Olá, querido doutor e doutora! A hipomelanose macular progressiva é uma dermatose adquirida caracterizada por máculas hipopigmentadas, não descamativas, localizadas preferencialmente no tronco. Frequentemente subdiagnosticada, acomete principalmente adolescentes e adultos jovens, sendo confundida com outras leucodermias. O uso da lâmpada de Wood e o reconhecimento de suas particularidades clínicas são fundamentais para o diagnóstico correto.
A fluorescência avermelhada folicular nas áreas lesadas é um achado típico e bastante sugestivo da doença.
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Conceito
A hipomelanose macular progressiva (HMP) é uma dermatose caracterizada pelo surgimento de máculas hipopigmentadas, não descamativas, de bordas imprecisas, distribuídas simetricamente, principalmente na região toracolombar e abdominal. As lesões não são pruriginosas, não há histórico de inflamação, infecção ou trauma prévio, e o quadro costuma se instalar de forma insidiosa. Diferentemente de outras dermatoses hipocrômicas, a HMP não apresenta inflamação associada nem descamação visível, o que contribui para confusões diagnósticas.
Epidemiologia e fatores de risco
A hipomelanose macular progressiva é uma condição frequentemente subdiagnosticada, mas relativamente comum, especialmente em adolescentes e adultos jovens. A faixa etária mais acometida varia entre os 13 e 30 anos, com pico de incidência na adolescência. Observa-se um predomínio no sexo feminino, embora haja relatos de casos em ambos os sexos.
A condição é mais identificada em indivíduos com fototipos intermediários a altos (III a VI), especialmente em regiões tropicais e subtropicais, onde a diferença de contraste entre as lesões e a pele ao redor se torna mais visível. Há também maior frequência de casos em populações de pele mais pigmentada, o que facilita a detecção clínica das máculas.
Entre os fatores de risco propostos, destaca-se a alta densidade de glândulas sebáceas, que favoreceria a proliferação de Cutibacterium acnes, bactéria associada à fisiopatologia da doença. Além disso, a produção aumentada de sebo durante a puberdade pode contribuir para o surgimento ou agravamento das lesões. Não há relação estabelecida com histórico familiar, doenças inflamatórias cutâneas ou uso de medicamentos.
Avaliação clínica
A hipomelanose macular progressiva manifesta-se por máculas hipopigmentadas, geralmente de forma arredondada ou ovalada, com limites pouco definidos. As lesões são assintomáticas, não apresentam descamação e se distribuem de forma simétrica pelo tronco, especialmente nas regiões lombar, torácica inferior e abdominal. Em alguns pacientes, pode haver extensão para a face, pescoço ou porções proximais dos membros superiores, embora essa apresentação seja menos frequente.
A aparência das lesões costuma ser mais evidente após exposição solar, devido ao contraste com a pele bronzeada ao redor. Um sinal clínico de destaque é a fluorescência folicular avermelhada observada nas áreas afetadas quando examinadas com lâmpada de Wood, ausente nas regiões vizinhas de pele normal.
Apesar da ausência de sintomas físicos, o aspecto estético das lesões pode ser motivo de queixa, especialmente entre adolescentes e adultos jovens, faixa etária em que a condição é mais comum.
Diagnóstico
Avaliação clínica
O diagnóstico da hipomelanose macular progressiva é feito principalmente por meio da avaliação clínica. O padrão típico inclui máculas hipopigmentadas, assintomáticas, sem descamação, com distribuição simétrica no tronco, especialmente nas regiões lombar e abdominal. A evolução é lenta, e os pacientes geralmente não relatam eventos inflamatórios ou infecciosos prévios na área afetada.
Exame com lâmpada de Wood
A lâmpada de Wood é uma ferramenta útil no diagnóstico, permitindo visualizar uma fluorescência folicular avermelhada nas áreas hipopigmentadas. Esse achado é específico da HMP e não aparece na pele ao redor, sendo considerado um marcador sugestivo da presença de Cutibacterium acnes nos folículos.
Exames laboratoriais e biópsia
Testes micológicos, como o exame com hidróxido de potássio (KOH), são negativos, o que ajuda a excluir a pitiríase versicolor. Quando necessária, a biópsia de pele evidencia redução da melanina na epiderme, sem sinais de inflamação ou alterações na derme. Não há presença de esporos, hifas ou infiltrado linfocitário.
Diferenciação com outras dermatoses
É essencial distinguir a HMP de outras causas de hipopigmentação, como pitiríase alba, leucodermia pós-inflamatória, hanseníase, micose fungoide hipopigmentada e discromias infecciosas em áreas endêmicas. A ausência de sintomas, o padrão simétrico e a fluorescência específica auxiliam nesse processo de exclusão.
Tratamento
Terapia de primeira escolha
O regime terapêutico mais eficaz descrito para a hipomelanose macular progressiva associa agentes antimicrobianos tópicos com fototerapia UVA. A proposta padrão envolve o uso de peróxido de benzoíla a 5% pela manhã e clindamicina a 1% à noite, combinados com irradiação UVA três vezes por semana durante 12 semanas. Essa abordagem visa reduzir a carga de Cutibacterium acnes nos folículos e estimular a repigmentação.
Outras modalidades terapêuticas
O uso de psoraleno associado à UVA (PUVA) já foi testado, com melhora transitória. No entanto, a suspensão da terapia frequentemente resulta em recidiva das lesões. Também há relatos de melhora com fototerapia UVB de banda estreita, e em alguns casos, com o uso de tetraciclinas orais. Entretanto, essas opções não apresentam resultados tão consistentes quanto o tratamento tópico combinado à UVA.
Manutenção e recidiva
Embora muitos pacientes respondam bem ao tratamento, recidivas são possíveis, especialmente após a interrupção da fototerapia. Em casos recorrentes, pode-se indicar tratamento de manutenção, ajustando a frequência da fototerapia ou o uso prolongado de antimicrobianos tópicos para evitar o reaparecimento das máculas.
Abordagem individualizada
A escolha da conduta deve considerar o grau de comprometimento estético, a idade do paciente, acessibilidade à fototerapia e preferência individual. Como se trata de uma condição benigna e assintomática, o tratamento pode ser opcional em casos leves, sendo indicada apenas orientação e acompanhamento.
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Referências Bibliográficas
- RELYVELD, Germaine N. et al. Progressive macular hypomelanosis: an overview. American Journal of Clinical Dermatology, v. 8, n. 1, p. 13–19, 2007.
- MARTÍNEZ-MARTÍNEZ, Maria L. et al. Progressive macular hypomelanosis. Pediatric Dermatology, v. 29, n. 4, p. 460–462, 2012.