Resumo de Osteoartrite: quadro clínico, diagnóstico e mais!

Resumo de Osteoartrite: quadro clínico, diagnóstico e mais!

Olá, meu Doutor e minha Doutora! A osteoartrite, antigamente conhecida como artrose, é uma condição médica caracterizada pela inflamação das articulações, envolvendo especialmente o tecido ósseo e estruturas adjacentes, sendo mais comum em mulheres com idade avançada.

Vem com o Estratégia MED entender a fisiopatologia e os principais fatores de risco para a osteoartrite. Ao final, separei uma questão de prova sobre o tema para respondemos juntos! 

O que é a Osteoartrite 

A osteoartrite (OA) é a forma mais comum de artrite e uma das causas mais comuns de incapacidade crônica em adultos devido à dor e à função articular alterada resultantes de alterações patológicas características nos tecidos articulares. Antigamente recebia o nome de artrose, mas vem entrando em desuso devido a que a terminologia osteoartrite destaca melhor a natureza da doença, que envolve tanto a degeneração do tecido cartilaginoso quanto a inflamação das articulações

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Fisiopatologia da Osteoartrite

A patologia da OA envolve alterações em vários tecidos articulares, incluindo cartilagem, osso, sinóvia e tecidos moles. A cartilagem articular mostra sinais precoces de perda de matriz, com condrócitos hiperativos e produção aumentada de citocinas e proteases. O osso subcondral exibe esclerose e formação de osteófitos como parte do processo de remodelamento articular. A sinóvia frequentemente apresenta inflamação, contribuindo para a dor e progressão da doença. Além disso, outros tecidos moles, como ligamentos e meniscos, sofrem rupturas e degeneração, afetando a mecânica e a função articulares.

A inflamação sinovial contribui para a destruição da cartilagem por meio da produção de mediadores pró-inflamatórios e proteínas associadas a danos. Fatores pró-inflamatórios induzem produzir enzimas proteolíticas que degradam a matriz extracelular, resultando na perda e destruição do tecido articular.

Representação de uma articulação normal (A) com o espaço preservado entre as estruturas ósseas, aqui não há alteração do colágeno. Em B, temos uma articulação com redução da espessura da cartilagem (1), aumento reacional do osso subcondral (2), formação de osteófitos (3) e sinovite de pequena magnitude (4). Em C, observa-se a fase terminal da OA com perda quase total do espaço articular e desgarramento de debris osteocartilaginosos, que provocam piora do processo inflamatório.

Epidemiologia e Fatores de Risco da Osteoartrite

Globalmente, a incidência de OA é estimada em 492 casos por 100.000 pessoas, com variações entre diferentes regiões e grupos demográficos. A OA tende a aumentar com a idade e é mais comum em mulheres do que em homens. A taxa de prevalência aumenta com a idade, atingindo cerca de 38,4% na faixa etária de 70 anos ou mais. As articulações mais frequentemente acometidas, além de quadril e joelhos, são as das mãos, com predileção pelas interfalangeanas distais, proximais e da base do polegar, da coluna cervical e da lombar e as primeiras metatarsofalangeanas.

Os principais fatores de risco são: 

  • Envelhecimento;
  • Sexo feminino;
  • Lesões articulares prévias;
  • Obesidade;
  • Fatores genéticos; e
  • Fatores anatômicos, como forma e alinhamento articular.

Quadro Clínico da Osteoartrite 

Os sintomas mais comuns da osteoartrite (OA) incluem dor articular, rigidez e limitação de movimento, que geralmente se manifestam em uma ou algumas articulações em pessoas de meia-idade ou mais velhas. Além disso, os pacientes com OA podem apresentar fraqueza muscular, déficits de equilíbrio e outras comorbidades, como fibromialgia. 

A dor é o sintoma predominante da OA e pode evoluir em três estágios distintos, desde episódios agudos de dor induzidos pelo movimento até dor constante e incapacitante. Os fatores de risco para o desenvolvimento e persistência da dor incluem ansiedade, depressão, distúrbios do sono e sensibilização central à dor. 

Além da dor, outros sintomas e sinais da OA incluem sensibilidade na articulação afetada, limitação de movimento, inchaço ósseo, deformidade articular e instabilidade. A distribuição da OA pode ser localizada ou generalizada, afetando articulações específicas como joelhos, quadris, mãos e coluna vertebral. 

A OA generalizada é caracterizada pelo envolvimento de múltiplas articulações ao longo do tempo, com predileção pelas articulações interfalangeanas distais, bases do polegar, joelhos, quadris e facetas cervicais e lombares. A presença de nódulos de Heberden e nódulos de Bouchard nas articulações das mãos é um marcador clínico da OA generalizada. Esses sintomas e sinais variam conforme o tipo e a extensão do envolvimento articular, influenciando o manejo e o prognóstico da doença.

