Resumo de Rinossinusite: conceito, causas, tratamento e mais!
Estratégia MED

Resumo de Rinossinusite: conceito, causas, tratamento e mais!

Olá, querido doutor e doutora! A rinossinusite é uma condição comum que acomete os seios paranasais e a cavidade nasal, sendo uma das principais causas de consultas médicas em todo o mundo. Sua manifestação pode variar desde quadros leves e autolimitados, como nas infecções virais, até formas mais graves que requerem tratamento específico, como na rinossinusite bacteriana. Confira abaixo os aspectos essenciais dessa doença, desde sua fisiopatologia e epidemiologia até diagnóstico e manejo clínico, com ênfase na abordagem prática e no uso racional de terapias.

A lavagem nasal com solução salina é uma das intervenções mais eficazes no alívio dos sintomas da rinossinusite viral.

Conceito de Rinossinusite

Rinossinusite, também conhecida como sinusite, é uma inflamação que acomete os seios paranasais e a mucosa nasal, frequentemente associada a infecções ou condições inflamatórias. Esse processo ocorre devido à obstrução dos óstios sinusais, resultando no acúmulo de secreções que favorecem a proliferação de agentes infecciosos, como vírus, bactérias ou, mais raramente, fungos.

Fisiopatologia da Rinossinusite

A rinossinusite é caracterizada por uma sequência de eventos inflamatórios e infecciosos que resultam na disfunção dos seios paranasais. A condição geralmente inicia-se com uma infecção viral das vias aéreas superiores, como o resfriado comum, que leva ao edema da mucosa nasal e à obstrução dos óstios sinusais, prejudicando a drenagem normal das secreções.

O bloqueio dos óstios favorece o acúmulo de muco nos seios paranasais, criando um ambiente propício para o crescimento bacteriano ou, em casos raros, fúngico. A disfunção do sistema mucociliar, que normalmente auxilia na remoção de secreções, intensifica o problema, agravando o processo inflamatório. Além disso, a produção de mediadores inflamatórios, como histamina e prostaglandinas, contribui para o espessamento das secreções e a perpetuação da inflamação.

Epidemiologia e Fatores de Risco da Rinossinusite

A rinossinusite é uma condição altamente prevalente em todo o mundo, representando uma das principais causas de consultas médicas em diferentes faixas etárias. Anualmente, cerca de 15% da população apresenta sintomas relacionados à doença, com maior incidência em adultos entre 25 e 64 anos e crianças menores de 15 anos. A condição é responsável por elevados custos em saúde, principalmente devido ao uso de antibióticos, absenteísmo e, em casos mais graves, complicações que requerem hospitalização.

A etiologia da rinossinusite pode variar. Enquanto a maioria dos casos agudos é causada por vírus, as formas bacterianas costumam surgir como complicações, especialmente quando os sintomas persistem por mais de 10 dias ou pioram após uma breve melhora. Em pacientes imunocomprometidos, a infecção fúngica pode ser observada, embora seja menos comum. 

Além disso, fatores como alergias, desvios septais, polipose nasal e exposição a irritantes ambientais, como fumaça de cigarro, podem predispor ao desenvolvimento da condição, exacerbando a inflamação e dificultando a drenagem das secreções sinusais.

Quadro Clínico da Rinossinusite 

Sintomas Principais 

  • Congestão nasal: presente na maioria dos casos, acompanhada por sensação de pressão ou peso facial. 
  • Secreção nasal: pode ser hialina nos casos virais e mucopurulenta nas formas bacterianas. 
  • Rinorreia posterior também é comum, causando desconforto na garganta. 
  • Dor ou pressão facial: localizada sobre os seios acometidos, piora com a palpação ou movimentos bruscos, como abaixar a cabeça. 
  • Febre: mais comum e intensa em infecções bacterianas, geralmente acima de 38,5 °C.

Diferenciação Clínica 

  1. Rinossinusite viral: sintomas geralmente leves, que duram de 7 a 10 dias, com melhora progressiva. Não há necessidade de antibióticos. 
  1. Rinossinusite bacteriana: caracteriza-se por sintomas persistentes por mais de 10 dias, piora após melhora inicial (dupla piora) ou febre alta associada a secreção purulenta e dor facial intensa. É indicada antibioticoterapia nesses casos. 
  1. Rinossinusite crônica: apresenta sintomas semelhantes aos quadros agudos, porém persistem por mais de 12 semanas. Dor e febre são menos comuns.

Diagnóstico da Rinossinusite 

O diagnóstico de rinossinusite é predominantemente clínico, baseado na história do paciente e na identificação de sinais e sintomas característicos. A presença de pelo menos dois sintomas principais, como congestão nasal, dor ou pressão facial e secreção nasal (anterior ou posterior), é suficiente para sugerir o diagnóstico. A evolução dos sintomas ao longo do tempo é essencial para diferenciar entre as etiologias viral e bacteriana.

A rinoscopia anterior pode revelar sinais de inflamação, como edema e hiperemia da mucosa nasal, além de secreção mucopurulenta. A palpação dos seios paranasais pode identificar sensibilidade ou dor localizada, especialmente nos seios maxilares e frontais. Em ambientes com recursos limitados, a transiluminação dos seios paranasais pode ser utilizada, embora sua sensibilidade seja baixa. A presença de opacificação ou diminuição da luminosidade pode sugerir obstrução ou acúmulo de secreções.

