Olá, meu Doutor e minha Doutora! Como estão os estudos? Espero que estejam progredindo bem! Nosso resumo de hoje é sobre o conceito de Paresia. É comum encontrarmos esse termo sendo confundido com outros semelhantes, como plegia e parestesia.
Vem com o Estratégia MED entender o conceito e os tipos de paresia. Ao final, separei uma questão de prova sobre o tema para respondermos juntos!
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Conceito de Paresia
A paresia é uma condição neurológica caracterizada pela fraqueza parcial dos músculos, resultando em uma redução do controle motor. Vamos entender a diferença entre alguns termos:
- Plegia: plegia é um termo utilizado para descrever a perda total do movimento voluntário em uma parte específica do corpo. Quando ocorre plegia, não há capacidade de realizar movimentos ativos na área afetada. Essa condição é caracterizada pela ausência completa de controle motor e pode ser resultado de danos graves ao sistema nervoso central ou periférico.
- Parestesia: parestesia refere-se a sensações anormais, como formigamento, dormência, queimação ou picadas de agulha, percebidas sem uma causa externa aparente. É uma condição sensorial que ocorre sem que haja uma lesão direta no sistema nervoso motor. Em vez disso, é frequentemente associada à compressão de nervos, lesões nervosas, má circulação sanguínea ou condições neurológicas. Por exemplo, a compressão do nervo ulnar pode resultar em parestesia no quarto e quinto dedos da mão.
- Paralisia: paralisia é uma condição na qual há perda total ou parcial do movimento voluntário em uma parte do corpo. Diferentemente da plegia, na paralisia ainda pode haver algum grau de função muscular residual na área afetada. Isso significa que, embora o controle motor esteja comprometido, ainda pode haver algum movimento ou contração muscular na região afetada. As causas da paralisia podem variar e incluem danos ao sistema nervoso central ou periférico, como lesões na medula espinhal, doenças neurológicas ou traumas.
- Paresia: paresia é caracterizada pela fraqueza parcial dos músculos, resultando em uma redução do controle motor. Ao contrário da paralisia, na paresia ainda existe algum grau de função muscular residual, embora limitada. Os pacientes com paresia podem experimentar fraqueza muscular, diminuição da coordenação e dificuldade para realizar movimentos, mas ainda mantêm alguma capacidade de movimento. Essa condição pode ser causada por uma variedade de fatores, incluindo lesões nervosas periféricas, doenças neurológicas ou condições médicas subjacentes.
Fisiopatologia da Paresia
A paresia resulta de uma interrupção na transmissão dos sinais nervosos do cérebro e da medula espinhal para os músculos, levando à fraqueza parcial e diminuição do controle motor. Alguns dos principais mecanismos envolvidos:
Lesão neural: lesões no cérebro, medula espinhal ou nervos periféricos podem causar paresia. Isso pode resultar de condições como acidente vascular cerebral (AVC), trauma, tumores, esclerose múltipla, lesões medulares, neuropatias periféricas, entre outros. Essas lesões interferem na transmissão dos sinais nervosos responsáveis pelo controle muscular.
Interrupção da conexão nervosa: a comunicação entre o sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal) e os músculos é interrompida ou comprometida. Isso pode ocorrer devido a danos estruturais, como compressão, lesão axonal, inflamação ou destruição de neurônios motores.
Desregulação neuroquímica: alterações nos neurotransmissores e na função dos neurônios motores podem afetar a contração muscular. Por exemplo, em condições como a esclerose lateral amiotrófica (ela), há uma degeneração progressiva dos neurônios motores, levando à paresia e eventualmente paralisia.
Perda de estímulo muscular: a falta de estímulo nervoso adequado pode levar à atrofia muscular e fraqueza. Quando os nervos não transmitem sinais elétricos eficazes para os músculos, estes não recebem a estimulação necessária para se contrair e se manter fortes.
Processos degenerativos e inflamatórios: algumas condições neurológicas envolvem processos degenerativos ou inflamatórios que afetam diretamente os neurônios motores ou as estruturas adjacentes. Esses processos podem incluir a morte neuronal, a destruição da mielina (como na esclerose múltipla) ou a inflamação crônica.
Causas de Paresia
Acidente Vascular Cerebral (AVC): um AVC, seja isquêmico (por bloqueio de um vaso sanguíneo) ou hemorrágico (por ruptura de um vaso sanguíneo), pode resultar em danos ao cérebro e interromper a transmissão de sinais nervosos para os músculos, levando à paresia em diferentes partes do corpo, dependendo da área afetada do cérebro.
Traumatismo craniano ou lesões na medula espinhal: traumatismos cranianos severos ou lesões na medula espinhal podem causar danos aos nervos motores, ou as vias nervosas responsáveis pelo controle muscular, resultando em paresia ou paralisia, dependendo da extensão da lesão e da sua localização.
Doenças neurodegenerativas: condições como esclerose lateral amiotrófica (ELA), esclerose múltipla (EM), doença de Parkinson e distrofias musculares podem resultar em paresia devido à degeneração progressiva dos neurônios motores ou à desmielinização das vias nervosas.
Infecções: infecções virais, bacterianas ou parasitárias que afetam o sistema nervoso central ou periférico podem causar paresia. Exemplos incluem poliomielite, encefalite viral, meningite bacteriana e infecções parasitárias como a neurocisticercose.