Representação das articulações afetadas na OA

Diagnóstico da Osteoartrite

O diagnóstico da osteoartrite (OA) pode ser estabelecido clinicamente em pacientes com sintomas e sinais característicos, sem a necessidade de radiografias ou testes laboratoriais. Características como dor articular persistente relacionada ao uso, idade acima de 45 anos e rigidez matinal limitada podem ser indicativos de OA. Outras características clínicas, como crepitação articular e limitação do movimento, aumentam a confiança no diagnóstico. É importante distinguir entre alterações estruturais observadas em exames de imagem e o diagnóstico clínico de OA, baseado nos sintomas e sinais do paciente. 

Investigações laboratoriais e de imagem podem ser consideradas em casos atípicos de OA, como em pacientes mais jovens com sintomas articulares ou com sinais de inflamação articular. Marcadores inflamatórios como velocidade de hemossedimentação (VHS) ou proteína C reativa (PCR) podem ser úteis para excluir outras condições, como artrite reumatoide. A radiografia pode ser usada para apoiar o diagnóstico de OA, mas não é um requisito essencial, pois as alterações radiográficas nem sempre refletem os sintomas clínicos. A ressonância magnética ou ultrassonografia podem ser necessárias em casos de diagnóstico incerto.

Tratamento da Osteoartrite 

O tratamento da osteoartrite (OA) é baseado em alívio sintomático e melhora da mobilidade, uma vez que não há estratégias comprovadas para prevenir a progressão do dano articular. A abordagem terapêutica pode ser dividida em não farmacológica e farmacológica, com atenção especial ao manejo de comorbidades.

Na abordagem não farmacológica, é fundamental educar e oferecer apoio psicológico aos pacientes. Além disso, estratégias incluem exercícios físicos adequados, controle de peso por meio de dieta e órteses para proteção articular. A perda de peso, mesmo em torno de 10%, pode impactar positivamente a dor. Exercícios físicos regulares, especialmente aqueles realizados na água, ajudam a fortalecer os músculos e melhorar a mobilidade articular.

Diferentes modalidades de tratamento, como terapias de calor e gelo, podem ser aplicadas para alívio sintomático. As órteses, como palmilhas e bengalas, são úteis para reduzir a carga articular e melhorar a estabilidade. O uso de talas também pode ser considerado, principalmente para OA nas mãos.

No tratamento farmacológico da OA, a eficácia de muitos medicamentos é controversa, com alguns estudos mostrando resultados semelhantes ao placebo. No entanto, existem quatro classes principais de medicamentos utilizados: analgésicos, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), condroprotetores e corticosteroides intra-articulares. Cada um desses medicamentos tem seus benefícios e riscos, e a escolha do tratamento deve ser individualizada conforme as características e comorbidades de cada paciente.

Cai na Prova 

Acompanhe comigo uma questão sobre osteoartrite (disponível no banco de questões do Estratégia MED): 

SP – UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – UNIFESP (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DA UNIFESP) 2024  Homem, 68 anos de idade, apresenta dor na região inguinal direita há 4 anos, sem história de trauma. O quadro teve início insidioso e piora progressiva e, no momento, paciente apresenta limitação para vestir meias e sapatos, além de dor noturna e no repouso. Radiografia da bacia evidencia redução do espaço articular no quadril direito, além de esclerose subcondral e osteófitos marginais. Realiza tratamento fisioterápico e utiliza antinflamatórios e opioides, diariamente, por mais de 6 meses. Qual é o diagnóstico mais provável e a conduta mais adequada? 

A. Osteonecrose da cabeça femoral; artroplastia parcial do quadril. 

B. Fratura da cabeça femoral; osteossíntese do quadril.

C. Osteoporose; prescrição de vitamina D e cálcio. 

D. Osteoartrite degenerativa; artroplastia total do quadril.

Comentário da Equipe EMED: Estrategista, nosso caso clínico envolve um paciente com dor crônica e progressiva em região inguinal direita associada à limitação de amplitude de movimento e comprometimento funcional. No momento, a dor está presente até em repouso, ou seja, quando a articulação não está em uso. Sua radiografia mostra redução do espaço articular, esclerose subcondral e osteófitos marginais. Frente a esse quadro, nossa hipótese diagnóstica deve ser de osteoartrite (OA) ou, no caso do quadril, coxartrose. Portanto, alternativa D. 

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Referências Bibliográficas 

  1. Michael Doherty & Abhishek Abhishek. Clinical manifestations and diagnosis of osteoarthritis. UpToDate, 2023. Disponível em: UpToDate
  1. Leticia Alle Deveza. Overview of the management of osteoarthritis. UpToDate, 2023. Disponível em: UpToDate
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