Tratamento da Rinossinusite 

Tratamento da Rinossinusite Viral 

A rinossinusite viral é uma condição autolimitada, e o tratamento visa apenas aliviar os sintomas. A lavagem nasal com solução salina é a principal medida terapêutica, ajudando a limpar as secreções e melhorar a respiração nasal. Analgésicos e antitérmicos, como paracetamol ou ibuprofeno, podem ser utilizados para aliviar a dor facial, cefaleia ou febre. Além disso, a hidratação adequada e o descanso são recomendados para acelerar a recuperação. O uso de descongestionantes tópicos, corticosteroides intranasais e anti-histamínicos não é indicado, pois não trazem benefícios comprovados e podem causar efeitos adversos.

Tratamento da Rinossinusite Bacteriana 

O manejo da rinossinusite bacteriana depende da gravidade dos sintomas. Casos leves podem ser tratados com medidas sintomáticas semelhantes às da rinossinusite viral, já que uma proporção significativa melhora espontaneamente. No entanto, a antibioticoterapia é indicada em casos moderados a graves, baseando-se nos seguintes critérios: 

  • Primeira linha de tratamento: amoxicilina ou amoxicilina-clavulanato por 5 a 7 dias em adultos e 10 a 14 dias em crianças. 
  • Alergia à penicilina: cefalosporinas de segunda geração (cefuroxima) ou doxiciclina são alternativas eficazes. 
  • Casos graves ou falha terapêutica inicial: amoxicilina-clavulanato em doses elevadas ou antibióticos de espectro mais amplo, como levofloxacina, podem ser necessários. 

A resposta ao tratamento deve ser monitorada, e a ausência de melhora após 48 a 72 horas pode requerer ajustes no regime terapêutico.

Tratamento da Rinossinusite Crônica 

A abordagem da rinossinusite crônica envolve o controle da inflamação e a restauração da drenagem normal dos seios paranasais. Corticosteroides intranasais são a base do tratamento, reduzindo o processo inflamatório e prevenindo recorrências. Lavagens nasais frequentes com solução salina isotônica também são fundamentais para manter as vias aéreas limpas. Em casos de infecções bacterianas persistentes, antibióticos de longo prazo podem ser utilizados, sempre com acompanhamento médico. 

Quando o tratamento clínico não é suficiente, a cirurgia endoscópica funcional dos seios paranasais (FESS) pode ser indicada. Esse procedimento visa corrigir alterações anatômicas ou melhorar a ventilação dos seios, promovendo alívio dos sintomas.

Cai na Prova 

Acompanhe comigo uma questão sobre o tema (disponível no banco de questões do Estratégia MED): 

(SP – INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL – IAMSPE – 2024) Um paciente de 1 ano com quadro de irritabilidade, rinorreia hialina, tosse e febre há 1 dia, é atendido no ambulatório de pediatria. À otoscopia, o paciente apresenta discreta hiperemia na membrana timpânica direita, sem opacificação ou abaulamento. A oroscopia é normal. No contexto desse quadro apresentado, assinale a alternativa correta. 

A) Deve-se iniciar antibiótico de amplo espectro, associado a um inibidor de betalactamase. 

B) Deve-se iniciar antibiótico de amplo espectro, sem um inibidor de betalactamase. 

C) A melhor conduta é expectante, com analgesia por via oral, com reavaliação em 48 horas. 

D) Deve-se iniciar antibiótico bacteriostático. 

E) Deve-se iniciar corticoterapia oral associada a anti-histamínico de segunda geração.

Comentário da Equipe EMED 

O diagnóstico é feito de forma clínica, por meio da associação dos sinais e sintomas descritos acima, associados à evolução da doença. Baseado na ilustração apresentada no texto anterior, vemos que apenas 1 dia de evolução com os sintomas descritos é diagnóstico de rinossinusite de etiologia viral, sendo o tratamento apenas com sintomáticos, nesse caso, a analgesia, e reavaliação para verificar a evolução, sendo correta a alternativa “C”. É importante também adicionar a lavagem nasal com solução salina, que não foi descrita nesta alternativa. 

Incorreta as alternativas A, B e D. Para justificar o uso de antibiótico, seria necessária a persistência de sintomas por mais de 10 a 12 dias ou piora após o quinto dia. 

Incorreta a alternativa E. Neste caso, temos febre, sintoma agudo (apenas um dia), sem descrição de recorrência, sendo compatível com resfriado/rinossinusite viral, e não com rinite alérgica. Por isso, não existe indicação do uso de anti-histamínicos nem corticoide.

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Referências Bibliográficas 

  1. PAIVA, Diógenes. Infecções de Vias Aéreas Superiores – Parte 3. Estratégia MED, 2024. Disponível em: https://www.estrategiamed.com. Acesso em: 23 dez. 2024. 
  1. BATTISTI, Amanda S.; MODI, Pranav; PANGIA, Jon. Sinusitis. StatPearls. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2024 Jan-. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK470383/. Acesso em: 23 dez. 2024.
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