Resumo de lombalgia aguda: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de lombalgia aguda: diagnóstico, tratamento e mais!

A lombalgia é um sintoma extremamente comum na população adulta e idosa, no contexto de atenção primária ou urgência e emergência, além de ser um dos principais motivos de incapacidade física. Confira agora os principais aspectos referentes a esta afecção, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

Definição da doença

A lombalgia geralmente é definida como dor, tensão muscular ou rigidez localizada acima das pregas glúteas inferiores e abaixo do rebordo costal, com ou sem formigamento ou dor nas pernas, a conhecida dor ciática. O tipo da dor pode apresentar um amplo espectro, como nociceptiva, neuropática ou inespecíficas, que frequentemente se sobrepõem.

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Epidemiologia e etiologias de lombalgia aguda

Acredita-se que pelo menos 80% das pessoas experimentaram um episódio de dor lombar em algum momento de suas vidas. Tem elevado impacto sobre custos em saúde e na economia e mercado de trabalho, visto que está entre as 10 primeiras causas de consultas em cada ano e que os trabalhadores se ausentam de suas atividades por mais de sete dias em razão dessa condição clínica.

Os fatores de risco associados às queixas de dor nas costas incluem tabagismo, obesidade, idade, sexo feminino, trabalho fisicamente extenuante, trabalho sedentário, trabalho psicologicamente extenuante, baixo nível educacional, seguro de acidentes de trabalho, insatisfação no trabalho e fatores psicológicos, como transtorno de somatização , ansiedade e depressão 

Etiologias

São categorizados em três principais grupos:

  1. Secundária a alguma doença subjacente específica, como trauma, infecção, inflamação, artrite reumatoide, tumor, hérnia de disco, vasculopatia etc.;
  2. Associada a lesão ou doença do sistema nervoso somatossensorial;
  3. Inespecífico, que na maioria das vezes é de origem mecânica. 

A maioria desses pacientes, principalmente os atendidos em nível de atenção básica, terá dor nas costas inespecífica. Cerca de 10% terão etiologias específicas menos graves, como fratura por compressão vertebral, radiculopatia, estenose espinhal, espondiloartrite e osteoartrite. Esses pacientes geralmente melhoram em algumas a várias semanas com tratamento conservador ou autocuidado. 

Menos de 1% terá etiologias graves, como síndrome da cauda equina, câncer metastático, infecção da coluna vertebral, abscesso epidural espinhal e osteomielite vertebral. 

Características da lombalgia aguda

Geralmente se manifesta como dor mecânica, relacionada ao tempo ou atividade laboral ou física,  não apresentando sinais de alarme e que melhora com analgesia e antiinflamatórios. 

A síndrome dolorosa miofascial pode estar presente na grande maioria desses pacientes com lombalgia mecânica seja como fator primário ou como componente da contração muscular devido à dor reflexa segmentar. 

Outro tipo de dor lombar relativamente comum é a dor radicular, uma dor irradiada ao longo da raiz nervosa sem comprometimento neurológico, geralmente irradiando das costas e nádegas para a perna em uma distribuição dermatomal. A dor é provocada por descargas ectópicas provenientes de alguma raiz dorsal inflamada ou lesionada. 

A dor neuropática geralmente se associa a radiculopatia com claudicação neurológica, fraqueza motora, parestesia e comprometimento dos nervos sensoriais. As parestesias se manifestam como sensação de queimação, dormência, formigamento e agulhadas. 

Avaliação da lombalgia

A maioria dos pacientes com dor lombar aguda abaixo de quatro semanas não requer avaliação médica adicional, exceto na presença de sinais ou sintomas que indiquem a necessidade de imagens imediatas. A presença das seguintes características são sinais de alarme dentro da lombalgia:

  • Duração da dor maior que 1 mês
  • Idade maior que 50 anos
  • Sintomas constitucionais como perda de peso inexplicável, fadiga, febre e inapetência.
  • Dor não relacionada ao tempo ou atividade
  • Dor torácica 
  • História prévia de carcinoma, esteróides, HIV
  • Disfunção esfincteriana intestinal ou vesical
  • Déficits neurológicos 
  • Deformidade estrutural da coluna vertebral 

A pesquisa e ausência dos red flags citados acima dentro da lombalgia tranquilizam os médicos, visto que pacientes com lombalgia aguda sem esses sinais têm 90% de chance de uma boa evolução. 

#Ponto importante: Essa triagem antes de solicitação de imagem é devido a presença de alterações em imagem da coluna em até 50% dos pacientes assintomáticos que possuem até 30 anos de idade, o que aumenta o risco de realização de procedimentos invasivos desnecessários. 

Na presença de red flags exames adicionais devem ser solicitados em busca das etiologias mais graves. As radiografias simples possuem menor acurácia,  mas são mais acessíveis. Podem demonstrar fraturas, deformidades, desalinhamentos, presença de lesões degenerativas, como osteófitos ou sinais de degeneração discal, além de processos neoplásicos. 

Na suspeita de hérnia de disco lombar e estenose na presença de red flags, estudos demonstraram que a tomografia computadorizada e a ressonância magnética são igualmente precisas para diagnóstico. 

A ressonância magnética é provavelmente mais precisa do que outros tipos de imagem para diagnosticar infecções, malignidades e a medula óssea e estruturas nervosas, mas a prevalência dessas patologias específicas é baixa. 

Tratamento de lombalgia aguda

A dor lombar é causada principalmente por lombalgia mecânica e a maioria desses pacientes com dor lombar aguda melhora independentemente de tratamento específico. O tratamento indicado é sintomático com utilização de analgésicos, antiinflamatórios e um relaxante muscular não benzodiazepínico, com duração bem estabelecida para evitar uso abusivo dessas medicações. No período agudo da dor pode ser necessário repouso, mas por curto período de tempo. 

Ponto importante: O repouso deve ser desencorajado nos pacientes, pois está envolvido na fisiopatologia da doença a falta de mobilidade da coluna lombar.

Terapias alternativas razoáveis incluem massagem, acupuntura e manipulação da coluna vertebral, dependendo da preferência do paciente e de seu custo e acessibilidade.

O tratamento preventivo com diminuição dos fatores de risco é a melhor forma de manejo nesses casos. Realização de atividade física, controle de peso, melhora postural para dormir e exercer atividades laborais, alimentação adequada, cessação de tabagismo e outros fatores de risco associado a dor lombar.  

O manejo para lombalgia com sinais de alarme, além de exames de imagem adicionais em busca de etiologias mais graves, é voltada para controle da dor e pode ser feito com uso de sintomáticos, como AINES e relaxantes musculares. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Allegri M, Montella S, Salici F, Valente A, Marchesini M, Compagnone C, Baciarello M, Manferdini ME, Fanelli G. Mechanisms of low back pain: a guide for diagnosis and therapy. F1000Res. 2016 Jun 28;5:F1000 Faculty Rev-1530. doi: 10.12688/f1000research.8105.2. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4926733/
  • Koes BW, van Tulder MW, Thomas S. Diagnosis and treatment of low back pain. BMJ. 2006 Jun 17;332(7555):1430-4. doi: 10.1136/bmj.332.7555.1430. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1479671/
  • Stephanie G Wheeler et al. Evaluation of low back pain in adults. Uptodate
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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