Resumo de dispepsia funcional: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de dispepsia funcional: diagnóstico, tratamento e mais!

A dispepsia engloba um conjunto de sintomas gastrointestinais, sendo que a dispepsia funcional ou idiopática é o diagnóstico diferencial mais comum. Por este motivo, confira agora os principais aspectos referentes a esta condição médica, que aparecem nos atendimentos e como são cobrados nas provas de residência médica!

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à dispepsia funcional. 

  • De acordo com o consenso Roma IV, os principais sintomas observados na dispepsia funcional são empachamento pós-prandial, saciedade precoce, dor epigástrica e queimação epigástrica. 
  • O diagnóstico é de exclusão, realizado na ausência de qualquer doença orgânica, sistêmica ou metabólica que possa explicar os sintomas.
  • Pacientes com mais de 60 anos de idade ou com presença de sinais de alarme com dispepsia devem ser submetidos a uma endoscopia digestiva alta. 
  • Os inibidores da bomba de prótons (IBPs) e os antagonistas dos receptores tipo 2 da histamina (H2RAs). 

Inscreva-se em nossa newsletter!

Receba notícias sobre residência médica e revalidação de diplomas, além de materiais de estudo gratuitos e informações relevantes do mundo da Medicina.

Definição da doença

A dispepsia funcional é definida como um distúrbio de digestão com um ou mais sintomas de dor epigástrica, queimação, plenitude pós-prandial ou saciedade precoce, na ausência de qualquer doença orgânica, sistêmica ou metabólica que possa explicar os sintomas. 

Epidemiologia e fisiopatologia de dispepsia funcional

Cerca de 30 a 40% dos adultos queixam-se de sintomas dispépticos, embora as taxas de prevalência sejam menores usando diferentes dos critérios de Roma. Alguma causa orgânica é encontrada em apenas uma minoria que procura atendimento médico. 

Etiologia

Se você estiver diante de um paciente com dispepsia deve imaginar que vários podem ser as causas, como doença ulcerosa péptica, doença do refluxo gastrointestinal, gastrites, neoplasias do trato gastrointestinal superior, doença do trato biliar, além de diversas medicações e chás caseiros. 

#Ponto importante: Os AINES são causas comuns de dor abdominal mesmo na ausência de úlcera péptica. 

No entanto, aproximadamente 80% dos indivíduos com dispepsia não têm explicação estrutural para seus sintomas e recebem o diagnóstico de dispepsia funcional. 

Patogênese

Os mecanismos fisiopatológicos são totalmente conhecidos, mas alguns estudos sugerem fatores psicossociais influenciam na patogênese, principalmente em mulheres com dispepsia, tanto relacionadas à sensação de bem-estar como com associação à história de abuso na infância ou adolescência. 

Outras condições fisiológicas e fatores de risco que são implicadas na dispepsia incluem: 

  • Distúrbios de motilidade: esvaziamento gástrico lento ou gastroparesia primária ou idiopática, distúrbios na acomodação gástrica ou relaxamento receptivo, motilidade duodenojenunal anormal. 
  • Hipersensibilidade à distensão: Diminuição do limiar de percepção da dor devido à distensão gástrica, sensibilidade duodenal alterada a lipídios e ácidos. 
  • Flora intestinal: É possível que a microbiota gástrica e intestinal estejam envolvidas na fisiopatologia da DF.
  • Outros fatores: suscetibilidade familiar, alterações da função neuro-hormonal e disfunção autonômica. 

#Ponto importante: Como a dor ou desconforto abdominal superior é o sintoma mais proeminente em pacientes com úlcera péptica, a infecção por Helicobacter pylori se associa a patogênese da dispepsia não ulcerosa, por mais que o papel da infecção do trato gastrointestinal por H. pylori na fisiopatologia dos sintomas na dispepsia funcional ainda não está bem esclarecida. 

Manifestações clínicas da dispepsia funcional 

De acordo com o consenso Roma IV, os principais sintomas observados na dispepsia funcional são empachamento pós-prandial, saciedade precoce, dor epigástrica e queimação epigástrica. 

Segundo os próprios critérios de Roma IV, ela pode estar associada a náuseas, vômitos, timpanismo, distensão abdominal, localizados no abdômen superior, desde que não seja justificada por doença orgânica ou que os sintomas melhorem ou estejam associados a alterações no ritmo ou nas características das evacuações intestinal.

#Ponto importante: Por mais que sintomas de náuseas, vômitos e pirose estejam comumente associados a este quadro, eles não são sintomas de dispepsia funcional.

Avaliação 

Não há testes diagnósticos específicos para dispepsia funcional, sendo considerado um diagnóstico de exclusão. Por este motivo, se um paciente se apresenta com queixa de dispepsia em sua consulta, você deve excluir as causas orgânicas de dispepsia citados nas etiologias acima. 

Além disso, deve se questionar possíveis sintomas de alarme, que geralmente se apresentam em estados avançados nas malignidades e incluem:  

  • Perda de peso inexplicável 
  • Vômitos recorrentes
  • Disfagia progressiva
  • Odinofagia
  • Perda de sangue gastrointestinal 
  • História familiar de câncer gastrointestinal superior

Pacientes com mais de 60 anos de idade ou com presença de sinais de alarme com dispepsia devem ser submetidos a uma endoscopia digestiva alta. Além disso, pacientes com dispepsia funcional refratária às medidas terapêuticas também estão indicados para EDA e biópsias, se não tiverem sido realizadas anteriormente. 

#Ponto importante: O teste sorológico de H. Pylori é recomendado por referências internacionais para todos pacientes com dispepsia, mas o tratamento para erradicação não é recomendado de rotina em pacientes sem diagnóstico confirmado. 

Tratamento da dispepsia funcional

O alívio satisfatório dos sintomas é um objetivo importante no tratamento da DF. O próprio placebo demonstrou eficácia no controle sintomatológico desses pacientes. A mudança nos hábitos alimentares e a prática de atividade física fazem parte do tratamento.  

Os inibidores da bomba de prótons (IBPs) e os antagonistas dos receptores tipo 2 da histamina (H2RAs) são eficazes no tratamento da DF, com eficácia na resolução dos sintomas superior ao placebo em vários estudos e considerado tratamento de primeira linha. 

Os IBPs, inclusive, são recomendados por algumas diretrizes internacionais como teste terapêutico em pacientes sem sinais de alarme, com dose moderada por 4 semanas. 

Outras terapias de segunda linha incluem doses baixas de antidepressivos tricíclicos, trazodona e procinéticos. Este último, apresentou melhores resultados em pacientes com sintomas tipo dismotilidade, uma vez que agem acelerando o esvaziamento gástrico. 

Curso Extensivo Residência Médica

Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Harer KN, Hasler WL. Functional Dyspepsia: A Review of the Symptoms, Evaluation, and Treatment Options. Gastroenterol Hepatol (N Y). 2020 Feb;16(2):66-74. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8132673/
  • Miwa H, Nagahara A et al. Evidence-based clinical practice guidelines for functional dyspepsia 2021. J Gastroenterol. 2022 Feb;57(2):47-61. doi: 10.1007/s00535-021-01843-7. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8831363/
  • Nilce Mitiko Matsuda | Celso Costa Maia | Luiz Ernesto de Almeida Troncon. Dispepsia funcional: revisão de diagnóstico e fisiopatologia. Diagn Tratamento. 2010;15(3):114-6. Disponível em BVS.  
  • Crédito da imagem em destaque: Pixabay
Você pode gostar também