Resumo de Pirose: conceito, causas e mais!

Resumo de Pirose: conceito, causas e mais!

Olá, meu Doutor e minha Doutora! A palavra “pirose” vem do grego antigo “pyrós”, que significa “fogo”. Esse termo é usado na medicina para descrever uma sensação de queimação no peito ou na garganta, muitas vezes associada a problemas gastrointestinais, como refluxo ácido. O termo reflete essa sensação de “fogo” ou queimação experimentada pelos indivíduos que sofrem desse sintoma.

Vem com o Estratégia MED entender como ocorre e as principais causas de pirose. Ao final, separei uma questão de prova sobre o tema para respondermos juntos!  

O que é a Pirose  

A pirose, mais comumente conhecida como azia, está caracterizada por uma sensação de queimação ou ardor no peito, geralmente logo atrás do esterno. A azia ocorre quando o ácido do estômago sobe para o esôfago e isso pode acontecer devido a uma variedade de razões, incluindo dieta, estilo de vida, condições médicas subjacentes ou medicamentos.

Fisiopatologia da Pirose

A fisiopatologia da pirose está relacionada principalmente ao refluxo ácido. Normalmente, o esôfago tem um mecanismo de defesa contra o refluxo de ácido gástrico. Este mecanismo inclui o esfíncter esofágico inferior (EEI), que se contrai para manter o ácido gástrico no estômago e relaxa quando a comida passa do esôfago para o estômago. No entanto, em algumas situações, esse mecanismo pode falhar, resultando em refluxo ácido. Isso pode ocorrer por várias razões como o relaxamento inadequado do EEI, hiperacidez gástrica, disfunção motora esofágica e hérnia de hiato.

Quando o ácido do estômago entra em contato com o revestimento sensível do esôfago, pode causar irritação e inflamação, resultando na sensação de queimação ou ardor típica da pirose. Além disso, a exposição crônica ao ácido gástrico pode levar a complicações mais graves, como esofagite erosiva (inflamação do esôfago), estenose esofágica (estreitamento do esôfago) e até mesmo câncer de esôfago em casos extremos.

Causas de Pirose 

A pirose pode ser causada por uma variedade de fatores, incluindo: 

Refluxo gastroesofágico (DRGE): esta é a causa mais comum de azia. O refluxo gastroesofágico ocorre quando o ácido do estômago retorna para o esôfago, irritando seu revestimento e causando sintomas como queimação no peito. Vários fatores podem contribuir para o refluxo gastroesofágico, incluindo enfraquecimento do esfíncter esofágico inferior (EEI), hérnia de hiato, obesidade, gravidez, dieta rica em alimentos gordurosos ou ácidos, tabagismo e uso de certos medicamentos. 

Hérnia de hiato: uma hérnia de hiato ocorre quando uma porção do estômago se projeta para cima através do diafragma, o que pode enfraquecer a barreira entre o estômago e o esôfago, facilitando o refluxo ácido. 

Obesidade: o excesso de peso pode exercer pressão adicional sobre o abdômen, o que pode aumentar o risco de refluxo gastroesofágico. 

Dieta: certos alimentos e bebidas podem desencadear ou piorar a azia em algumas pessoas, incluindo alimentos gordurosos, frituras, chocolate, cafeína, álcool, alimentos ácidos, como tomate, e alimentos picantes. 

Tabagismo: fumar pode enfraquecer o esfíncter esofágico inferior e aumentar a produção de ácido no estômago, contribuindo para o refluxo gastroesofágico. 

Gravidez: as alterações hormonais e o aumento da pressão sobre o abdômen durante a gravidez podem aumentar o risco de azia. 

Medicamentos: alguns medicamentos podem relaxar o esfíncter esofágico inferior ou irritar o revestimento do esôfago, aumentando o risco de azia. Exemplos incluem medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), aspirina, relaxantes musculares, nitratos, bloqueadores dos canais de cálcio, entre outros.

Diagnóstico de Pirose

O diagnóstico de pirose, ou azia, é geralmente feito com base nos sintomas relatados pelo paciente e em alguns testes específicos, quando necessário. Aqui estão os principais métodos de diagnóstico utilizados

Avaliação dos sintomas: O médico fará perguntas detalhadas sobre os sintomas do paciente, incluindo a frequência e a gravidade da azia, fatores desencadeantes, duração dos sintomas e quaisquer outros sintomas associados, como regurgitação ácida, dor no peito, tosse crônica, entre outros. 

Exame físico: um exame físico pode ser realizado para descartar outras condições que podem estar causando os sintomas semelhantes à azia. 

Teste de prova terapêutica: em alguns casos, o médico pode recomendar um teste de tratamento para avaliar a resposta do paciente a medicamentos para reduzir a produção de ácido gástrico. Se os sintomas melhorarem com o tratamento, isso pode indicar a presença de refluxo gastroesofágico. 

