Resumo de Microalbuminúria: conceito, valor, interpretação e mais!
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Resumo de Microalbuminúria: conceito, valor, interpretação e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A microalbuminúria é um importante marcador clínico, frequentemente detectado em fases iniciais de doenças renais e metabólicas, como diabetes e hipertensão. Sua identificação precoce permite intervenções terapêuticas que podem prevenir complicações mais graves, incluindo insuficiência renal e eventos cardiovasculares. Este texto explora os aspectos fisiopatológicos, clínicos e prognósticos da microalbuminúria, ressaltando sua relevância no monitoramento de pacientes com condições crônicas.

A microalbuminúria não deve ser vista apenas como um marcador de lesão renal, mas como um indicador do impacto sistêmico de desordens metabólicas e cardiovasculares nos rins.

Conceito de Microalbuminúria

A microalbuminúria é definida como a excreção de pequenas quantidades de albumina na urina, acima do limite considerado normal, mas inferiores aos níveis detectados por métodos tradicionais de análise como a fita reagente. Normalmente, os valores situam-se entre 30 a 300 mg de albumina em 24 horas, ou 30 a 300 mcg/mg na relação albumina/creatinina urinária (UACR).

Realização do Procedimento

Existem diferentes métodos para avaliar a microalbuminúria: 

  • Amostra isolada de urina (Spot Test): mede a relação albumina-creatinina urinária (UACR). Prático e amplamente utilizado para triagem inicial. 
  • Coleta de urina de 24 horas: quantifica a excreção total de albumina em um dia. Considerado o padrão-ouro, embora menos prático. 
  • Excreção de albumina por minuto: utilizado em condições específicas, como monitoramento de internações hospitalares.

Interpretação dos Resultados 

Valores Normais 

  • Excreção de albumina em 24 horas: < 30 mg/24h. 
  • UACR (Relação Albumina-Creatinina): < 30 mcg/mg. 
  • Excreção por Minuto: < 20 mcg/min.

Microalbuminúria 

  • 24 horas: 30 a 300 mg/24h
  • UACR: 30 a 300 mcg/mg. 
  • Por minuto: 20 a 200 mcg/min.

Macroalbuminúria 

  • 24 horas: > 300 mg/24h. 
  • UACR: > 300 mcg/mg. 
  • Por minuto: > 200 mcg/min.

Fisiopatologia da Microalbuminúria

A microalbuminúria reflete uma alteração precoce na barreira de filtração renal, caracterizada pela perda da capacidade de reter albumina na circulação. Isso ocorre devido a alterações estruturais e funcionais no glomérulo e está frequentemente associada a doenças crônicas como diabetes mellitus e hipertensão arterial.

Barreira de Filtração Glomerular

A barreira de filtração renal é composta por três camadas principais: 

  • Endotélio capilar glomerular: Possui fenestrações que permitem a passagem de moléculas pequenas, mas impede proteínas maiores graças à carga negativa na sua superfície.
  • Membrana basal glomerular (MBG): Uma matriz de colágeno e outras proteínas que age como filtro seletivo com base no tamanho e carga elétrica. 
  • Podócitos: Células especializadas que cobrem a membrana basal com extensões interdigitadas, formando fendas de filtração. 

Em condições normais, a MBG e os podócitos repelem moléculas como a albumina, preservando-a no plasma.

Alterações na Barreira de Filtração 

Na microalbuminúria, ocorrem alterações funcionais e estruturais na barreira de filtração: 

  • Perda de carga negativa na membrana basal glomerular: a redução da produção de heparan sulfato, causada por hiperglicemia ou outros fatores, diminui a repulsão de proteínas, permitindo a passagem de albumina. 
  • Espessamento e disfunção da MBG: observada em doenças como diabetes, o espessamento leva à diminuição da seletividade de filtração. 
  • Danos nos podócitos: a lesão ou perda dos podócitos reduz a eficiência das fendas de filtração, contribuindo para a passagem de proteínas. 

Essas alterações resultam no aumento da excreção urinária de albumina, característica da microalbuminúria.

Papel da Hiperglicemia e da Hipertensão 

A hiperglicemia crônica induz glicação de proteínas na MBG e nos podócitos, agravando a perda de carga negativa. Além disso: 

  • Produtos finais de glicação avançada (AGEs) se acumulam na membrana basal, contribuindo para a disfunção glomerular. 
  • A hipertensão aumenta a pressão intraglomerular, exacerbando o estresse mecânico sobre a barreira de filtração e facilitando o extravasamento de albumina.

Significado Clínico da Microalbuminúria

Marcador de Lesão Renal Precoce 

A microalbuminúria reflete alterações iniciais na barreira de filtração glomerular, que permitem o extravasamento de pequenas quantidades de albumina para a urina. Em pacientes com diabetes mellitus, a microalbuminúria frequentemente representa o primeiro sinal de nefropatia diabética, antes mesmo de alterações na taxa de filtração glomerular (TFG). Em hipertensos, a microalbuminúria indica lesão renal causada pela pressão intraglomerular elevada, sugerindo maior risco de progressão para insuficiência renal crônica se não tratada.

Indicador de Disfunção Endotelial 

A microalbuminúria também é reconhecida como um marcador sistêmico de disfunção endotelial. Ela reflete alterações na permeabilidade vascular, indicando comprometimento da integridade do endotélio. Essa disfunção está associada a inflamação crônica e estresse oxidativo, fatores que contribuem para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Risco Cardiovascular Elevado 

A presença de microalbuminúria está fortemente ligada a um aumento no risco de eventos cardiovasculares, como doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca. Ela é frequentemente observada em pacientes com hipertensão, obesidade ou síndrome metabólica, funcionando como um preditor de complicações. Estudos demonstram que a redução da microalbuminúria por meio de intervenções terapêuticas está associada a uma diminuição do risco cardiovascular.

Associação com Doenças Sistêmicas 

Além das doenças renais e cardiovasculares, a microalbuminúria pode ocorrer em condições inflamatórias e autoimunes, como lúpus eritematoso sistêmico (LES) e artrite reumatoide. Nessas situações, sua presença pode indicar envolvimento renal precoce. Em doenças metabólicas, como a obesidade, a microalbuminúria reflete resistência à insulina e inflamação sistêmica.

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Referências Bibliográficas 

  1. PRASAD, Rohan M.; BALI, Atul; TIKARIA, Richa. Microalbuminuria. StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing, 2024. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/books/NBK563255/. Acesso em: 16 dez. 2024.
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