Tumores e massas intracranianas: tumores cerebrais ou lesões expansivas no cérebro, ou na medula espinhal podem comprimir, ou danificar os nervos motores, interferindo na transmissão de sinais nervosos e causando paresia.
Doenças metabólicas e endócrinas: condições como diabete mellitus, hipotiroidismo e hipercalcemia podem afetar a função nervosa e muscular, contribuindo para a paresia.
Deficiências nutricionais: deficiências de vitaminas (como a vitamina B12) e minerais essenciais podem afetar a função neuromuscular, levando à fraqueza muscular e paresia.
Condições congênitas: algumas condições congênitas, como paralisia cerebral e síndrome de Down, podem predispor indivíduos a desenvolver paresia devido a anormalidades no desenvolvimento neurológico.
Tipos de Paresia
Existem vários tipos de paresia, cada um com características específicas baseadas na área afetada do corpo, na gravidade da fraqueza muscular e na causa subjacente. Abaixo estão alguns dos tipos mais comuns de paresia:
Hemiparesia: hemiparesia é a fraqueza que afeta um lado do corpo, seja o lado esquerdo ou direito. Geralmente, isso ocorre como resultado de um acidente vascular cerebral (AVC) ou lesão cerebral que afeta o lado oposto do cérebro.
Monoparesia: monoparesia se refere à fraqueza que afeta apenas um membro, como um braço ou uma perna. Isso pode ser causado por lesões nervosas periféricas, como trauma ou compressão nervosa, ou por condições neurológicas como síndrome do túnel do carpo.
Paraparesia: paraparesia é a fraqueza que afeta os membros inferiores, incluindo as duas pernas. Isso pode ser causado por lesões na medula espinhal, como esclerose múltipla, espondilose cervical ou lesões traumáticas.
Tetraparesia: tetraparesia envolve a fraqueza em todos os quatro membros, tanto os braços quanto as pernas. Essa condição é geralmente causada por lesões graves na medula espinhal, como ocorre em traumatismos cranianos ou lesões na coluna vertebral.
Diparesia: diparesia é uma fraqueza que afeta dois membros do mesmo lado do corpo, como ambos os braços ou ambas as pernas. Pode ser causada por condições neurológicas como paralisia cerebral ou síndrome de Guillain-Barré.
Facial paresia: facial paresia é a fraqueza dos músculos faciais, resultando em dificuldade de controlar os movimentos faciais. Pode ser causada por condições como paralisia de Bell, lesões nervosas faciais ou AVC.
Paresia flácida e espástica: paresia flácida é caracterizada por fraqueza muscular e diminuição do tônus muscular, enquanto paresia espástica envolve aumento do tônus muscular e reflexos exagerados. Esses termos são frequentemente usados para descrever diferentes apresentações clínicas de paresia associadas a diferentes condições neurológicas.
Tratamento da Paresia
O tratamento da paresia visa abordar tanto a causa subjacente quanto os sintomas associados à fraqueza muscular, além de promover a reabilitação e melhorar a qualidade de vida do paciente. Aqui estão algumas abordagens comuns utilizadas no tratamento da paresia:
- Tratamento da causa subjacente;
- Reabilitação física e terapia ocupacional;
- Aparelhos de assistência;
- Medicamentos;
- Estimulação elétrica funcional (EEF);
- Cirurgia;
- Estilo de vida saudável; e
- Apoio psicossocial.
Cai na Prova
Acompanhe comigo uma questão sobre um paciente que apresentou paresia (disponível no banco de questões do Estratégia MED):
RS – HOSPITAL SÃO LUCAS DA PUC – RS 2020 Homem, 65 anos, com história de “arritmia cardíaca”, iniciou há uma hora com quadro súbito de hemiparesia esquerda completa (força muscular grau 3), alteração de sensibilidade do hemicorpo esquerdo e desvio parcial do olhar conjugado para direita. Não apresenta cefaleia, alteração de consciência, desorientação ou alteração de linguagem. Consegue obedecer a ordens e responder a perguntas simples sem dificuldade. Eupneico, com boa perfusão periférica. Frente ao quadro clínico, marque a alternativa que lista os exames diagnósticos que devem ser solicitados para avaliação inicial desse paciente.
A.Ultrassonografia de carótidas, ecocardiografia transesofágica e eletroencefalograma
B.Ultrassonografia de carótidas, hemograma com plaquetas e eletrocardiograma
C.Tomografia ou ressonância magnética de crânio, punção lombar, glicose sérica
D.Tomografia ou ressonância magnética de crânio, eletrocardiograma e glicose sérica
Comentário da Equipe EMED: Correta a alternativa “d”. Todos os exames citados nesta alternativa estão corretos. Os de neuroimagem irão mostrar se o AVC é isquêmico ou hemorrágico, o ECG mostrará se há IAM e a glicemia descartará ou confirmará hipo/hiperglicemia, possíveis contraindicações ao tratamento trombolítico.
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Referências Bibliográficas
- Andrew W Asimos. Evaluation of the adult with acute weakness in the emergency department. UpToDate, 2021. Disponível em: UpToDate
- Schubert, K. M., & Schreiner, B. (2023). Neuromuskuläres Praxiswissen: Fokus Muskelschwäche [Neuromuscular Practical Knowledge: Focus On Muscle Weakness]. Praxis, 112(9), 459–468.
- Imagem em destaque: Pexels