Endoscopia digestiva alta: A endoscopia pode ajudar a identificar lesões no esôfago causadas pelo refluxo ácido, bem como outras condições que podem estar contribuindo para os sintomas. 

Manometria esofágica: este teste mede a pressão no esôfago e a coordenação dos músculos esofágicos durante a deglutição. Pode ajudar a avaliar a função do esfíncter esofágico inferior e identificar problemas de motilidade esofágica. 

PHmetria esofágica: neste teste, um tubo fino é inserido no esôfago para medir o pH do conteúdo esofágico ao longo do tempo, geralmente durante 24 horas. Isso pode ajudar a determinar a frequência e a gravidade do refluxo ácido.

Tratamento da Pirose 

O tratamento da pirose geralmente envolve uma combinação de mudanças no estilo de vida, uso de medicamentos e, em alguns casos, procedimentos médicos

Mudanças no Estilo de Vida

  • Evitar alimentos e bebidas que desencadeiam a azia, como alimentos gordurosos, frituras, chocolate, café, álcool, alimentos ácidos e alimentos picantes. 
  • Reduzir o tamanho das refeições e evitar comer muito antes de dormir. 
  • Elevar a cabeceira da cama para reduzir o refluxo ácido durante a noite. 
  • Parar de fumar, se aplicável, já que o tabagismo pode piorar a azia. 
  • Perder peso, se estiver com sobrepeso ou obeso, pois o excesso de peso pode aumentar o risco de azia. 

Medicamentos de Venda Livre

  • Antiácidos: alívio rápido dos sintomas neutralizando o ácido no estômago. 
  • Inibidores da bomba de prótons (IBPs): reduzem a produção de ácido no estômago e proporcionam alívio duradouro. Exemplos incluem omeprazol, lansoprazol, pantoprazol, entre outros. 
  • Antagonistas dos receptores H2: reduzem a produção de ácido no estômago. Exemplos incluem ranitidina, cimetidina e famotidina. 

Procedimentos Médicos

  • Cirurgia de fundoplicatura: em casos graves de refluxo gastroesofágico que não respondem ao tratamento médico, pode ser recomendada a cirurgia para fortalecer o esfíncter esofágico inferior e reduzir o refluxo ácido. 
  • Procedimentos endoscópicos: algumas técnicas endoscópicas minimamente invasivas podem ser utilizadas para fortalecer o esfíncter esofágico inferior ou reparar o esôfago danificado. 

Monitoramento e Acompanhamento

É importante que os pacientes com azia crônica sejam acompanhados regularmente pelo médico para avaliar a eficácia do tratamento, fazer ajustes conforme necessário e monitorar complicações potenciais.

Cai na Prova 

Acompanhe comigo uma questão sobre pirose (disponível no banco de questões do Estratégia MED): 

SP – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – USP (HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DA USP – HC) 2023 Paciente de 25 anos com queixa de pirose e de regurgitação de longa data. A endoscopia digestiva alta demonstra esofagite grau Los Angeles B, sem hérnia de hiato. Ao exame clínico abdominal, sem dor à palpação ou visceromegalias. IMC: 31 kg/m2 . Após uso de esomeprazol em dose otimizada, apresentou melhora dos sintomas. Com relação ao caso, assinale a melhor alternativa. 

A. O diagnóstico de doença do refluxo gastroesofágico é provável e o paciente deverá ser encaminhado para tratamento cirúrgico. 

B. O diagnóstico de doença do refluxo gastroesofágico é provável e o paciente deverá realizar medidas comportamentais (dieta e perda de peso) como início do tratamento.

C. O diagnóstico de doença do refluxo gastroesofágico pode ser considerado, havendo indicação formal para cirurgia bariátrica. 

D. O diagnóstico de doença do refluxo gastroesofágico pode ser considerado e existe indicação formal para tratamento endoscópico como ponte para tratamento cirúrgico.

Comentário da Equipe EMED: Todos os pacientes com sintomas de refluxos devem ter como aliados mudanças de estilo de vida e perda de peso (se acima do peso). No caso da nossa paciente, ela pode iniciar seu tratamento com medidas apenas clínicas uma vez que não apresenta nenhuma das indicações cirúrgicas acima citadas (complicações, piora dos sintomas após suspensão do IBP e ausência de melhora com IBP). Portanto, alternativa B.

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Referências Bibliográficas 

  1. Peter J Kahrilas. Clinical manifestations and diagnosis of gastroesophageal reflux in adults. UpToDate, 2022. Disponível em: UpToDate
  1. Provenza, Delaney MMS, PA-C; Gillette, Christopher PhD; Peacock, Brian MMS, PA-C; Rejeski, Jared MD. Managing heartburn and reflux in primary care. JAAPA 37(3):p 24-29, March 2024. | DOI: 10.1097/01.JAA.0001005620.54669.f4  
  1. Imagem de Natural Herbs Clinic por Pixabay
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