível recebe um agente anestésico, principalmente o halotano e a succinilcolina.
Quadro Clínico
Os sinais iniciais de HM podem ocorrer logo após a indução com agentes desencadeantes de anestésicos gerais ou a qualquer momento durante a fase de manutenção do anestésico. O sinal clínico inicial mais confiável que anuncia o desenvolvimento de HM aguda é um aumento inexplicável no dióxido de carbono expirado (ETCO2). Outros sinais incluem taquicardia, hipertensão, rigidez muscular, acidose metabólica e, em casos graves, insuficiência multiorgânica.
Tratamento
No manejo da hipertermia maligna (HM), é crucial adotar medidas imediatas assim que o diagnóstico presuntivo for estabelecido. Recomenda-se terminar o procedimento cirúrgico o mais rápido possível e interromper anestésicos voláteis. É essencial hiperventilar, intubar se o tubo endotraqueal não estiver instalado, e administrar imediatamente dantroleno, além de monitorização e cuidados contínuos.
Síndrome neuroléptica maligna
Conceito
A Síndrome Neuroléptica Maligna (SNM) é uma condição médica rara, mas potencialmente grave, associada ao uso de antipsicóticos (por exemplo, haloperidol, clorpromazina e clozapina)
Quadro Clínico
A SNM é definida por sua associação do uso de antipsicóticos e uma tétrade de características clínicas distintas: hipertermia, rigidez, alterações do estado mental e instabilidade autonômica.
Tratamento
O tratamento da SNM requer a interrupção imediata do medicamento suspeito, suporte sintomático e, em casos mais graves, terapias como administração de dantroleno para controlar a hipertermia e aliviar o estresse muscular.
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Referências Bibliográficas
- Charles A Dinarello & Reuven Porat. Pathophysiology and treatment of fever in adults. Uptodate, 2023. Disponível em: UpToDate
- C Crawford Mechem. Severe nonexertional hyperthermia (classic heat stroke) in adults. UpToDate, 2024. Disponível em: UpToDate
- Harvey K Rosenbaum & Henry Rosenberg. Malignant hyperthermia: Diagnosis and management of acute crisis. UpToDate, 2022. Disponível em: UpToDate
- Eelco FM Wijdicks. Neuroleptic malignant syndrome. Uptodate, 2022. Disponível em: UpToDate