Resumo de tumores neuroendócrinos: diagnóstico, tratamento e mais!

Resumo de tumores neuroendócrinos: diagnóstico, tratamento e mais!

Os tumores neuroendócrinos são neoplasias raras e que apresentam nomenclaturas e classificações com diversas variações ao longo do tempo. A consciência dessa entidade heterogênea pode reduzir o atraso no diagnóstico e facilitar o correto manejo, visto que as opções de tratamento estão se expandindo. Por este motivo, confira agora alguns aspectos importantes referente a este tema. 

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Seu tempo é precioso e sabemos disso. Se for muito escasso neste momento, veja abaixo os principais tópicos referentes à tumores neuroendócrinos.

  • É um tipo de tumor relativamente raro, marcado por características semelhantes a neurônios serotoninérgicos, ao mesmo tempo que sintetizam e secretam monoaminas e hormônios. 
  • A maioria localiza-se no trato gastrointestinal (55%) e sistema broncopulmonar (30%).
  • A síndrome carcinoide é caracterizada por rubor, diarreia e doença cardíaca valvular, que ocorre quando os hormônios produzidos pelos NETs atingem a circulação sistêmica. 
  • Para doença localizada, a ressecção cirúrgica com margem negativa e linfadenectomia adequada é a modalidade de tratamento curativo. 
  • Para os TNEs metastáticos, os análogos da somatostatina são a base do tratamento.

Definição da doença

Os tumores neuroendócrinos (TNE) são crescimentos malignos que surgem a partir de células neuroendócrinas. Representam, na verdade, um grupo heterogêneo de malignidades com uma histologia variada. 

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Epidemiologia e classificação dos tumores neuroendócrinos

É um tipo de tumor relativamente raro e heterogêneo, compreendendo menos de 2% de todas as malignidades, com uma prevalência inferior a 200.000 nos Estados Unidos. 

Em uma série de 13.715 TNEs do “Surveillance, Epidemiology and End Results” (SEER), dos 11.427 casos de TNE tratados entre 1973 e 1997, a maioria localizava-se no trato gastrointestinal (55%) e sistema broncopulmonar (30%). O pâncreas é o terceiro sítio mais comum (9%), mas também pode se desenvolver em muitos outros órgãos, incluindo mama, próstata, timo e pele. 

Em 2010, a Organização Mundial da Saúde (OMS) redefiniu todo o grupo de tumores neuroendócrinos. Eles foram subdivididos de acordo com sua contagem mitótica ou índice Ki67 associado à proliferação celular: 

NotaContagem mitótica (por 10 HPFs)Índice Ki-67, %
Grau 1<2<2
Grau 22-20>2-20
Grau 3>20>20
Classificação OMS dos tumores neuroendócrinos

Em geral, tumores de baixo grau (graus 1 e 2) são bem diferenciados e tumores de alto grau (grau 3) são pouco diferenciados. 

Genética e patogênese

O termo “neuro” baseia-se na identificação de grânulos de núcleo denso (GNDs) semelhantes aos GNDs presentes em neurônios serotoninérgicos, que armazenam monoaminas. A propriedade “endócrina” refere-se à síntese e secreção dessas monoaminas e hormônios. 

Entretanto, além da serotonina e monoaminas (histamina, dopamina, etc.), as células TNEs são capazes de sintetizar e armazenar aproximadamente 40 produtos pertencentes a diversas famílias moleculares, incluindo peptídeos hormonais, como somatostatina, ACTH, GH, gastrina, glucagon e outros. 

A maioria das TNEs ocorrem de maneira esporádica, mas as síndromes hereditárias que se predispõem a ela incluem neoplasia endócrina múltipla tipo 1 (MEN-1), MEN-2, síndrome de von Hippel-Lindau (VHL), neurofibromatose e esclerose tuberosa.  

