Resumo de Prurigo Estrófulo: causa, sintomas e mais!
Skin Health and Disease.

Resumo de Prurigo Estrófulo: causa, sintomas e mais!

Olá, querido doutor e doutora! O prurigo estrófulo é uma dermatose inflamatória bastante comum na infância, especialmente em regiões tropicais. Caracteriza-se por lesões pruriginosas em resposta a picadas de insetos, sendo frequentemente associada à predisposição atópica. Apesar do curso geralmente autolimitado, pode impactar significativamente a qualidade de vida. O reconhecimento clínico e o manejo adequado são essenciais para evitar complicações secundárias.

O termo “estrófulo” é usado para caracterizar a forma aguda de prurigo em crianças, muitas vezes confundido com urticária papular, embora possua características clínicas distintas.

Conceito 

O prurigo estrófulo é uma dermatose inflamatória reacional, que surge em resposta à hipersensibilidade às picadas de insetos, especialmente em crianças com predisposição atópica. Clinicamente, manifesta-se como lesões papulosas e, por vezes, vesiculosas, acompanhadas de prurido intenso. Essas lesões tendem a surgir de forma agrupada, podendo evoluir com crostas hemáticas secundárias ao ato de coçar. Embora seja mais comum em áreas tropicais e subtropicais, onde a exposição a artrópodes é constante, sua ocorrência está intimamente associada a fatores imunológicos, ambientais e socioeconômicos.

Fisiopatologia 

O desenvolvimento do prurigo estrófulo está relacionado a uma resposta imunológica exacerbada do tipo I e IV mediada por células T, desencadeada por antígenos presentes na saliva de artrópodes hematófagos, como pulgas e pernilongos. Essa resposta imune ocorre de forma mais intensa em indivíduos predispostos, especialmente crianças com histórico pessoal ou familiar de doenças atópicas, como dermatite atópica, asma ou rinite alérgica. 

Após a picada, ocorre ativação de mastócitos, eosinófilos e linfócitos T auxiliares do subtipo Th2, com liberação de mediadores inflamatórios, como histamina, interleucinas (IL-4, IL-5, IL-13 e IL-31) e quimiocinas, que amplificam a inflamação e aumentam a sensibilidade cutânea ao prurido. A coceira intensa perpetua um ciclo de lesão e reinflamação, levando à formação de pápulas e crostas, além de facilitar infecções secundárias.

A evolução imunológica da doença também chama atenção: estudos mostram que, ao longo dos anos, as células T cutâneas reativas aos alérgenos dos insetos perdem a capacidade de produzir interleucinas inflamatórias como a IL-4, mantendo uma resposta mais tolerante, o que justifica a tendência à melhora clínica espontânea com o passar da idade. 

Epidemiologia e fatores de risco

O prurigo estrófulo é mais frequente em crianças entre dois e sete anos, especialmente em regiões tropicais e subtropicais, onde a exposição a insetos é constante ao longo do ano. 

Sua prevalência tende a ser maior em populações de baixa renda, nas quais as condições ambientais favorecem a presença de vetores como pulgas e mosquitos. A condição é considerada uma das manifestações cutâneas mais comuns da hipersensibilidade infantil, e sua incidência diminui progressivamente com a idade, o que reforça o papel da tolerância imunológica adquirida ao longo do tempo.

Fatores de risco 

  • Idade entre 2 e 7 anos; 
  • Exposição frequente a ambientes com alta densidade de insetos; 
  • Clima quente e úmido; 
  • Baixo nível socioeconômico; 
  • Presença de dermatite atópica ou outras doenças alérgicas; 
  • Histórico familiar de atopia; 
  • Moradia com pouca proteção contra artrópodes (ex: ausência de telas ou repelentes); e 
  • Higiene ambiental inadequada.

Avaliação clínica 

O prurigo estrófulo se manifesta por lesões cutâneas intensamente pruriginosas, que surgem de forma abrupta, geralmente em surtos. As lesões iniciam-se como pápulas eritematosas que podem evoluir para vesículas, crostas sero-hemáticas ou, em alguns casos, lesões urticariformes. São frequentemente agrupadas e acometem preferencialmente áreas expostas do corpo, como membros superiores e inferiores, pescoço e face. O prurido é intenso, levando à escoriação e formação de novas lesões por coçadura, com risco de infecção bacteriana secundária.

O padrão de distribuição costuma ser simétrico, e as lesões podem coexistir em diferentes estágios evolutivos. Crianças atópicas tendem a apresentar manifestações mais exuberantes e prolongadas. Além das alterações cutâneas, o impacto no sono e no comportamento devido ao prurido pode ser relevante, interferindo na qualidade de vida dos pacientes e suas famílias.

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Diagnóstico 

O diagnóstico do prurigo estrófulo é predominantemente clínico e baseia-se na história de surgimento de lesões papulosas pruriginosas, recorrentes, em áreas expostas da pele, especialmente em crianças pequenas. A associação com prurido intenso, padrão simétrico e presença de crostas sero-hemáticas reforça a suspeita. A anamnese deve explorar o ambiente domiciliar, histórico de picadas de insetos e presença de doenças atópicas.

Exame físico

Durante o exame dermatológico, identificam-se lesões em diferentes estágios: pápulas, vesículas, crostas e sinais de escoriação. A distribuição preferencial nas extremidades e face, com relativa preservação de áreas cobertas, é sugestiva. Em alguns casos, é possível identificar lesões lineares, resultantes de múltiplas picadas.

Diagnóstico diferencial

É importante distinguir o prurigo estrófulo de outras condições, como escabiose, dermatite atópica, urticária papular, impetigo e reações medicamentosas. A evolução autolimitada, padrão das lesões e contexto epidemiológico ajudam nessa diferenciação.

Tratamento

Medidas gerais

O controle ambiental é essencial para interromper a exposição aos artrópodes causadores da reação. Recomenda-se o uso de telas em portas e janelas, mosquiteiros, repelentes tópicos adequados para a faixa etária e higienização adequada de roupas de cama e estofados. Essas ações são fundamentais para prevenir novas picadas e, consequentemente, novos surtos. 

Terapia medicamentosa

O manejo farmacológico é baseado na gravidade do quadro. Nos casos leves, são indicados antihistamínicos orais, preferencialmente não sedativos durante o dia e sedativos à noite, para alívio do prurido e melhora do sono. Corticosteroides tópicos de média potência são utilizados nas lesões ativas, promovendo rápida redução da inflamação. Em episódios mais severos ou persistentes, pode-se associar antibióticos tópicos ou sistêmicos se houver sinais de infecção secundária.

Evolução

O prurigo estrófulo é, na maioria dos casos, uma condição benigna e autolimitada. A tendência é de melhora gradual com o avanço da idade, geralmente desaparecendo por volta dos sete anos, o que sugere o desenvolvimento de tolerância imunológica. No entanto, pacientes com terreno atópico podem apresentar episódios recorrentes ou mais intensos, exigindo tratamento prolongado e maior vigilância clínica.

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Referências Bibliográficas 

  1. CRIADO, Paulo Ricardo et al. Prurigo: review of its pathogenesis, diagnosis, and treatment. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 99, n. 5, p. 706–720, 2024. 
  1. Kouotou, E. A., Nguena Feungue, U., Engolo Fandio, A., Tounouga, D. N., & Ndjitoyap Ndam, E. C. (2021). Prurigo strophulus: Epidemiological, clinical aspects and environmental factors among children in Yaoundé, Cameroon (Sub‐Saharan Africa). Skin Health and Disease, 1(3). Portico. https://doi.org/10.1002/ski2.38 
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