Resumo de Tricotilomania: quadro clínico, diagnóstico e mais!

Resumo de Tricotilomania: quadro clínico, diagnóstico e mais!

Olá, meu Doutor e minha Doutora! Em 1889 o dermatologista francês François Henri Hallopeau percebeu o comportamento de um jovem que arrancava os pelos do corpo e o cabelo descontroladamente. Esse transtorno passou a ser chamado de Tricotilomania.

Vem com o Estratégia MED entender as características dessa condição e como abordar e tratar o paciente com esse transtorno.  

O que é a Tricotilomania 

A tricotilomania (transtorno de arrancar o cabelo) está caracterizada pelo comportamento recorrente de arrancar os próprios cabelos, resultando em perda de cabelo e tentativas repetidas de reduzir ou parar de arrancá-los. A palavra tricotilomania é derivada do grego “Thrix” que significa “cabelo”, “Tillein” que significa “arrancar” e “Mania” que se refere ao estado mental, caracterizado por um desejo excessivo ou compulsão.

Epidemiologia da Tricotilomania 

A prevalência exata da tricotilomania pode variar de acordo com diferentes estudos e populações analisadas. No entanto, estima-se que a tricotilomania afete ao longo da vida cerca de 0,6% e 4% da população em geral. Confira algumas informações importantes sobre a epidemiologia da tricotilomania: 

  • Início: A tricotilomania pode começar em qualquer fase da vida, sendo mais prevalente na infância ou adolescência, por volta dos 9 a 13 anos.
  • Sexo: O sexo feminino é mais afetado que o masculino, em uma razão de aproximadamente 10:1, que pode ser explicada pelo fato da melhor aceitação do homem a queda de cabelo ou pela demora em buscar ajuda médica. 

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Fisiopatologia da Tricotilomania 

A fisiopatologia da tricotilomania ainda não é totalmente compreendida, mas alguns fatores podem explicar a prevalência da doença: 

  1. Genética: estudos de famílias e gêmeos indicaram que pode haver um fator genético que aumente a vulnerabilidade ao desenvolvimento da tricotilomania.
  2. Comorbidades: o transtorno é mais comum em indivíduos com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) e em seus parentes de primeiro grau do que na população em geral. Outras comorbidades envolvidas são depressão maior, ansiedade generalizada, abuso de álcool, abuso de outras substâncias e fobias simples.
  1. Neurotransmissores: Alterações nos neurotransmissores, como por exemplo serotonina, dopamina, noradrenalina e glutamato, podem estar envolvidos na tricotilomania. As desregulações pode estar relacionadas à dificuldade em controlar os impulsos.

Quadro Clínico da Tricotilomania 

Anamnese

Os pacientes com tricotilomania (TTM) relatam arrancar o próprio pelo de forma recorrente, repetidas tentativas de reduzir ou parar o ato e sofrimento significativo (sensação de perda de controle, constrangimento e vergonha) na vida social, profissional, academia, lazer ou em outras áreas importantes na vida. Além disso, os pacientes podem relatar alguns comportamentos adicionais, como morder e ingerir os pelos (tricofagia)

Exame físico

No exame físico podemos notar os locais mais comumente afetados: couro cabeludo, sobrancelhas e cílios, gerando áreas de alopecia. Podemos notar comprimentos diferentes entre os fios devido ao comportamento em momentos diferentes. 

Áreas de alopecia em paciente com tricotilomania. Fonte: Medescape 
Perda da sobrancelha devido à tricotilomania. Fonte: Medescape 

Diagnóstico da Tricotilomania 

O diagnóstico da tricotilomania está definido pelo manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5)

  • Arrancar o próprio cabelo de forma recorrente, resultando em perda de cabelo; 
  • Tentativas repetidas de reduzir ou parar o comportamento de arrancar o cabelo;
  • O ato de arrancar cabelo causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo;
  • O ato de arrancar cabelo ou a perda de cabelo não se deve a outra condição médica (p. ex., uma condição dermatológica); e
  • O ato de arrancar cabelo não é mais bem explicado pelos sintomas de outro transtorno mental (p. ex., tentativas de melhorar um defeito ou falha percebidos na aparência, como no transtorno dismórfico corporal). 

Diagnóstico Diferencial da Tricotilomania 

Tratamento da Tricotilomania 

O tratamento da tricotilomania combina intervenções psicológicas, técnicas comportamentais e terapia medicamentosa: 

  • Intervenções psicológicas: o encaminhamento psiquiátrico é recomendado a todos os pacientes com tricotilomania para melhor acolhimento e acompanhamento. 
  • Técnicas comportamentais: podemos usar uma variedade de técnicas comportamentais no tratamento do paciente com tricotilomania. As principais técnicas são: treinamento da reversão de hábito (TRH), terapia cognitivo-comportamental (TCC) e terapia comportamental (TC).
  • Terapia farmacológica: as técnicas comportamentais são preferíveis a terapia farmacológica, mas podemos utilizar algumas estratégias fotofarmacológicas em conjunto no tratamento. Os medicamentos mais descritos são a clomipramina, memantina e inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS).
  • Apoio familiar e outros grupos de apoio podem ser usados como estratégia para enfrentamento dessa condição. 

“A persistência é o caminho do êxito.”

– Charles Chaplin

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Veja também: 

Referências Bibliográficas 

  1. KyungHwa Park, K., & Koo, J. (2023). Skin picking (excoriation) disorder and related disorders. In Erik Stratman (Ed.), UpToDate.
  1. Toledo EL, et al. Tricotilomania. / Rev Psiq Clín. 2010;37(6):251-9
  1. Dirk M Elston. Trichotillomania. Medscape. 2019
  1. American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (5th ed.). 2013
  1. Katharine Anne Phillips. Tricotilomania. Manual MSD. 2021
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