Resumo de queilite angular: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de queilite angular: diagnóstico, tratamento e mais!

As lesões orais são frequentes na atenção básica, sendo um manejo desafiador para muitos médicos. Abrir o leque de diagnósticos diferenciais para condições bucais é importante para conduzir esses casos em seu atendimento.

Por este motivo, confira os principais aspectos referentes à queilite angular que podem aparecer em seus atendimentos e serem cobrados nas provas de residência médica!

Dicas do Estratégia para provas

Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à queilite angular.

  • A queilite angular ocorre mais comumente no idoso, especialmente comum em indivíduos mais velhos que usam dentaduras e representa a infecção bacteriana/fúngica mais comum dos lábios;
  • A queilite angular é causada por maceração física nas comissuras angulares devido à superexposição à saliva e infecção secundária com C. albicans ou, menos comumente, S. aureus;
  • Apresenta-se tipicamente com eritema, maceração, descamação e fissuras nos cantos da boca;
  • O diagnóstico é baseado na epidemiologia e características clínicas;
  • O tratamento objetiva evitar a fisiopatologia base, que envolve a salivação excessiva e o tratamento da superinfecção fúngica ou bacteriana.  

Definição da doença

A queilite angular é um processo inflamatório cutâneo de etiologia variada que ocorre na comissura labial caracterizada por inflamação, fissuração e maceração dos ângulos da boca. 

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Epidemiologia e fisiopatologia de queilite angular

Segundo dados americanos, a queilite angular ocorre com prevalência de 0,7% na população geral, embora possa ocorrer com mais frequência em grupos selecionados. A queilite angular ocorre mais comumente no idoso, especialmente comum em indivíduos mais velhos que usam dentaduras, e representa a infecção bacteriana/fúngica mais comum dos lábios.

Além disso, babar, chupar o dedo e lamber os lábios são causas frequentes de queilite angular em crianças pequenas. Causas menos comuns em adultos e crianças incluem deficiências nutricionais, diabetes tipo 2, imunodeficiência, reações alérgicas ou irritantes a produtos de higiene bucal ou materiais de dentadura e medicamentos que causam ressecamento e xerostomia. 

A queilite angular é causada por maceração física nas comissuras angulares devido à superexposição à saliva. Essa exposição contínua à saliva induz dermatite de contato e reação eczematosa nas comissuras e, a integridade comprometida do epitélio do estrato córneo permite que organismos comensais levem a infecção secundária com C. albicans ou, menos comumente, S. aureus.

No entanto, vários fatores predisponentes estão relacionados. Entre eles estão a diminuição da dimensão vertical que resulta em manter esta área constantemente úmida e as deficiências de ferro e vitamina B12.

Manifestações clínicas da queilite angular

Apresenta-se tipicamente com eritema, maceração, descamação e fissuras nos cantos da boca. Geralmente se iniciam com eritema rosado com lábios adjacentes normais ou rachados. À medida que a condição progride, a umidade leva a maceração e erosão, formando pequenas lesões branco-acinzentadas com mucosa avermelhada. 

Crédito: Federico JR, Basehore BM, Zito PM, 2022.

Geralmente as lesões são bilaterais e dolorosas. Em adultos e crianças caracteriza-se sintomaticamente pela secura e sensação de ardência nos cantos da boca. 

Mais raramente, em casos graves, a fissura é profunda o suficiente para causar sangramento e a pele danificada pode exsudar e formar crostas. Essas formas exsudativas são mais comuns na etiologia bacteriana. A leucoplasia raramente pode ser observada. 

Diagnóstico de queilite angular

O diagnóstico de queilite angular é geralmente clínico, baseado nas queixas e avaliação das lesões. Uma preparação de hidróxido de potássio (KOH) das lesões e da mucosa oral pode ser necessária para confirmar ou descartar a infecção por Candida e em lesões recorrentes, alguns pacientes podem se beneficiar de um tratamento guiado por swab da lesão para cultura bacteriana e fúngica.

A queilite angular pode fazer parte de uma síndrome de causas variadas, como arriboflavinose (deficiência de vitamina B2), pelagra (hipovitaminose B3), deficiência de vitamina B6, além de poder ser um sintoma de malignidades. Geralmente sintomas mais específicos dessas condições estão presentes e levam a suspeita diagnóstica e investigação de deficiências nutricionais e estados imunocomprometidos. Doenças sistêmicas depende da presença desses outros sinais. 

Tratamento da queilite angular

O tratamento objetiva evitar a fisiopatologia base, que envolve a salivação excessiva e o tratamento da superinfecção fúngica ou bacteriana. Deve-se orientar medidas de ajuste e limpeza da dentadura, higiene bucal adequada e uso de cremes de barreira, como pasta de óxido de zinco ou petrolato.

Para pacientes com preparação KOH positiva ou alta suspeita de infecção fúngica pode ser usada pomada azólica, como por exemplo miconazol e clotrimazol. O antifúngico tópico é aplicado duas vezes ao dia durante uma a três semanas e repetido conforme necessário. Pacientes com estomatite associada podem fazer uso de antifúngicos orais. 

A infecção estafilocócica pode ser tratada com pomada tópica de mupirocina ou creme de ácido fusídico a 2%. A mupirocina tópica é aplicada duas vezes ao dia durante 7 a 14 dias. Antibióticos sistêmicos raramente são indicados, a menos que as lesões sejam extensas ou falha no tratamento com antibióticos tópicos. 

Os glicocorticóides tópicos são utilizados em processos estritamente inflamatórios ou terapia complementar a regimes anticândidas ou antibacterianos para diminuir a inflamação, melhorar a cicatrização de erosões e prevenir recaídas. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Almeida VGV, Melo GMA, Lima GA. Queilite angular: sinais, sintomas e tratamento. INTERNATIONAL JOURNAL OF DENTISTRY, RECIFE, 6(2): 55-57 ABR / JUN 2007
  • Cabras M, Gambino A, Broccoletti R, Lodi G, Arduino PG. Treatment of angular cheilitis: A narrative review and authors’ clinical experience. Oral Dis. 2019 Aug 29. doi: 10.1111/odi.13183. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31464357/
  • Federico JR, Basehore BM, Zito PM. Angular Chelitis. [Updated 2023 Mar 7]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2023 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK536929/
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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