Manifestações clínicas dos tumores neuroendócrinos

Os tumores neuroendócrinos podem ser assintomáticos e achados incidentais. Quando há sintomas, relacionam-se com os hormônios secretados se estes forem funcionais. Os sinais e sintomas de acordo com o órgão e hormônio secretado são descritos abaixo:

Tumorlocalização do tumorHormônioSintomas e sinaisSíndrome
Carcinoide atípicoIntestino anterior5-HTP, histaminaPrurido, pápulas cutâneas, broncoespasmoCarcinoide atípico
CarcinoideIntestino delgado, pulmão (< 5%), * pâncreas (< 1%) *Serotonina, taquicinina, prostaglandinasRubor, diarreia, doença valvar, broncoespasmoCarcinoide
InsulinomaCélulas β pancreáticasInsulina, pró-insulinaSintomas de hipoglicemiaTríade de Whipple
GastrinomaGastrinoma triangular GastrinaDiarreia, úlcera pépticaZollinger-Ellison
GlucagonomaCélulas α pancreáticasGlucagonDiabetes, trombose venosa profunda, depressão, dermatite (eritema migratório necrolítico)Síndrome 4D
SomatostatinomaCélulas δ pancreáticasSomatostatinaDiabetes, colelitíase, esteatorreia, perda de peso, acloridriaSomatostatinoma
VIPomaCélulas não-β das ilhotasPeptídeo intestinal vasoativoDiarreia aquosa (profusa), hipocalemia, acloridriaVerner-Morrison (síndrome WDHA)
ACTHomaPulmão (4%) *ACTHRedistribuição de gordura/obesidade, pletora facial, atrofia da pele/fácil formação de hematomas/estrias, miopatia proximal, hiperglicemia
Sinais e sintomas de acordo com o órgão e hormônio secretado

Os tumores de TGI podem causar fibrose extensa, que resulta em dor abdominal recorrente secundária à obstrução do intestino delgado ou isquemia mesentérica. Os de origem pulmonar tendem a se apresentar com lesões de localização central que podem resultar em obstrução brônquica, pneumonia obstrutiva recorrente, tosse e hemoptise. Além disso, TNEs broncopulmonares podem ser uma fonte de produção ectópica de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). 

#Ponto importante: A presença da síndrome carcinoide resultante da hipersecreção de aminas e peptídeos geralmente facilita o diagnóstico de TNE. Esta síndrome é caracterizada por rubor, diarreia e doença cardíaca valvular, e ocorre quando os hormônios produzidos pelos NETs atingem a circulação sistêmica. Isso acontece mais comumente após o desenvolvimento de metástases hepáticas, permitindo o desvio do metabolismo hepático que pode inativar os hormônios.  

Diagnóstico dos tumores neuroendócrinos

A obtenção de tecido para testes de patologia é obrigatória para o diagnóstico de TNEs. A cromogranina A é o biomarcador diagnóstico de escolha e possui alta sensibilidade (53%–91%), porém baixa especificidade (< 50%). Marcadores de proliferação celular como Ki-67 e a expressão de p53 são também sinais de agressividade do tumor.  

É recomendável que os pacientes com suspeita de TNE sejam estadiados com TCs de tórax, abdome e pelve e consideração de uma RM do fígado ou pâncreas nos casos em que é necessária uma definição mais detalhada.

Tratamento de tumores neuroendócrinos

Para doença localizada, a ressecção cirúrgica com margem negativa e linfadenectomia adequada é a modalidade de tratamento curativo até o momento. 

Por mais que nenhuma terapia adjuvante provou melhorar a cura após a cirurgia para TNEs, diretrizes internacionais recomendam que a quimioterapia adjuvante à base de platina seja considerada para pacientes com cânceres pouco diferenciados totalmente ressecados.

Para os TNEs metastáticos, os análogos da somatostatina são a base do tratamento. A octreotida e lanreotida são as duas preparações de análogos de somatostatina de ação prolongada disponíveis atualmente. 

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Veja também:

Referências bibliográficas:

  • Nicole Almeida de Alencar Araújo e cols. Tumores neuroendócrinos: revisão de literatura. – Perspectivas Médicas, 23(1): 35-41, jan./jun. 2012. DOI: 10.6006/perspectmed.2012.0601127466440334
  • Oronsky B, Ma PC, Morgensztern D, Carter CA. Nothing But NET: A Review of Neuroendocrine Tumors and Carcinomas. Neoplasia. 2017 Dec;19(12):991-1002. doi: 10.1016/j.neo.2017.09.002. https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5678742/
  • Raphael MJ, Chan DL, Law C, Singh S. Principles of diagnosis and management of neuroendocrine tumours. CMAJ. 2017 Mar 13;189(10):E398-E404. doi: 10.1503/cmaj.160771.https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5359105/
  • Crédito da imagem em destaque: Pexels
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